sábado, 20 de outubro de 2012

Mau humor de segunda-feira é mito.

O estado de ânimo do primeiro dia de trabalho não é diferente do restante da semana.


A sensação de tristeza atribuída às segundas-feiras não passa de folclore, afirmam psicólogos da Universidade Stony Brook, em Nova York, que analisaram as respostas de 340 mil americanos a um questionário. O estado de humor do primeiro dia de trabalho da semana (pelo menos para a maioria das pessoas) não é muito diferente do da terça, quarta e quinta, conforme os autores da pesquisa relataram no Journal of Positive Psychology.

“O popular ódio às segundas-feiras vem do contraste com a percepção do fim de semana. Sábado, domingo e, especialmente, a sexta-feira são dias que evocam um ‘sentimento especial’ para a maioria dos entrevistados, o que pode ser interpretado como expectativa de descanso das preocupações e estresse geralmente associados ao restante da semana”, explica o psicólogo Arthur Stone, coordenador da análise. Os dados também desmentem a “segunda-feira triste”, como é conhecida a última segunda de janeiro em países do hemisfério norte, considerada o dia mais deprimente do ano na cultura popular.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/mau_humor_de_segunda-feira_e_mito.html

"Deficientes Direcionais"




Como fundador e instrutor-chefe da auto-escola Driving In a New America, Inc., o sr. Lenz frequentemente se acha sentado ao lado de um motorista adolescente quando ocorre o seguinte:

"Eu digo a eles, "Vamos virar à direita aqui", e eles ligam a seta para a esquerda; então eu digo, "Não, vire à direita", e eles então dizem "Certo", e deixam a seta para a esquerda ligada.
"Na semana passada, eu disse a uma aluna "OK, vamos tomar a segunda à direita aqui", e ela virou direto à esquerda e entrou num estacionamento."

Pode ser que os adolescentes lutem para entender a diferença entre direita e esquerda por causa do estresse de aprender a dirigir, mas eles não estão sós. Milhões de adultos ao redor do mundo permanecerão "deficientes direcionais" por todas as suas vidas. Para eles, uma habilidade que a maioria das pessoas adquire já aos 12 anos de idade será sempre uma tarefa complicada.

Estudos mostram que, em geral, as mulheres têm mais dificuldade com essa tarefa do que os homens. Outros estudos mostram que os canhotos têm mais dificuldade em discriminar direita e esquerda. Outros estudos dizem o oposto. Quanto ao que ocorre no cérebro de pessoas direcionalmente deficientes, há diversas teorias interessantes, mas nenhuma resposta definitiva.

Entre as poucas pessoas que estudaram o assunto recentemente está Sonja Ofte, da Universidade de Bergen, na Noruega. Ela pediu a alunos do segundo grau que olhassem figuras esquemáticas de humanos de frente ou de costas, com os braços em diferentes posições e lhes pediu que identificassem a mão direita e a esquerda de cada figura. Nesse teste, os homens se saíram bem melhor do que as mulheres, e os homens canhotos melhor do que os destros.

Fonte: http://sadato.hypermart.net/weblog/2006/05/

O que há de novo para combater a dor.

Especialistas desenvolvem tratamentos médicos e psicológicos para amenizar o drama vivido por 40 milhões de brasileiros.


Imagine que, cozinhando, você encosta distraidamente o antebraço em uma chaleira com água fervente que está sobre uma das bocas do fogão. Certamente a incômoda sensação de que sua pele está queimando fará com que se afaste da panela em menos de um segundo. Esse curto espaço de tempo foi suficiente para que o estímulo captado pelas terminações sensoriais da derme percorresse um intrincado caminho até o cérebro, onde foi interpretado como ameaça a seu corpo. Esse processo é chamado de nocicepção.

Se os terminais sensoriais detectam um estímulo agressivo, como o calor excessivo de uma superfície, transformam-no em impulsos elétricos que são levados até a medula, onde há interneurônios, ou neurônios de associação, que modulam a transmissão do estímulo – determinam, por exemplo, a intensidade do sinal doloroso que será enviado para o cérebro, onde áreas relacionadas à dor serão acionadas, como o tálamo e o córtex, envolvidos na percepção da sensação; o córtex pré-frontal, que toma decisões como afastar o braço; o hipotálamo, que aciona reações físicas, como aceleração dos batimentos cardíacos; o tronco encefálico, que nos coloca em estado de alerta; o sistema supressor endógeno, que libera serotonina e endorfinas, opioides produzidos pelo próprio organismo para combater a sensação desagradável. Assim funciona a dor aguda, um sinal saudável de que algo agrediu nosso organismo. Ela costuma cessar logo que o estímulo cessa ou quando tratamos o problema orgânico que a causa.

Entretanto, na dor crônica, a resposta neural à dor persiste mesmo quando a causa inicial é tratada. Considerada um fenômeno de má adaptação, ela pode ocorrer por deficiência tanto do mecanismo de percepção como o de inibição da propagação do impulso elétrico doloroso: diante de sinais gerados repetidamente, os circuitos neurológicos podem se alterar quimicamente, tornando-se mais sensíveis aos estímulos de dor ou mais resistentes ao sistema inibitório.

Há várias teorias sobre o funcionamento da dor crônica, mas a ciência ainda não consegue explicar por que ela surge. A dor crônica não é um prolongamento da aguda. Especialistas afirmam que os dois tipos são muito diferentes – enquanto a primeira é uma espécie de alarme que acaba quando o problema é resolvido, a segunda é muito semelhante, de acordo com estudos recentes, a processos neuroquímicos da memória, como se uma “recordação dolorosa” fosse inscrita no organismo e acessada periodicamente.

Talvez um dos maiores impedimentos para o alívio, ou mesmo para a cura, da dor crônica seja o mito de que não há tratamento. A medicina conta com remédios, novas técnicas cirúrgicas e também com tecnologias menos invasivas para atenuar a dor e possibilitar que o paciente tenha melhor qualidade de vida. Combinadas com psicoterapia e terapias complementares, como relaxamento, condicionamento físico e fisioterapia, elas trazem novas esperanças para quem sofre.

Algumas dores crônicas não respondem tão bem ao tratamento com medicamentos, como as neuropáticas – hipersensibilidade das vias de transmissão do impulso doloroso, que pode ser causada pelo herpes-zóster, por infecção por HIV ou derrame vascular cerebral, entre outros fatores. Para esses casos, uma tecnologia pouco agressiva, o neuroestimulador medular (NM), tem revelado bons resultados. “O aparelho implantado na coluna vertebral envia sinais elétricos que interferem na transmissão da dor”, explica o neurocirurgião Eduardo Barreto, doutor em medicina pela Universidade Benjamin Franklin, em Berlim. Outro recurso, não invasivo, é a estimulação magnética transcraniana, estudada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP): eletrodos colocados sobre a cabeça aplicam ondas eletromagnéticas no cérebro e estimulam áreas envolvidas no processamento da dor. Validada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em maio, ela é usada no tratamento de depressão e na avaliação da resposta do paciente a um futuro implante neurocirúrgico.

A DOR É UM DOS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELOS PACIENTES QUE MAIS AFLIGEM OS MÉDICOS E QUE É SEMPRE TEMA DE DISCUSSÃO EM VÁRIAS ESPECIALIDADES. PARA OS NEUROLOGISTAS, TRATA-SE DE UM TEMA SEMPRE PRESENTE; A CLASSIFICAÇÃO DA DOR FICA PRINCIPALMENTE A CARGO DE SEU TEMPO DE EVOLUÇÃO. O NEUROESTIMULADOR MEDULAR, IMPLANTADO NA MEDULA ESPINHAL ATUA LIBERANDO SUBSTÂNCIAS QUE ALTERAM A TRANSMISSÃO E A PERCEPÇÃO DA DOR, FAZENDO SEU BLOQUEIO.
SEGUE AQUI UMA SÉRIE DE LINKS PARA O LEITOR SE INFORMAR MELHOR SOBRE O TEMA DA DOR CRÔNICA E SOBRE O USO DO NEUROESTIMULADOR MEDULAR. BOA LEITURA!

http://autoimunes.blogspot.com.br/2008/08/neuroestimulador-medular.html

Avaliação do custo do medicamento para tratamento ambulatorial de pacientes com dor crônica.

Funcionamento do Neuroestimulador Medular

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/o_que_ha_de_novo_para_combater_a_dor.html
http://autoimunes.blogspot.com.br/2008/08/neuroestimulador-medular.html
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942010000400007&lang=pt
http://www.youtube.com/watch?v=gNuLJSh99uU

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Destros associam lado direito com bom e esquerdo com mau.

Lateralidade pode influir de forma inconsciente em nossas escolhas.


Ser destro ou canhoto significa mais que usar os membros do lado direito ou esquerdo do corpo com mais ou menos habilidade. Essa predominância pode influir de forma inconsciente em nossas escolhas, segundo a teoria da cognição incorporada – de acordo com essa hipótese, considerada por cientistas cognitivos de várias universidades, as ideias abstratas partem de experiências físicas do mundo externo.

O psicólogo Daniel Casasanto, da Nova Escola de Pesquisa Social, em Nova York, analisou escolhas de voluntários em várias situações – quais objetos ou imagens preferiam, ou mesmo candidatos a vagas de emprego com que simpatizavam mais – e descobriu que os destros tendiam a associar características positivas a pessoas ou coisas que se encontravam a seu lado direito; com os canhotos, ocorre o oposto. Em outro estudo, Casasanto também observou que políticos costumam gesticular com a mão de seu lado dominante ao se promoverem, por exemplo, e com a outra ao rebaterem críticas ou se justificarem.



Em 2011, o psicólogo colocou em xeque a teoria de que a lateralidade é determinada geneticamente. Ele pediu a voluntários que jogassem dominó usando uma luva grossa e desconfortável em sua mão dominante e depois que escolhessem objetos e opinassem sobre pessoas. Descobriu que eles preferiram o que ou quem estava do lado de sua mão livre. E essa tendência já pode ser observada em crianças de 6 anos, como Casasanto relatou em artigo publicado na Cognitive Science. Ele e sua equipe perguntaram a elas que animais, entre desenhos apresentados aos pares, pareciam mais simpáticos ou mais espertos. Os destros quase sempre escolheram as imagens à direita, e os canhotos, as da esquerda. Também escolheram guardar seus brinquedos preferidos em caixas posicionadas a seu lado dominante. “Nosso pensamento é influenciado por interações com o mundo físico que nem imaginamos”, diz o psicólogo.

MUITOS SÃO OS RELATOS DE MAUS TRATOS COM OS CANHOTOS, DESDE A IDADE MÉDIA ATÉ TEMPOS MODERNOS. SÃO INÚMERAS AS ASSOCIAÇÕES DO USO DA MÃO ESQUERDA COM O ERRADO, CONTRA DEUS, JÁ QUE ESSAS PESSOAS ERAM CONSIDERADAS PRATICANTES DA BRUXARIA OU HEREGES. NO BRASIL, UMA SOCIEDADE DOS CANHOTOS CONSEGUIU APOIO PARA ESTABELECER UMA COTA MÍNIMA DE CARTEIRAS PARA CANHOTOS NAS ESCOLAS. MUITAS CRIANÇAS FORAM OBRIGADAS A APRENDER A USAR A MÃO DIREITA, O QUE CAUSAVA UMA CRISE PSICOLÓGICA, MUITAS VEZES, DE CONSIDERÁVEL IMPORTÂNCIA. PORÉM, ALGUMAS VEZES, OS CANHOTOS SÃO RETRATADOS COM DESTAQUE. NO CINEMA, POR EXEMPLO, O PUGILISTA ROCK, INTERPRETADO POR SILVESTER STALONE É CANHOTO, SENDO ESTA UMA VANTAGEM EM RELAÇÃO AOS SEUS ADVERSÁRIOS. O DESENHO MUPETS MOSTRA OS PERSONAGENS CANHOTOS. EXISTE UMA HISTÓRIA DE UMA FAMÍLIA ESCOCESA DO SÉCULO XVI, OS KERR, FORMADOS NA MAIORIA POR CANHOTOS, QUE, NUMA ESTRATÉGIA DE GUERRA CONSTRUÍRAM AS ESCADAS DE SEU CASTELO TORCIDAS PARA A ESQUERDA (FUGINDO DO PADRÃO HABITUAL)E PODENDO ASSIM GOLPEAR OS INVASORES OS PRENSANDO CONTRA A COLUNA CENTRAL DA ESCADA.
SEGUE AQUI UMA SÉRIE DE LINKS SOBRE O ASSUNTO, DESDE CURIOSIDADES ATÉ ARTIGOS SOBRE O CANHOTISMO.

http://super.abril.com.br/saude/canhotos-essa-sofrida-gente-esquerda-438397.shtml

http://bocaberta.org/2010/06/25-fatos-curiosos-sobre-canhotos.html

http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/2698

http://www.scielo.br/pdf/anp/v53n3a/10.pdf

Fontes: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/destros_associam_lado_direito_com_bom_e_esquerdo_com_mau.html
http://super.abril.com.br/saude/canhotos-essa-sofrida-gente-esquerda-438397.shtml
http://bocaberta.org/2010/06/25-fatos-curiosos-sobre-canhotos.html
http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/2698
http://www.scielo.br/pdf/anp/v53n3a/10.pdf

Síndrome de Ekbom ou Síndrome das Pernas Inquietas

A Síndrome das Pernas Inquietas (SPI) é uma sensação incômoda, não dolorosa, dentro das pernas que provoca uma irresistível vontade de mexê-las. Algumas pessoas descrevem-na como: “coceira nos ossos”, “alfinetadas”, “insetos caminhando pelas pernas”, “pernas querendo dançar sozinhas”, “comichão”, “formigamento”, “friagem”. Seja qual for a sensação, ela vem acompanhada por essa urgência para mexer as pernas. Às vezes, pode ser nos braços.



Os sintomas pioram ou só aparecem quando o indivíduo está descansando e desaparecem com movimento. Pioram à noite, especialmente quando o indivíduo se deita. Movimentos dos pés dedos e pernas são vistos quando o indivíduo está sentado ou deitado. Essa inquietação pode ser interpretada erroneamente como nervosismo.

Os sintomas de SPI podem causar dificuldade para adormecer e permanecer dormindo. Aproximadamente 80% das pessoas com SPI têm também movimentos periódicos dos membros durante o sono (PLMS), esses “puxões” acontecem a cada 20-30 segundos durante a noite toda, causam microdespertares que interrompem o sono.

Por causa da dificuldade de dormir e manter-se no sono, as pessoas se sentem cansadas e sonolentas durante o dia, aumentando irritabilidade, inabilidade para lidar com o estresse, depressão, dificuldade para concentração e memória. Por causa da urgência em movimentar as pernas, longas viagens e atividades de lazer são quase impossíveis.

A descrição mais antiga da qual se tem conhecimento é de 1685, pelo neurologista Thomas Willis (Ver biografia anterior), que relatou os sintomas de desconforto nos membros, que interferiam no sono e os pacientes se sentiam como se estivessem numa praça de torturas – Place of Greatest Torture. Segue-se a referência de Wittmack, em 1861, que denominou o quadro clínico como “Anxietas tibiarum” e pela compulsão dos pacientes em se movimentar, em correr, mesmo debilitados, fazia parte da Hysteria. A descrição mais detalhada da SPI data de 1944, numa monografia de Ekbom.

O Grupo Internacional de Estudos da SPI determinou quatro critérios para diagnóstico da moléstia, incluindo ainda outros critérios clínicos que fazem parte do diagnóstico e da caracterização. O tratamento inclui uma série de medidas comportamentais aliadas a uso de fármacos dos grupos dos Agentes dopaminérgicos, Opióides, Benzodiazepínicos e Anticonvulsivantes.

Para um melhor estudo sobre a SPI, segue o link para direcionamento para um artigo muito esclarecedor, onde podemos inclusive entrar em contato com os critérios diagnósticos. Boa leitura.

http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2004/RN%2012%2001/Pages%20from%20RN%2012%2001-2.pdf

Site para consulta: http://www.sindromedaspernasinquietas.com.br/

Fonte: http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2004/RN%2012%2001/Pages%20from%20RN%2012%2001-2.pdf
http://www.sindromedaspernasinquietas.com.br/

Personalidades da História da Medicina: Biografia do Dr. Thomas Willis

Segue abaixo a biografia do Dr. Thomas Willis, que tanto contribuiu para a elucidação da anatomia do SNC.

Thomas Willis



Médico, anatomista e fisiologista inglês (1621-1675), foi professor Sedleiano de Filosofia Natural da Universidade de Oxford, de 1660- 75.

A sua carreira médica teve incício em Westminster (Londres), e depois, de 1660 até à sua morte, na Universidade de Oxford, onde foi titular da cátedra de Filosofia natural. Foi um dos pioneiros da pesquisa neuroanatómica.

Estudou a anatomia do sistema nervoso central e a circulação do sangue (Cerebri Anatome, 1664). Descreveu o "círculo de Willis", um complexo vascular na base do cérebro e descreveu sua função. Usou pela primeira vez o termo "ação reflexa". Foi autor ainda de Pathologiae Cerebri et Nervosi Generis Specimen, 1667 (Patologia do Cérebro e da Matéria Genérica Cerebral) e de De Anima Brutorum, 1672 (Sobre as Almas dos Animais).



Willis tentou aproximar a anatomia, fisiologia e química aos achados clínicos de patologia nervosa da época. Ele foi um membro da escola iatroquímica, que acreditava que a química era a base da função humana, ao invés da mecânica, como se acreditava na época.



Em relação à busca pelos correlatos cerebrais da mente, Willis ampliou os conceitos propostos pelo médico romano Galeno, que o cérebro o órgão responsável pela secreção dos "espíritos animais" (que se pensava originar na placa cribiforme, um osso na base do crânio, que fica cima da cavidade nasal). Willis propôs que o plexo coróide era o responsável pela absorção do fluido cerebroespinhal. Posteriormente, em De Anima Brutorum, ele proôs que o corpo estriado recebe toda a informação sensorial, enquanto que o corpo caloso seria associado com a imaginação e o córtex cerebram com a memória.


Fontes: http://www.cerebromente.org.br/n06/historia/willis.htm
http://www.library.otago.ac.nz/exhibitions/monro/cabinet1/inside4.html

domingo, 14 de outubro de 2012

O mundo de uma garota com autismo.

Adolescente com o transtorno ajuda a criar site que simula suas impressões sensoriais.



Quando a canadense Carly Fleischmann tinha 2 anos, seus pais perceberam que ela se desenvolvia de forma diferente de sua irmã gêmea – não olhava para o rosto das pessoas, gritava com frequência, balançava o corpo para a frente e para trás por horas seguidas e não havia aprendido a falar ou a andar. Pouco depois veio o diagnóstico: uma forma severa de transtorno do espectro autista (TEA). Ela foi submetida a intervenções terapêuticas desde cedo, mas aparentemente apresentava poucos resultados.

No entanto, como conta seu pai, Arthur Fleischmann, aos 11 anos a menina surpreendeu a família e médicos e psicólogos que a acompanhavam: sentou-se um dia na frente do computador e, controlando os braços que insistiam em tremer, digitou as palavras “dor” e “ajuda”. Até então ela nunca havia dito ou escrito nada. Aos poucos, começou a escrever frases completas, lentamente, mas com fluência. “Se eu não bater a cabeça, parece que meu corpo vai explodir! É como se lutasse com meu cérebro o tempo todo”, digitou. Segundo relata, sua mente se sobrecarrega com sons, luz, sabores e aromas.

Hoje, aos 17 anos, Carly ofereceu informações para criar um site que simula a “descarga sensorial” que recebe em situações cotidianas, como ir a uma lanchonete – “Criamos saídas para bloquear a entrada excessiva de informações”, explica sobre alguns movimentos estereotipados de pessoas com autismo, como balançar os braços e girar o corpo.

Ao conferir a página da adolescente – que também escreveu, junto com seu pai, um livro sobre sua história, A voz de Carly (2012, sem edição em português) –, tem-se uma ideia de como eventos simples envolvem uma quantidade desgastante de estímulos para alguém com autismo: www.carlyscafe.com


EXCELENTE SITE E MARAVILHOSA INICIATIVA DE PUBLICAÇÃO DO LIVRO. PARA NÓS, UMA OPORTUNIDADE A MAIS DE COMPREENDERMOS O QUE SE PASSA PELA MENTE DE UMA CRIANÇA COM AUTISMO E DO PORQUE DE TANTOS COMPORTAMENTOS PARTICULARES.
MUITO SOBRE AUTISMO JÁ FOI PUBLICADO NESTE BLOG, E NUNCA É DEMAIS FALAR SOBRE O ASSUNTO, TENDO EM VISTA A INCIDÊNCIA. PORÉM, UM DOS ASPECTOS QUE CHAMARAM A ATENÇÃO EM MEUS ESTUDOS COSTUMEIROS FOI UMA ASSOCIAÇÃO ENTRE A VACINAÇÃO (PRINCIPALMENTE DA VACINA TRÍPLICE OU MMR) E A OCORRÊNCIA DE AUTISMO, COMO SE FOSSE DISPARADO O GATILHO DO AUTISMO POR UM FATOR AMBIENTAL, TAL COMO A EXPOSIÇÃO A UM AGENTE RICO EM MERCÚRIO DAS VACINAS. EXISTEM ATÉ RELATOS DESTA DÚVIDA EM LIVROS COMO O HARRISON, GRANDE REFERÊNCIA DE CLÍNICA MÉDICA PARA OS ESTUDANTES. O FATO É QUE, MESMO COM A GRANDE MAIORIA DOS MÉDICOS NÃO ACREDITANDO NESSA ASSOCIAÇÃO, OS ÍNDICES DE VACINAÇÃO NO REINO UNIDO E OUTROS PAÍSES EUROPEUS CAÍRAM DESDE A DÉCADA DE 90 E AGORA ALGUMAS DOENÇAS COMO SARAMPO ESTÃO TENDO EPIDEMIAS E CAUSANDO INCLUSIVE MORTES POR ESSAS PATOLOGIAS QUE AS VACINAS PROTEGEM. SEGUE AQUI LINKS DE ALGUNS TEXTOS INFORMATIVOS CASO O LEITOR QUEIRA LER ACERCA DO TEMA VACINAÇÃO x AUTISMO.

http://www.revistaautismo.com.br/edic-o-0/pol-mica-entre-vacina-e-autismo-termina-em-cassac-o-de-medico

http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=21970:medico-que-tentou-associar-a-vacina-triplice-viral-mmr-ao-autismo-e-cassado-no-reino-unido&catid=46

http://www.medicinanet.com.br/conteudos/artigos/3241/vacina_contra_sarampo_caxumba_e_rubeola_e_autismo.htm

Fontes: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/o_mundo_de_uma_garota_com_autismo.html
http://www.revistaautismo.com.br/edic-o-0/pol-mica-entre-vacina-e-autismo-termina-em-cassac-o-de-medico
http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=21970:medico-que-tentou-associar-a-vacina-triplice-viral-mmr-ao-autismo-e-cassado-no-reino-unido&catid=46
http://www.medicinanet.com.br/conteudos/artigos/3241/vacina_contra_sarampo_caxumba_e_rubeola_e_autismo.htm

Por que o ócio faz bem ao cérebro.

Desfrutar o tempo livre favorece a criatividade e a capacidade de resolver problemas.



Reservar algumas horas ou minutos do dia para simplesmente fazer nada é um verdadeiro presente para o cérebro, segundo artigo publicado na Perspectives on Psychological Science. A psicóloga e educadora Mary Helen Immordino-Yang, da Universidade do Sul da Califórnia, relata os resultados de pesquisas recentes, que mostram que o descanso da mente, seja fazendo uma caminhada sem horário definido para terminar ou espreguiçando-se no sofá, sonhando acordado, favorece a criatividade e a capacidade de resolver problemas.

Quando a mente se dispersa, a rede neural de modo padrão (DMN, na sigla em inglês), isto é, os circuitos cerebrais que se “desligam” durante tarefas que exigem foco no ambiente externo, se torna mais ativa. Estudos relacionam a DMN à introspecção, a pensamentos internos, à imaginação do futuro, à recuperação espontânea de memórias, à divagação e ao surgimento de soluções criativas. Segundo Mary Helen, a noção de “preencher o tempo” com tarefas de todo tipo – como navegar na internet ou ver TV por horas a fio – atrapalha a dispersão natural do cérebro.


A cultura “antiócio” pode prejudicar principalmente os mais jovens, afirma. “A reflexão, o hábito de olhar para dentro, não é incentivada no ensino tradicional. Ela é essencial para construir memórias e conferir sentido aos acontecimentos, assimilar valores morais e digerir o que foi aprendido”, diz, apontando pesquisas que mostram que crianças motivadas a desfrutar o tempo livre têm menos problemas de ansiedade, melhor desempenho escolar e demonstram mais capacidade de planejar o futuro. “Em vez de ser visto como perda de produtividade, o tempo livre pode ser encarado como oportunidade de reflexão construtiva, o que é essencial para retirar aprendizado de experiências vivenciadas”, diz a psicóloga.

PARTICULARMENTE, E COM UMA MODÉSTIA MAIOR DO QUE O NÚMERO DE NEURÔNIOS EM NOSSO CÉREBRO, ACREDITO QUE A PALAVRA ÓCIO (MESMO EMBASADA EM TERMOS DO DICIONÁRIO AURÉLIO, FONTE DE INFORMAÇÃO DAS MAIS CONFIÁVEIS) PODE TRAZER EMBUTIDA UM SENTIDO MUITO PEJORATIVO DO IMPORTANTÍSSIMO TEMPO LIVRE QUE NOSSO CÉREBRO TANTO NECESSITA. NÃO FICARIA MELHOR REDIGIDO O TÍTULO COMO: POR QUE O TEMPO LIVRE FAZ BEM AO CÉREBRO? CADA LEITOR TIRE SUA CONCLUSÃO. MAS ME LEMBRO, LENDO ESSA REPORTAGEM SOBRE O FAMOSO MITO DO AMOLADOR DE MACHADOS. PARA QUEM INTERESSAR (OU NÃO CONHECER) PODE CLICAR AQUI E SABER DO QUE SE TRATA. E VAMOS AMOLAR NOSSOS MACHADOS....DIGO, NOSSOS CÉREBROS.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/por_que_o_ocio_faz_bem_ao_cerebro.html

O NASCIMENTO DA NEUROCIRURGIA BRASILEIRA.

Tem-se abaixo o texto completo de um artigo escrito pelos médicos Sebastião Silva Gusmão e José Gilberto de Souza, que fala sobre o início da neurocirurgia no Brasil. Boa leitura.




RESUMO

Relatam-se a vida profissional dos precursores e pioneiros que possibilitaram o nascimento da neurocirurgia brasileira e a fundação da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.

PALAVRAS-CHAVE

História da neurocirurgia

SUMMARY

This work presents the professional life of the pioneers that founded the neurological surgery in Brazil and the Brazilian Society of Neurosurgery.

KEY WORDS

History of neurosurgery.


INTRODUÇÃO
As intervenções sobre o crânio, executadas até o surgimento da medicina moderna na metade do século XIX, se restringiam quase apenas ao tratamento das fraturas do crânio e à drenagem de possível hematoma extracerebral e de coleções purulentas associadas1,12.
As conquistas essenciais para o desenvolvimento da neurocirurgia moderna foram o avanço da cirurgia geral, especialmente a anestesia (Morton, 1846) e a anti-sepsia (Lister, 1867) e a teoria das localizações cerebrais (Broca, 1861)10. Ela foi estabelecida nas duas últimas décadas do século XIX e primeiras décadas do século XX graças, principalmente, aos pioneiros Victor Horsley (1857-1916) e Harvey Cushing (1864-1939)1,12.
No Brasil, a moderna neurocirurgia nasceu no final da terceira década do século XX graças ao trabalho de devotados precursores e pioneiros11.

PRECURSORES
No Erário Mineral, o quinto livro médico escrito no Brasil, Luis Gomes Ferreyra, que exerceu a medicina nas cidades de Sabará e Vila Rica, em Minas Gerais, descreve a primeira intervenção neurocirúrgica relatada no Brasil18,13,17 (figura 1). Trata-se de trauma cranioencefálico, com fraturas expostas e afundamento ósseo, causado pela queda de galho de árvore sobre a cabeça de um escravo, na região de Sabará, em 1710. Ferreyra retirou os fragmentos ósseos afundados, fez hemostasia, protegeu a falha óssea e aplicou aguardente na ferida, até a cicatrização completa. O paciente recuperou-se, voltando ao trabalho.
Nas três primeiras décadas do século XX os casos de neurotraumatologia e abscessos cerebrais eram operados pelos cirurgiões gerais nos principais centros médicos do país. Augusto Paulino Soares de Souza e Américo Gonçalves Valério apresentaram, em 1922, no Segundo Congresso Brasileiro de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal relatório intitulado A cirurgia nervosa no Brasil16. A quase totalidade dos casos refere-se a trauma e abscesso.
O ensino oficial da neurologia foi inaugurado em 1912, quando da criação a Disciplina de Neurologia, distinta da Psiquiatria, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, sendo designado para a regê-la Antônio Austregésilo Rodrigues Lima (1876 - 1961), que chefiava o Serviço de Neurologia da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro15.
No final da década de 1920, as condições eram propícias para o início da neurocirurgia no Brasil. A neurologia e a cirurgia geral estavam bem estabelecidas em nosso meio, especialmente no Rio de Janeiro, e a neurocirurgia encontrava-se plenamente estabelecida como especialidade com a obra de Cushing. Os primeiros passos foram dados por Brandão Filho e, a seguir, por Alfredo Monteiro, os precursores da neurocirurgia no Brasil.
Augusto Brandão Filho
Augusto Brandão Filho (1881 - 1957) foi professor de Clínica Cirúrgica da Faculdade Nacional de Medicina, da Universidade do Brasil. Exerceu sua atividade cirúrgica no Hospital da Misericórdia, no Rio de Janeiro. Foi um dos mais hábeis cirurgiões de seu tempo e tinha também fino espírito científico.
Foi o primeiro brasileiro a ir além da cirurgia do trauma e tentar o tratamento cirúrgico dos tumores cerebrais. Foi também o pioneiro dos exames neuroradiológicos em nosso país. Foi o primeiro a realizar no Brasil a ventriculografia e a angiografia cerebral. Na realização destes exames contou com a colaboração de dois grandes vultos da medicina. Na ventriculografia foi ajudado por Manoel de Abreu (1894 – 1962), futuro inventor, em 1936, da fotografia da imagem fluoroscópica, conhecida como abreugrafia3. Na angiografia cerebral foi auxiliado pelo próprio inventor do método, Egas Moniz7,2.
No livro Tumores do encéfalo: algumas observações comentadas5 relata seis casos de intervenção sobre o crânio operados no período de 1927 a 1931 e a estes acrescenta um sétimo publicado em 19243. Todos os sete casos foram operados em fase avançada de hipertensão intracraniana e faleceram. A indicação cirúrgica baseava-se apenas no exame neurológico e no exame radiológico simples do crânio. Apenas um caso foi submetido a ventriculografia.
Brandão Filho faz comentários pormenorizados sobre as causas dos erros de localização e sobre o insucesso do tratamento, tendo como base os grandes mestres da neurocirurgia do começo do século XX. Em cinco dos casos expôs o quiasma óptico e em dois a fossa posterior. Em dois casos de exposição do quiasma óptico não foi encontrado o tumor, o qual estava situado em outra região, como ficou demonstrado pela necropsia. A exploração da região do quiasma baseava-se no déficit visual e no exame radiológico simples de crânio que mostrava deformação da sela turca. Brandão Filho, com base nos trabalhos da literatura, identifica a causa do erro como sendo devida a não diferenciação das alterações da sela turca por acometimento primário de tumor hipofisário e por hipertensão intracraniana. Um tumor da fossa posterior, possivelmente neurinoma do acústico, não foi identificado devido a não exposição do ângulo ponto-cerebelar. O sétimo caso, submetido a ventriculografia, tratava-se de hidrocefalia e foi submetido a craniectomia da fossa posterior.
Além da cirurgia dos tumores cerebrais, Brandão Filho realizou também o tratamento cirúrgico da neuralgia do trigêmeo. Relata dois casos, um operado em 1922 e outro em 1923 por meio da secção da raiz sensitiva do trigêmeo4.
Brandão Filho expunha em pormenor a técnica cirúrgica empregada por meio de texto e ilustrações precisos. Em seus comentários demonstrava estar a par dos trabalhos dos grandes mestres da neurocirurgia do começo do século XX. Além do título de « príncipe dos cirurgiões », merece também o de precursor da neurocirurgia no Brasil.
Alfredo Alberto Pereira Monteiro
Alfredo Alberto Pereira Monteiro (1891 - 1961) graduou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1914, obtendo no mesmo ano, com apenas 23 anos, a Livre-docência de anatomia da referida faculdade.
Em 1928, Antônio Austregésilo convoca-o a iniciar a neurocirurgia no Brasil. No mesmo ano, juntamente com seu assistente José Ribe Portugal, inicia esta especialidade, realizando os procedimentos cirúrgicos na Santa Casa do Rio de Janeiro.
Em 1932, é investido na recém criada Cátedra de Neurocirurgia da Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1935, abandona a especialidade e se transfere para a Cátedra de Técnica Operatória e de Cirurgia Experimental.
Apesar de abandonar a especialidade, Alfredo Monteiro foi o primeiro professor de neurocirurgia no Brasil e deu impulso à especialidade, publicando vários trabalhos sobre o assunto. No seu tratado de Técnica Cirúrgica , em três volumes, deu importância destacada às técnicas neurocirúrgicas. Merece, juntamente com Brandão Filho, o título de precursor da neurocirurgia brasileira11.

PIONEIROS
José Ribe Portugal, incentivado por Antônio Austregésilo, e Elyseu Paglioli são os pioneiros da neurocirurgia no Brasil e os criadores das duas primeiras escolas neurocirúrgicas em nosso meio.
Antônio Austregésilo (1876 - 1960), além de pioneiro da neurologia brasileira, indicou o caminho da neurocirurgia a José Ribe Portugal. Em 1928, visita nos Estados Unidos os serviços de Cushing e Frazier. Ficou vivamente impressionado com a neurocirurgia americana e com os métodos precisos de diagnóstico, que naquela época eram a ventriculografia e a pneumoencefalografia, idealizadas por Dandy em 1918.
Imediatamente após seu regresso, faz criar o Serviço de Neurocirurgia. Convoca Alfredo Alberto Pereira Monteiro, brilhante cirurgião-geral e catedrático de anatomia, o qual escolheu para seu assistente José Ribe Portugal que participava como assistente de sua disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental9,14.
José Ribe Portugal
José Ribeiro Portugal (1901 – 1992) (figura 2) graduou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro em 1927 e, no ano seguinte, como prêmio à sua proficiência, é nomeado Professor Assistente da Cadeira de Anatomia desta mesma Faculdade.
Em 1928, inicia com Alfredo Monteiro os primeiros procedimentos cirúrgicos na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Quando Alfredo Monteiro abandona o encargo, Portugal decide dedicar-se completamente à neurocirurgia.
Em 1929, Portugal aos 28 anos de idade, submete-se aos exames para Livre Docência de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro com tese intitulada Contribuição à neurotomia retrogasseriana. O tratamento da neuralgia do trigêmeo foi seu alvo de preocupação durante toda a sua atividade como neurocirurgião.
Em 1930, Portugal foi nomeado assistente extranumerário da Cadeira de Medicina Operatória da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1932, assume a chefia do recém-criado Serviço de Neurocirurgia do Hospital da Ordem Terceira do Carmo, com cem leitos.
No início, Portugal foi um autodidata. Sua prática era guiada pela literatura neurocirúrgica e pela correspondência com os grandes mestres da neurocirurgia da época: Cushing, Frazier e Adson. Persistiu no aprimoramento técnico, cercando-se de aparelhagem e instalações modernas, educou um corpo de auxiliares, ministrando cursos e proferindo conferências.
Em 1930, Portugal passou a freqüentar o Serviço de Manuel Balado (1897 - 1942), em Buenos Aires, em rápidas visitas anuais. Em 1945, visita os serviços de Hohn Scarff, Ingraham, Matson, Grant, Gross e Dandy. Após o Congresso Mundial de Neurocirurgia em Paris, visita os serviços de Olivecrona, Sjokvist, Norman Dott e Jefferson.
Prosseguindo em sua brilhante carreira, Portugal passou a ocupar, mais tarde, a Cátedra de Neurocirurgia na Faculdade de Ciências Médicas do Rio de Janeiro. Em 1965, passou a atuar no serviço do Hospital de Clínicas, do qual se aposentou em 1970.
Foi membro titular e fundador das mais importantes sociedades brasileiras de ciências neurológicas : Academia Brasileira de Neurologia, Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e Academia Brasileira de Neurocirurgia. Foi Membro Emérito da Academia Nacional de Medicina.
É autor de várias publicações neurocirúrgicas, distinguindo-se as que se referem à neuralgia do trigêmeo e aos meningiomas. Foi cirurgião exímio, possuidor de técnica primorosa6,11.
Como mestre de didática insuperável, formou uma plêiade de discípulos que se transformaram em grandes mestres : Santos Machado, Jaime Viana, Renato Tavares Barbosa, Mário Coutinho, Pedro Sampaio, Francisco Guerra, Otoide Pinheiro, Feliciano Pinto, Gianni Maurélio Temponi e Mário Brock.
Elyseu Paglioli
Elyseu Paglioli (1898 - 1985) (figura 3) formou-se pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre em 1923 e na conclusão do curso obteve o doutoramento por meio de uma tese sobre Relações anatômicas do ouvido médio com o ápice do rochedo, gânglio de Gasser e sexto par, com deduções clínicas . Desde logo interessou-se pela anatomia humana, sendo, em 1924, nomeado, por portaria, preparador da cadeira de anatomia humana.
Resolveu retornar para São Francisco de Paula, onde crescera, trabalhando nesta cidade por curto período, onde realizou seus primeiros procedimentos neurocirúrgicos. A convite de Sarmento Leite, voltou para Porto Alegre.
Em 1928, conquistou a docência de anatomia com a tese Circulação venosa dos núcleos centrais do cérebro. Em 1929, após concurso, foi nomeado docente livre da Cadeira de Anatomia. Inicia, nessa época, as intervenções neurocirúrgicas com grande dificuldade, em conseqüência da precariedade de recursos.
Em 1930 dirige-se para Paris, permanecendo oito meses como assistente de De Martel (1875 – 1940), o pioneiro da neurocirurgia francesa. Ao regressar, Paglioli traz os equipamentos necessários e inicia a neurocirurgia no Hospital Alemão (hoje Hospital Moinhos de Vento), no final de 1930. Forma uma equipe de trabalho com o oftalmologista Ivo Corrêa Meyer e o neurologista Frederico Ritter.
Passa a exercer intensa atividade neurocirúrgica e em 1932 publica trabalho sobre tumores do ângulo ponto-cerebelar operados com êxito. No ano de 1933 apresenta na Academia Nacional de Medicina monografia sobre Cirurgia crânio-encefálica no qual apresenta 11 casos de tumores cerebrais operados com sucesso. Até esta época as intervenções eram feitas com o paciente em posição sentada e exclusivamente sob anestesia local.
Em 1936 foi nomeado Docente Livre de Clínica Propedêutica Cirúrgica, após concurso no qual defendeu a tese Circulação venosa dos núcleos pardos centrais do cérebro. Em 1938 fez concurso para a Cátedra de Clínica Propedêutica cirúrgica, tendo apresentado a tese Ventriculografia, um dos primeiros e mais completos trabalhos sobre o assunto, tendo merecido o prefácio de seu mestre De Martel.
Elyseu Paglioli foi quem teve a idéia de fundar a Sociedade Latino-Americana de Neurocirurgia. Com Alejandro Schroeder, de Montevidéu e Rafael Babini de Rosário, organizou o primeiro congresso da especialidade na América Latina, em 1945.
Em 1946 é inaugura o Instituto de Neurocirurgia da Santa Casa com capacidade para 112 leitos, onde passa a desenvolver a neurocirurgia com melhores condições e forma vários especialistas, entre os quais João Alberto Martins Dahne, Eduardo Beck Paglioli, Mário Schinini Cademartori, Nelson Pires Ferreira, Nelson Aspesi, Ricardo Gavenski, Carlos Ferrari, Zaluar Campos, Manoel Krimberg, Antônio Mazzaferro, Frederico Kliemann e Djacir Figueiredo.
Além da intensa atividade neurocirúrgica, Paglioli dedicou-se também à política e à administração. Foi indicado para prefeito de Porto Alegre por seu amigo, o presidente Getúlio Vargas, em 1950. Ficou na prefeitura por apenas um ano, deixando-a para assumir a Reitoria da Universidade do Rio Grande do Sul, na qual permaneceu durante doze anos. Em 1961, deixou a Reitoria para ocupar o cargo de Ministro da Saúde durante o governo João Goulart.
Elyseu Paglioli foi fundador de várias entidades, sendo as mais importantes a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, o Comitê Permanente dos Congressos Latino-Americanos de Neurocirurgia e a Academia Brasileira de Neurocirurgia11.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROCIRURGIA

Em Bruxelas, Bélgica, durante o Primeiro Congresso Internacional de Cirurgia Neurológica , por iniciativa de José Ribe Portugal e José Geraldo Albernaz foi fundada, em 26 de julho de 1957, a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. Foram membros fundadores: José Ribe Portugal, J. L. Brito e Cunha, Renato Tavares Barbosa, Paulo Niemeyer, Henrique Austregésilo, Aloysio Mattos Pimenta, Carlos Sacramento, Elyseu Paglioli, Zaluar Campos, Manoel Caetano de Barros, Moacir Bernardes, e José Geraldo Albernaz. Portugal foi eleito presidente e Albernaz secretário provisório da nova sociedade e redator dos estatutos e regulamentos.
O Primeiro Congresso da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia foi realizado em Petrópolis, no Hotel Quitandinha de 18 a 20 de julho de 1958 (figura 4).
Até 1960, os presidentes foram eleitos pelo período de um ano e o Congresso da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia se realizava anualmente. Assim, a presidência foi ocupada até esta data por: José Ribe Portugal (1957-1958), Aloysio de Mattos Pimenta (1958 – 1957), Elyseu Paglioli (1959 – 1960).
Em 1960 o mandato passou a ser de dois anos e os congressos realizados a cada dois anos, sendo a presidência ocupada respectivamente por: Manoel Caetano de Barros (1960 – 1962), José Geraldo Albernaz (1962 – 1964), Rolando Ângelo Tenuto (1964 – 1966), Jayme Martins Viana (1966 – 1968), José Ribe Portugal (1968 – 1970), Renato Tavares Barbosa (1970 – 1972), Francisco Cotta Pacheco (1972 – 1974), Elyseu Paglioli (1974 – 1976) (em substituição a João Dahne), Djacir Gurgel de Figueirêdo (1976 – 1978), Laélio de Almeida Lucas (1978 – 1980), José Gilberto de Souza (1980 – 1982), Paulo Mangabeira Albernaz Filho (1982 – 1984), Virgílio A. Novaes (1984 – 1986), Paulo Andrade de Melo (1986 – 1988), Nelson P. Ferreira (1988 – 1990), Gilberto Machado de Almeida (1990 – 1992), Carlos Batista Alves de Souza (1992 – 1994), Léo Fernando da Silva Ditzel (1994- 1996), Carlos Telles (1996 – 1998), Ronald Fiuza (1998 – 2000).
A partir de 1998, ocorreu a desvinculação entre as presidências da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e do Congresso desta Sociedade. Assim, Fernando Menezes Braga assumiu, em 1998, a presidência do Congresso do ano 2000 e Ronald Fiúza a presidência da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
Em 1959, a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia foi filiada à World Federation of Neurosurgical Societies.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

01. BALLANCE SC: A glimpse into the history of the surgery of the brain. Lancet 22:111-116; 165-172, 1922.
02. BRANDÃO FILHO A: Primeira encefalografia arterial no Brasil. In Brandão Filho A: Clínica cirúrgica . Rio de Janeiro, Editora Scientífica, 1930, Vol 4, pp 271-293.
03. BRANDÃO FILHO A: Quisto da hipófise ; ventriculografia e intervenção cirúrgica por via frontal. Jornal dos Clínicos 16: 224 – 251,1924.
04. BRANDÃO FILHO A: Tique doloroso da face; secção da raiz sensitiva do trigêmeo. In Brandão Filho A: Clínica cirúrgica. Rio de Janeiro, Editora Scientífica, 1923, Vol 2, pp 251-314.
05. BRANDÃO FILHO A: Tumores do encéfalo: algumas observações comentadas. Rio de Janeiro, Pimenta de Mello, 1931, pp 1-77.
06. BROCK M: José Ribeiro Portugal – pai da neurocirurgia brasileira. Arq. Neuropsiquiatria 52: 118-122, 1994.
07. EGAS MONIZ: Confidências de um investigador científico. Lisboa, Edições Ática, 1949 pp 129-136.
08. FERREYRA LG: Erário Mineral. Lisboa, Oficina de Miguel Rodrigues, 1735, pp 345-347.
09. GOMES MM: Marcos históricos da Neurologia. Rio de Janeiro, Editora Científica Nacional, 1997, pp 61-65.
10. GREENBLATT SH: A history of neurosurgery. The American Association of Neurological Surgeons, 1997, pp 3-9.
11. GUSMÃO SS, SOUZA JG: História da Neurocirurgia no Brasil. Joinville, Letra d’agua, 2000, pp 120-128.
12. HORRAX G: Neurosurgery: an historical sketch. Springfield, Charles C. Thomas, 1952, pp 10-15.
13. NIEMEYER P: Erário Mineral: primeira intervenção neurocirúrgica realizada em Minas Gerais. Medicina de Hoje 2: 566-568, 1976.
14. REIMÃO R: História da neurologia no Brasil. São Paulo, Lemos-Editorial, 1999, pp 43-51.
15. RIBEIRO L: Medicina no Brasil. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1940, pp 53-59.
16. SOUZA APS, VALÉRIO AG: A cirurgia nervosa no Brasil. Anais do segundo congresso brasileiro de neurologia, psychiatria e medicina legal. Arch neurol Psiq e med legal 6: 30-67, 1922, .
17. SOUZA JGA, GUSMÃO SS: A primeira intervenção neurocirúrgica relatada no Brasil. Arq Bras Neuroc 12 : 11-14, 1994.


Fonte: http://www.sbhm.org.br/index.asp?p=especialidades_view&codigo=47

sábado, 6 de outubro de 2012

O motivo da dor de cabeça ao tomar sorvete.

Entender o mecanismo que provoca o incômodo pode ajudar a desenvolver tratamentos contra enxaqueca.


Pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard descobriram a origem da desagradável dor nas têmporas causada, em algumas pessoas, pelo consumo de bebidas e alimentos gelados: a baixa temperatura aumenta o fluxo sanguíneo na região, dilatando as artérias, conforme mostram imagens do cérebro de voluntários que tomaram água gelada com canudo. De acordo com o coordenador do estudo, Jorge Serrador, isso seria uma estratégia de defesa do cérebro para se proteger do frio intenso – o aumento da pressão dentro do crânio causaria a dor. O estudo desse mecanismo, afirma Serrador, pode ajudar a desenvolver novos tratamentos contra a enxaqueca.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/o_motivo_da_dor_de_cabeca_ao_tomar_sorvete.html

Como as mulheres mexem com a cabeça dos homens.

Basta dizer a eles que estão sendo observados por uma desconhecida para que seu desempenho cognitivo seja prejudicado.


Romances, filmes e roteiros para televisão estão repletos de cenas em que um rapaz procura inutilmente interagir com uma jovem bonita. Em muitos casos, o conquistador em potencial acaba fazendo algo tolo em suas incansáveis tentativas de impressionar a moça. É como se o cérebro do homem, de repente, não estivesse funcionando direito. E segundo uma pesquisa recente é exatamente o que acontece.

Há algum tempo, pesquisadores começaram a investigar como a interação com representantes do sexo oposto afetava aspectos cognitivos dos homens. Um estudo de 2009 demonstrou que após breve contato com uma mulher atraente os homens experimentam um declínio momentâneo do desempenho mental.

Para compreender por que isso ocorre, a pesquisadora Sanne Nauts e seus colegas da Universidade Radboud de Nijmegen, na Holanda, realizaram dois experimentos com a participação de estudantes universitários de ambos os sexos. No primeiro, avaliaram seu desempenho cognitivo aplicando um teste de Stroop. Desenvolvido em 1935 pelo psicólogo Ridley Stroop, o instrumento é usado para avaliar a capacidade de elaborar informações que competem entre si. O teste consiste em mostrar uma série de nomes impressos em cores diferentes. Por exemplo, “azul” pode estar impresso em verde, “vermelho” em laranja, e assim por diante. Os participantes devem nomear, o mais rápido possível, as cores nas quais as palavras estão escritas. O teste é cognitivamente exigente e quando as pessoas estão mentalmente cansadas, tendem a completar essa tarefa de modo mais lento.

No estudo de Sanne Nauts, após terem completado o teste de Stroop os voluntários realizaram outra prova, apresentada como dissociada da anterior. Os pesquisadores pediram aos universitários que lessem em voz alta uma série de palavras em holandês diante de uma webcam. Os cientistas explicaram que durante a “tarefa de leitura labial” um observador – ao qual era atribuído um nome qualquer, masculino ou feminino – estaria acompanhando o desempenho dos participantes através de uma câmera. Os voluntários não interagiam de modo algum com essa pessoa, que não era identificada nem por fotografia. Tudo que sabiam – sobre ele ou ela – era o nome.

Logo depois de concluírem a leitura, os participantes foram submetidos a outro teste de Stroop. O desempenho das mulheres nessa segunda avaliação foi muito semelhante ao do primeiro, não importando o sexo do misterioso observador. Mas, entre os homens que julgaram ter sido observados por uma mulher, o desempenho foi pior nesse segundo teste. E essa deterioração cognitiva ocorreu independentemente de eles terem interagido com a suposta observadora.

Numa segunda etapa da pesquisa, Sanne Nauts e seus colegas iniciaram novamente o experimento aplicando o teste de Stroop em voluntários que haviam sido levados a pensar que precisariam fazer uma leitura em voz alta, como no primeiro experimento – na verdade, porém, eles nem sequer chegaram a realizar essa atividade; o importante era que acreditassem que teriam de cumpri-la. Metade dos voluntários foi induzida a crer que seria observada por um homem, e a outra parte, por uma mulher. Em seguida, todos foram convidados a realizar outro teste de Stroop.

Mais uma vez, o desempenho das mulheres não apresentou diferença, independentemente do gênero do suposto observador. Já entre os rapazes, aqueles que acharam que seriam acompanhados por uma mulher tiveram desempenho significativamente pior no segundo teste.

Enfim, parece evidente que, quando nos encontramos em situações nas quais nos sentimos inseguros, intimidados ou estamos particularmente preocupados com a impressão que causaremos, podemos ter dificuldades concretas para raciocinar claramente. No caso dos homens, o simples fato de pensar em interagir com uma mulher seria suficiente para ofuscar um pouco o cérebro. Se ela for bonita, então, “pior” ainda.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/como_as_mulheres_mexem_com_a_cabeca_dos_homens.html

Idosos ao volante.

Especialistas discutem como ajudar motoristas com mais de 70 anos a guiar sem colocar em risco a própria segurança e a dos outros.


Mister Magoo, personagem tradicional dos primórdios da televisão, era famoso por ser um motorista “perigoso”. O aposentado confuso e extremamente míope continuava a dirigir apesar das deficiências óbvias. Na sequência de abertura do desenho animado, ele quase colide com um trem, um monte de feno, por pouco não atropela vários animais domésticos, escapa por um triz de bater em uma montanha-russa, um hidrante, uma linha de alta-tensão e de cair em um buraco cheio de lama. Enquanto cumpre o trajeto, buzina e grita: “Barbeiro, sai da frente!”.

Podemos pensar que essas cenas representam um estereótipo preconceituoso de idosos. No entanto, como normalmente acontece com todas as caricaturas, a de Mr. Magoo tem um fundo de verdade. Não raro, a preferência por dirigir de forma lenta provoca transtornos no trânsito e irritação de outros motoristas. Faz sentido se pensarmos que mesmo o envelhecimento normal é acompanhado de declínios na visão, na agilidade mental para tomar decisões e na aptidão física. É lógico, portanto, que os déficits do envelhecimento prejudiquem a performance no volante?

Talvez não, afirma o psicólogo Alexander Pollatsek. Pesquisador da Universidade de Massachusetts, ele trabalha com colegas da Escola de Engenharia da mesma instituição analisando sistematicamente o comportamento de motoristas idosos. Segundo Pollatsek, as evidências desafiam a conexão presumida entre batidas de carros e os já conhecidos déficits. O estudo sugere que grande parte dos erros dos motoristas resulta de hábitos adquiridos que podem ser corrigidos.

Para testar a hipótese, os cientistas usaram simuladores de direção para analisar a abrangência do campo visual tanto de voluntários idosos quanto de meia-idade em condições reais. Os motoristas experimentaram guiar por longos trechos na estrada. Em um dos casos, a pessoa poderia chegar, por exemplo, a um sinal de parada em um cruzamento em T, que demandaria dar a preferência para quem viesse da esquerda. Ou teria de virar à esquerda no encontro de quatro vias com semáforo. Em cada cenário havia uma área visual que requisitava monitoramento de outros veículos aproximando-se, às vezes obscurecidos, com direito de preferência, e os participantes do experimento tinham três segundos para detectar a presença desse veículo e agir da forma mais adequada.

Os cientistas mediram precisamente quanto tempo os motoristas gastaram olhando para as áreas de potencial ameaça conforme se aproximavam dos cruzamentos e entravam neles. As descobertas foram um tanto inesperadas. Conforme relatado em um artigo publicado no periódico Current Directions in Psychological Science, em comparação com os jovens os idosos gastavam significativamente menos tempo avaliando como deveriam proceder nessas regiões críticas visuais. Mais revelador ainda: não havia distrações nas simulações – pedestres, por exemplo, que pudessem provocar desvio do foco de atenção. Os mais velhos não se mostravam menos capazes de perceber o que estava ao redor. Na verdade, costumavam olhar em volta tanto quanto os mais jovens – e não necessariamente quando realmente deveriam estar atentos a possíveis ameaças. Em suma, a dificuldade para identificar riscos em potencial era o motivo para as batidas – e não déficits visuais, cognitivos ou físicos, como especialistas e leigos acreditaram durante muito tempo.

A conclusão do estudo é promissora, já que até 2030 aproximadamente um em cada quatro motoristas terá 65 anos ou mais. Alguns treinamentos provavelmente não ajudarão pessoas com deficiências visuais, auditivas ou mentais – os Mr. Magoos da estrada –, mas podem ser adequados a muita gente sem esses déficits, uma vez que se trata de um método simples e barato para evitar um iminente problema de saúde pública.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/idosos_ao_volante.html

domingo, 9 de setembro de 2012

Personalidades da História da Medicina: Biografia do Dr. Hans Berger.

Hans Berger (1873 - 1941)



Psiquiatra alemão nascido em Neuses, peóximo de Coburg, Thüringia, Germânia, conhecido como o pai da eletroencefalografia e o inventor do eletroencefalógrafo (1929).

Formado em medicina na Universidade de Jena (1893-1897), iniciou o desenvolvimento de suas atividades profissionais como assistente em psiquiatria clinica de Otto Binswanger (1852-1929), no Hospital Psiquiátrico de Alma. Tornou-se professor na Universidade de Jena (1919) ensinando psiquiatria.



Graças à sua obstinação, trabalhando na cidade de Jena, anunciou ao mundo científico e médico que era possível registrar as fracas correntes elétricas geradas no cérebro humano, sem a necessidade de abrir o crânio, e mostrá-las na forma de um registro em papel. Desde então a humanidade compreendeu que a atividade mental estava relacionada à atividade elétrica do cérebro.

A história dessa descoberta foi marcada por rivalidades, pesquisas feitas em segredo e descrédito de grande parte da comunidade científica. Mas o eletroencefalograma, passaria a ter grande relevância tanto na pesquisa básica quanto na clínica, tornando-se um instrumento de diagnóstico decisivo na identificação de tumores e distúrbios cerebrais. Professor emérito na universidade local (1938), morreu em Jena, Alemanha.

Mais sobre a biografia do Dr. Hans Berger pode ser conferido clicando aqui.


Fontes: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/HansBerg.html
http://www.faqs.org/health/bios/26/Hans-Berger.html

Freud e o Homem dos Ratos.

Freud tratou um jovem cujo trabalho foi publicado como "Homem dos Ratos" (1909) (Vol. X da Coleção das Obras Completas de Freud daEditora Imago) . Freud procurou formular, a partir do estudo do caso, uma explicação sobre a neurose obsessivo-compulsiva à luz da teoria psico-sexual do desenvolvimento. Para tanto, realizou uma descrição rica e precisa de rituais e obsessões que seu paciente apresentava, buscando interpretá-los à luz de sua teoria. Tal concepção prevaleceu até pouco tempo atrás, quando novos fatos vieram modificar essas concepções.



O paciente, um jovem de educação universitária, apresentou-se a Freud com a queixa de obsessões desde sua infância, mas com uma maior intensidade nos últimos 4 anos de sua vida. Sofria de TEMORES de que algo acontecesse a duas pessoas de quem mais gostava - seu pai e uma jovem a quem admirava. Além disso, tinha consciência de IMPULSOS COMPULSIVOS - tais como, por exemplo, de cortar sua garganta com uma navalha -, produzindo posteriormente PROIBIÇÕES, muitas vezes em conexão com coisas triviais, como no dia em que a jovem de quem gostava ia partir, e ele bateu com o pé numa pedra da estrada em que caminhava, e foi obrigado a afastá-la do caminho, pondo-a à beira da estrada, pois lhe veio a idéia de que o carro dela iria passar e poderia acidentar-se nessa pedra. Contudo, minutos depois pensou que era um absurdo, e foi obrigado a voltar e recolocar a pedra à sua posição original.

A experiência que precipitou a primeira consulta do paciente com Freud ocorreu quando estava em manobras em uma unidade militar. Um oficial descreveu uma forma de tortura na qual o prisioneiro ficava sentado nú, amarrado sobre um recipiente contendo ratos, que buscavam escavar seu ânus em busca de uma saída. Tal pensamento passou a invadir sua mente sem que fosse capaz de evitá-lo, causando-lhe grande aflição. Achava que isso poderia acontecer com a jovem de quem gostava e com o pai, já falecido há 9 anos. Como forma de evitar essa obsessão, empregava uma fórmula particular, dizendo a si mesmo: "Mas", acompanhado por um gesto de repúdio, e depois: "O que é que você está pensando?"

O jovem passou anos combatendo essas e outras idéias, conforme relatou, perdendo, deste modo, muito tempo de sua vida. Vários tratamentos haviam sido tentados, com nenhum efeito positivo.

A análise de Freud concentrou-se na ambivalência do paciente para com seu pai e a jovem a quem cortejava, originada em sua sexualidade precoce e intensa e sentimentos antigos de raiva contra seu pai - que haviam sido severamente reprimidos. O símbolo do rato levou Freud e o paciente a uma série de associações que incluíam erotismo anal, lembranças de excitações anais quando o paciente em criança eliminava lombrigas (que Freud interpretava como simbolizando um pênis), e o fato de ter sido espancado pelo pai aos 4 anos de idade por ter mordido uma pessoa. Associou ainda com problemas antigos do pai do paciente com o jogo (em alemão, um jogador é uma spielratte - ou rato-do-jogo), a idéia infantil do parto anal e a própria experiência real de haver tido verminose quando criança. Após um ano de análise, o paciente curou-se de seus sintomas e, nas palavras de Freud, "o delírio dos ratos desapareceu".

Comentários

De uma forma muito rica e detalhada Freud descreveu os sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo (até bem pouco: neurose obsessivo-compulsiva): obsesões e compulsões, rituais de asnulação, que procurou interpretar à luz de seu modelo psicosexual do desenvolvimento. Particularmente são ricas suas descrições sobre a forma de pensar do paciente obsessivo-compulsivo modernamente retomadas e valorizadas pelas teorias cognitivas do TOC: a importância exagerada do pensamento, a dificuldade de conviver com a incerteza, a necessidade do controle, o perfeccionismo, o responsabilidade exagerada. Freud destacou ainda o isolamento dos afetos em relação às idéias, a ambivalência, a anulação, o Superego severo, como fenômenos associados ao TOC, e em função dos sintomas do seu paciente supervalorizou os sintomas relacionados com ânus, fezes, defecação e sadismo, que no seu entender apoiavam sua teoria.

O Homem dos Ratos é um exemplo de um lado da genial capacidade de Freud para captar e descrever fenômenos clínicos, e ao mesmo tempo de viezes nos quais incorria em função de suas próprias teorias. De qualquer forma sua descrição detalhada e sua interpretação elegante à luz de suas próprias idéias, prevaleceram por quase um século como a teoria sobre a origem do transtono obsessivo-compulsivo, embora fossem de pouca utilidade no seu tratamento.

Atualmente, o transtorno obsessivo-compulsivo é visto como um transtorno neuropsiquiátrico, para cuja origem concorrem fatores de ordem biológica, como vulnerabilidade genética, disfunção neuroquímica cerebral, o ambiente familiar em que foi educado. Tem sido também muito valorizada a relação funcional entre obsessões e compulsões, ou seja o fato de o paciente descobrir (aprender) que os rituais aliviam a ansiedade associada às obsessões e passa por este motivo a repetí-los. Tem sido também destacadas determinadas crenças errôneas que auxiliam na manutenção da doença: como a avaliação irreal do risco, a importância exagerada que estes pacientes dão aos seus pensamentos, o perfeccionismo, e necessidade de ter controle e certeza entre outros. Seu tratamento, em função desses novos fatos, passou a ser a farmacoterapia associada à terapia cognitivo-comportamental, e não mais a psicanálise.

Mais acerca do homem dos ratos pode ser conferido clicando aqui.

Bibliografia:
Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Volume X (1909): Duas Histórias Clínicas (O "Pequeno Hans" e o "Homem dos Ratos"). Imago Editora Ltda, Rio de Janeiro.

Fontes: http://www.ufrgs.br/toc/prof5.htm

Dor de cabeça é um dos males que mais afetam a população mundial.

Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que a dor de cabeça é um dos problemas de saúde mais comuns em todo o mundo, porém, o tratamento tem sido negligenciado. Os especialistas estimam que até 75% dos adultos de 18 a 65 anos sofreram com dores de cabeça no ano passado.



De acordo com o estudo, poucos casos são diagnosticados por um profissional. Desses, cerca de 40% estão associados à enxaqueca e tensões e 10% ocorrem por uso excessivo de remédios. O estudo mostra que metade das pessoas com dor de cabeça buscou a automedicação e apenas 10% procuraram um neurologista, percentual ainda menor na África e no Sudeste Asiático.

A OMS aponta que a dor de cabeça impõe alto custo financeiro à sociedade, como a perda de produtividade dos trabalhadores, que custa mais que as medidas preventivas de saúde. Nesse sentido, a organização recomenda o aumento dos investimentos no tratamento e na prevenção das dores. Foram analisados dados de 101 países, que respondem por 86% da população mundial.

O leitor poderá ler as diretrizes do Ministério da Saúde para controle das cefaléias clicando aqui.

Fonte: http://www.daherchade.com.br/index.php?noticias-neurologia

Doutora em neurologia dá dicas de como melhorar a memória.

Com certeza você já passou por aquela sensação de ter esquecido o que ia falar, ou pensar ter perdido os óculos, sem lembrar que eles estavam na sua cabeça. Tânia Novaretti, doutora em Neurologia pela Faculdade de Medicina da USP, explica, na entrevista que segue, que a memória, muitas vezes, não é a culpada, e sim, a chamada “atenção dividida”


É comum ver queixas de perda de memória entre idosos. Por que isso acontece após determinada idade?

Idosos normais não são um grupo homogêneo: idade, níveis de atividade e intelectuais são variáveis estatisticamente significativas para diferenciar a performance dos idosos normais. Muitos idosos (principalmente os que estão ativos) negam uma perda substancial da memória, coisa que alguns jovens já se queixam. Isso acontece porque nossos órgãos envelhecem.

Inegavelmente, desde os quarenta anos já apresentamos mudanças no desempenho cerebral, nossos órgãos dos sentidos (visão, audição, olfato) já não têm a mesma capacidade de mandar informações, começamos a perder músculos e equilíbrio. Nossa atenção piora, principalmente quando fazemos várias coisas ao mesmo tempo (atenção dividida). Nos mais idosos perdem-se: emprego de vocabulário preciso, de forma ativa (nomeação, conversação), produção de frases completas e compreensão das mesmas, tarefas que envolvam organização, iniciativa, planejamento, eleição de relevância em narrativas espontâneas, produtividade (taxa de informações), precisão referencial e retenção de conteúdos em recordação imediata e tardia.

Os tempos de reação em atividades complexas, que requerem processamento mental, declinam rapidamente a partir dos sessenta anos, enquanto as tarefas sensoriais simples sofrem lentificação gradual, ao longo da vida.

O desempenho torna-se mais lento e impreciso com o passar da idade, principalmente quando existe a necessidade de decisão, escolha entre várias alternativas, mais ainda se as decisões implicam um julgamento sobre relações espaciais.

E as pessoas com menos de 60 anos, por que elas, às vezes, reclamam de lapsos de memória?

Normalmente quando se queixam de falta de memória, os mais jovens se referem a esquecer onde colocaram objetos, terem seguido o caminho habitual, quando queriam fazer outro diferente, ou terem vários compromissos e terem esquecido algum. Não se trata, nesses casos, de doença da memória, mas de atenção dividida. Quando dividimos nossa atenção, não conseguimos ter um bom desempenho na tarefa. Dirige-se pensando no que fazer quando chegar ao destino ou “ruminando” um problema pessoal, não prestando atenção ao caminho. Dessa forma, a memória de procedimentos (dirigir, por exemplo) levará a pessoa para o destino habitual.

Há um remédio que pode melhorar o desempenho da atenção e da memória?

Antes de pensarmos em medicações, necessitamos diagnosticar se, de fato, há um problema de atenção ou memória. Se houver uma doença, por exemplo, Transtorno do Déficit de Atenção, existem medicamentos; se houver uma demência como a Doença de Alzheimer, existem medicamentos; porém, não existem medicamentos para que pessoas sadias melhorem seu desempenho.

Há muitas maneiras de melhorar a memória:

:: Novos aprendizados: qualquer novo aprendizado: um esporte, aprender uma nova língua, cozinhar, dançar. O cérebro que aprende rejuvenesce.

:: Exercícios de atenção: prestar atenção quando entra nos lugares, no que come, nos cheiros que encontra, nas músicas que escuta, no que vê. Relembrar seu dia, esforçando-se para lembrar os detalhes. Relembrar dias prazerosos: Onde eu estava no último ano novo? Com quem? Com que roupa?

:: Relaxamento: as pessoas tensas não prestam atenção.

:: Tentar associar fatos e imagens, visualizando-os.

:: Comer frutas e verduras, alimentos ricos em vitaminas do complexo B, vitais ao cérebro.

:: Tomar muita água. Um cérebro desidratado aprende menos.

:: Dormir bem. As memórias são consolidadas durante o sono.

Esquecemos o que íamos dizer porque estamos com nossa atenção dividida. Geralmente o assunto está chato e estamos apenas “jogando conversa fora”. A melhor maneira de evitar isso é estar por inteiro nos lugares: aproveitar ao máximo a experiência que estamos vivendo agora.

Às vezes esquecemos coisas simples que acabamos de fazer ou que sempre estão em nossa cabeça por qual motivo?

Tanto pela atenção dividida quanto por excesso de compromissos. Estamos emocionalmente sempre um passo à frente do nosso corpo e nossas funções motoras não conseguem ser completadas adequadamente.

Quando subitamente “emburrecemos”, esquecendo, por exemplo, nosso próprio telefone, estamos muito ansiosos. Sempre que estamos muito ansiosos temos dificuldade em acessar informações da nossa memória.

Administrar o tempo de uma forma realista é a melhor maneira de diminuir a ansiedade e melhorar a atenção. Quanto “de verdade” demoro a ficar pronto? Quanto tempo leva, “de verdade”, para chegar ao meu compromisso? Quando coloco expectativas reais na minha vida, rendo mais e procrastino (vulgo embaço) menos.

São boas dicas: relembrar seu dia, ficar atento ao que realiza no momento, decorar (ao contrário do que aprendemos na escola, não é o oposto de entender) músicas, poesias, receitas culinárias, parar de dizer que tem memória ruim (isso deixa o cérebro sem responsabilidade de lembrar).

É verdade que dormir após o almoço pode melhorar o desempenho do cérebro no que diz respeito ao aprendizado e à memória?

Para algumas pessoas um pequeno cochilo (não mais que 20 minutos) pode melhorar a disposição e a atenção. Dormir bem à noite melhora a memória.

É verdade que o jogo Sudoku é um ótimo método para exercitar o cérebro?

É um dos bons métodos, pois o Sudoku necessita de atenção, estratégia, raciocínio e orientação espacial. Todos os jogos ajudam a treinar a memória, assim como a leitura e, principalmente, novos aprendizados.

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/noticia/2011/05/doutora-em-neurologia-da-dicas-de-como-melhorar-a-memoria-3312536.html

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Por que Neuroeducação?

Grande parte do fascínio das Neurociências está em sua capacidade de estudar os aspectos mais complexos do cérebro humano.



Como é possível contemplarmos imagens de beleza majestosa e ouvirmos músicas que tocam nossa mais profunda emoção. Mais inconcebível ainda, como podemos contemplar nossa existência e conceituar nossa própria mortalidade? Certamente, o cérebro humano, uma massa de 100 bilhões de neurônios, conversando uns com os outros via neurotransmissores e impulsos elétricos, é um órgão maravilhoso e espantoso!

Apesar desse fascínio, por décadas os neurocientistas se mantiveram nos níveis mais primários de funcionamento do cérebro, trabalhando exaustivamente em experimentos para entender como determinadas moléculas e células nervosas trabalham. Para complicar as coisas, grande parte dessa inestimável pesquisa foi baseada não em cérebros humanos, mas em estruturas nervosas de lesmas do mar, peixe-zebra e macacos Rhesus. A maioria dos avanços científicos ao longo da história são resultado dessas pesquisas e as metodologias nela utilizadas permanecem como pedras angulares de como a Ciência deve prosseguir. No entanto, isso faz com que os neurocientistas procurem fugir de questões de fundo cognitivo, artístico ou filosófico. Consequentemente, quando eles se deparam com o conceito de Neuroeducação, a reação típica é de perplexidade do quanto as Neurociências poderiam contribuir com a Educação.

Artistas têm sido comparados a neurocientistas que tentam descobrir que combinações de cores, sons, palavras, sabores, texturas ou padrões atraem mais o nosso cérebro. Ao invés de conduzir experimentos em um laboratório, um artista usa seu meio de comunicação para uma audiência alvo para expressar algo de significante. Da mesma forma, os educadores podem ser comparados a neurocientistas no sentido de procurarem formas de melhor estimular, informar e moldar a mente de seus estudantes, jovens ou não, no laboratório que é a Escola. O objetivo implícito de toda Educação é transformar o cérebro ampliando a base de conhecimentos e tornando mais eficaz o funcionamento mental, um processo neural difuso conhecido como plasticidade que afeta nosso cérebro de forma estrutural e funcional.

Isso é muito claro: quando aprendemos alguma coisa, modificamos nosso cérebro do ponto de vista bioquímico, sináptico, anatômico e hemodinâmico.

Professores, estudantes, artistas e cientistas assim compartilham de um objeto comum de interesse - o cérebro. A partir dessa perspectiva, então, a questão não é exatamente descobrir se neurocientistas e educadores têm algo em comum, mas, ao invés disso, entender por que esses profissionais permaneceram tão distantes uns dos outros todo esse tempo, até começarem agora a trabalhar juntos.

Parece-me que educadores e cientistas são como carros trafegando em lados opostos de uma rodovia, se preocupando apenas com os obstáculos diretamente frontais, se esquecendo do canteiro central, ainda que dividam a mesma rodovia. O fato é que a maioria dos neurocientistas nunca ensinou crianças em uma sala de aula e grande parte dos professores não cogitam realizar experimentos em laboratório. Mais do que isso é que um indivíduo não precisa ser um professor qualificado para ser um bom cientista, nem conhecer a fisiologia do cérebro para ser um bom professor.


Projeção tridimensional da superfície cerebral em processos de ativação e desativação associados à improvisação musical em músicos de jazz através de Ressonância Magnética Funcional [de Limb CJ, Braun AR (2008) Neural Substrates of Spontaneous Musical Performance: An fMRI Study of Jazz Improvisation. PLoS ONE 3(2): e1679].


O paradigma natural é que os professores devem trabalhar bem com seus alunos e os cientistas trabalharem bem com os dados, e isso vem sendo feito há séculos. No entanto, se esse paradigma for mantido por ambos os grupos, eles continuarão trafegando em direções opostas a despeito de estarem na mesma rodovia.

O que mudou então? Tecnologia! Vivemos em uma época de disseminação rápida de informação atingindo um ritmo diferente de tudo o que foi testemunhado até hoje. Esta explosão de informação virtual tem afetado todos os aspectos da sociedade moderna, especialmente o compartilhamento da informação científica e como o cérebro do estudante absorve novos conhecimentos. Por isso também responde o surgimento de toda uma nova geração de métodos científicos incluindo a Ressonância Magnética Funcional (RMF), Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) e Magnetoencefalografia (MEG) que permitem o acesso ao funcionamento do cérebro humano em condições 'naturais' em um grau sem precedentes.

Estas novas modalidades de estudar o cérebro nos encoraja a fazer perguntas que não dizem respeito apenas aos níveis elementares da função, mas também para as mais complexas funções cognitivas humanas.

Enquanto os processos cognitivos pertinentes à arte eram primariamente de domínio dos filósofos, hoje nós podemos realmente examinar o que o cérebro está fazendo, como ele executa tarefas, como resolve problemas de matemática, como processa a leitura de um livro ou improvisa uma melodia.


Nós podemos ainda não ter o conhecimento suficiente para interpretar os dados gerados pelas Neurociências, mas nós certamente temos um melhor senso para qual direção devemos seguir.

Talvez ainda não tenha sido suficientemente enfatizada quão únicas são as oportunidades científicas para a área da Educação nos dias de hoje: temos os métodos disponíveis para estudar a função neural durante as mais variadas tarefas - como pensamos, aprendemos e ensinamos - de forma quantitativa semelhante à forma como os cientistas estudam qualquer outro complexo processo neural.

Nós podemos hoje explicitamente estudar os processos cerebrais que são mais relevantes à educação em um nível nunca antes imaginado. Embora possa demorar cem anos para que possamos entender como o conhecimento neurocientífico pode nos ajudar a ensinar álgebra para alunos do 9 º ano, podemos, pelo menos, começar a nos dirigir por esse caminho. Tendo em vista às importantes descobertas das Neurociências na última década, seria insensato não fazê-lo. E quem poderá saber onde chegarão nossos conhecimentos sobre o cérebro daqui a vinte, cinquenta ou cem anos?

De todos os atributos humanos, a capacidade de elaborar comportamentos não previamente programados está entre os mais fascinantes. A cada dia nós executamos uma série de novos comportamentos não planejados. Esses comportamentos podem ser bastante simples (como ter uma conversa improvisada sobre o clima), ou extremamente elaborados (encontrar uma solução para um problema de longo prazo).

Em muitos aspectos, a criatividade é a chave para a humanidade, é a forma como inovamos, avançamos e crescemos. Se não fosse o espírito criativo seria difícil acreditar que os seres humanos criariam a roda ou as várias formas de gerar e aproveitar a eletricidade. É a criatividade que nos permite resolver problemas e descobrir novas soluções para melhorar velhas soluções. É facilmente perceptível que existem múltiplas formas de criatividade e que cada uma precisa ser estudada de uma maneira diferente se quisermos entendê-las. No entanto, eu penso que os professores não ensinam seus alunos para que eles simplesmente regurgitem os conhecimentos de volta. Da mesma forma que não ensinam modos de pensar para que sejam memorizados pelos seus alunos. A esperança implícita e o objetivo de toda educação é permitir que os alunos sejam capazes de interiorizar e lidar com a informação, recombinando-a de diversas e inovadoras formas habilitando-os a resolver problemas de forma independente. É assim que inovamos e melhoramos a condição humana, é isso que implica ensinar uma criança.

Por várias razões eu passei a me interessar pelos processos neurais ennvolvidos em comportamentos criativos. Eu escolhi utilizar a improvisação musical como uma forma de estudar os processos neurais que envolvem a criatividade, mas espero estar estudando ao mesmo tempo algo maior do que a música, algo para entender como o cérebro capta o que precisa e faz algo diferente, inesperado e maravilhoso.

Através da Neuroeducação, espero que possamos aprender um dia como os cérebros são educados e a maneira mais eficaz para facilitar estes processos. Eu percebo, entretanto, que os cientistas vão continuar a descobrir mais e mais informações e os professores continuarão a fazer o melhor que podem para os seus alunos. No entanto, através destes tipos de esforços, eu aposto que estudantes no ano de 3010 receberão uma educação que, com a ajuda das Neurociências, sofreu uma evolução radical.


© May 2010 The Johns Hopkins University New Horizons for Learning.

Com a permissão do Dr. H. John Castellani do programa Novos Horizontes para o Aprendizado da Universidade Johns Hopkins.



Why Neuroeducation?

Dr. Charles Limb

Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade John Hopkins

Diretor de Pesquisa em Iniciativas em Neuroeducação da Escola de Educação da Universidade Johns Hopkins

Baltimore, EUA


Fonte: http://aprendercrianca.com.br/congresso/index.php?option=com_k2&view=item&id=31%3Apor-que-neuroeducacao&Itemid=538

HGF realiza o II Encontro de Neurologia Infantil.

No próximo dia 22 de setembro, será realizado o II Encontro de Neurologia Infantil do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), por meio do Ambulatório de Prematuros, no Auditório. As inscrições são gratuitas, abertas ao público externo, podendo ser feitas, até o dia 21 de setembro, pelo email: prematuroshgf@bol.com.br ou por meio da Seção de Estudo e Aperfeiçoamento (SEAP) – 3101.3183/3101.7099.



O objetivo do evento é promover discussões sobre o seguimento do prematuro e motivar pesquisas, visando a melhoria da qualidade de assistência a esse grupo de pacientes. De acordo com a Coordenadora do Ambulatório de Prematuros, Silvana Silton, o II Encontro de Neurologia Infantil visa mostrar a importância do acompanhamento dos prematuros por uma equipe multiprofissional, que evita ou detecta precocemente a manifestação de alterações no bebê, relacionadas ao neurodesenvolvimento, audição, visão, nutrição e crescimento dos bebês.

“O primeiro Encontro foi voltado ao Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e, desta vez, o foco foi para o Ambulatório de Prematuros, pelo fato deste estar bem estruturado, desde 2010, e vir crescendo em termos de organização e atendimento, com uma equipe muito boa, entre: enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, nutricionistas, além de neonatologistas, neorologistas infantis, oftalmologistas e radiologistas”, afirma a Neuropediatra, Liana Coelho. Ela, também, ressalta que o HGF tem uma maternidade grande, com um número alto de recém-nascidos, que tem tido uma sobrevida melhor, com menos morbidade, ou seja, mais bebês prematuros estão tendo mais qualidade de vida e menos sequelas.

Serviço
Inscrição
Data: Até o dia 21 de setembro
Dados: Nome completo, profissão, especialização, local de trabalho e email
Local: Enviar para prematuroshgf@bol.com.br ou pelo SEAP 3101.3183/3101.7099

Programação
8h – Abertura
8h10 – O seguimento ambulatorial (Doelam Coelho - Enfermeira neonatologista
Mesa Redonda: Meu paciente é prematuro, como acompanhá-lo?
8h30 – Visão do Neonatologista (Fabíola Arraes - Neonatologista)
8h50 – Condutas do neuropediatra (André Cabral - Neuropediatra)
9h10 – Sinais de alarme ao desenvolvimento (Liana Coelho – Neuropediatra)
9h30 – Ultrassonografia transfontanela (Andréa Picanço – Radiologista)
9h50 – Mesa Redonda
Mesa Redonda: Meu paciente é prematuro, como acompanhá-lo?
10h20 – Seguimento oftalmológico (Islane Verçosa – Oftalmologista)
10h40 – Estimulação visual (Marisol Cavalcante – Terapeuta ocupacional)
11h – Avaliação do gastroenterologista (Vera Regina Apoliano – Gastroenterologista pediátrico)
11h20 – Acompanhamento do pneumologista (Alexssanda Maia – Pneumologista pediátrico)
11h40 – Mesa redonda
Encerramento

Assessoria de Comunicação do HGF
Rafaele Esmeraldo Menezes ( rafaele.menezes@hgf.ce.gov.br / 85 3101.7086 – 9694.6541)

Fonte: http://www.hgf.ce.gov.br/index.php/noticias/44437-hgf-realiza-o-ii-encontro-de-neurologia-infantil

Uma única dose de LSD ajuda a diminuir consumo de álcool.

As diferentes percepções provocadas pelo alucinógeno contribuem para ver problemas de outras perspectivas.


O ácido lisérgico (LSD), um dos mais potentes alucinógenos conhecidos, pode ser usado no tratamento de dependentes de álcool, sugere artigo publicado no Journal of Psychopharmacology. Pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega analisaram os resultados de seis estudos feitos nos anos 60 e 70 com pessoas que tomaram o alucinógeno enquanto tentavam se manter abstinentes da bebida. Um dos estudos relatados mostrou que o índice de abstinência foi de 59% entre as pessoas que ingeriram LSD, contra 38% no grupo de controle. Em outro, os que receberam a dose da droga psicodélica revelaram 15% mais chances de se manter sóbrios seis meses depois do tratamento.

Segundo os autores do artigo, os neurocientistas Pål-Orjan Johansen e Teri Krebs, as alterações sensoriais e as diferentes percepções psíquicas desencadeadas pelo alucinógeno parecem ajudar as pessoas a ver a si mesmas e a seus problemas de diferentes perspectivas. Assim, sugerem Johansen e Teri, o LSD pode agir como uma espécie de catalisador químico do “momento da clareza”, como denominam com base nos relatos de pacientes em tratamento. Os pesquisadores, porém, são enfáticos ao afirmar que o estudo explora apenas o potencial do LSD como estratégia de redução de danos no caso da dependência de álcool. O uso recreativo da droga pode causar dependência psicológica e desencadear surtos psicóticos. Os resultados, porém, reforçam outras pesquisas que apontam o potencial de uso terapêutico dos alucinógenos.

Recentemente, por exemplo, comprovou-se que a metilenodioximetanfetamina (MDMA), psicoativo do ecstasy, pode atenuar sintomas de transtorno de estresse pós-traumático e que a psilocibina, substância encontrada em cogumelos alucinógenos, pode aliviar a ansiedade e a dor em pacientes com câncer terminal. As principais dificuldades para estudar as drogas psicodélicas, afirmam os autores do artigo, ainda são a resistência de universidades e da indústria farmacêutica em financiar esse tipo de pesquisa e a burocracia para obter as drogas de forma legal.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/uma_unica_dose_de_lsd_ajuda_a_diminuir_consumo_de_alcool.html