sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Peça de teatro baseada em caso clínico.

Texto remete aos primeiros relatos do criador da psicanálise.



Uma professora de francês de pouco mais de 40 anos chega ao consultório do psicanalista Dr. Goldstein queixando-se de dores nas articulações. Decidiu procurá-lo depois de consultar vários médicos e não ter encontrado uma solução para o problema, que parecia não ter nenhuma causa orgânica. Ao longo das sessões, revela-se uma mulher solitária, que se divide entre as aulas e a companhia da irmã, com quem vive em uma casa confortável desde a morte da mãe. Os sintomas da protagonista, interpretada pela atriz Helena Ranaldi, incluem mal-estar, apatia e dores que por vezes impedem o caminhar, descritos por Sigmund Freud como sinais físicos que refletem repressões e desejos inconscientes. Baseada em um caso clínico acompanhado pelo médico Ronaldo Levigard nos anos 80, a peça O caso Valkiria R., em cartaz no Rio de Janeiro, remete aos primeiros relatos do criador da psicanálise, como “o caso Dora” e “Anna O.”.

As cenas de sessões com o analista alternam-se com representações dos registros mentais de Valkiria. Em suas narrativas, a figura da irmã confunde-se com a imagem da própria mãe, que sofria de esquizofrenia e com quem Valkiria teve uma relação distante. Refém de padrões adquiridos na infância, ela sente necessidade de prestar contas à irmã e de parecer perfeita a seus olhos, ao mesmo tempo que nutre vários ressentimentos por ela. “Dr. Goldstein (Marcos Breda) a conduz no processo de aprender a enxergar essa relação de codependência com 'olhos de adulta'”, diz a atriz Yásmin Gazal, que vive a irmã da protagonista.

“Li casos clínicos e roteiros que envolviam conceitos da psicanálise. Inspirei-me na psicanalista Melanie Klein para compor a terapeuta que Valkiria teve na infância e em Freud para criar o psicanalista que ela encontrou quando adulta”, diz a roteirista Cláudia Süssekind, autora do texto, revisado pelo psicanalista Waldemar Zusman. O caso Valkiria R. retrata, em pouco mais de uma hora, várias facetas do processo analítico. Ao reviver e elaborar simbolicamente suas lembranças e afetos, a protagonista estabelece com seu analista o fenômeno clínico que Freud chamou de transferência. “O tratamento mostra que somos responsáveis por nossa vida. Como escreveu Freud, 'chega uma hora em que se deve renunciar a todos os pais e ficar de pé sozinho'”, diz Cláudia.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/peca_de_teatro_baseada_em_caso_clinico.html

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