Texto remete aos primeiros relatos do criador da psicanálise.
Uma professora de francês de pouco mais de 40 anos chega ao consultório do psicanalista Dr. Goldstein queixando-se de dores nas articulações. Decidiu procurá-lo depois de consultar vários médicos e não ter encontrado uma solução para o problema, que parecia não ter nenhuma causa orgânica. Ao longo das sessões, revela-se uma mulher solitária, que se divide entre as aulas e a companhia da irmã, com quem vive em uma casa confortável desde a morte da mãe. Os sintomas da protagonista, interpretada pela atriz Helena Ranaldi, incluem mal-estar, apatia e dores que por vezes impedem o caminhar, descritos por Sigmund Freud como sinais físicos que refletem repressões e desejos inconscientes. Baseada em um caso clínico acompanhado pelo médico Ronaldo Levigard nos anos 80, a peça O caso Valkiria R., em cartaz no Rio de Janeiro, remete aos primeiros relatos do criador da psicanálise, como “o caso Dora” e “Anna O.”.
As cenas de sessões com o analista alternam-se com representações dos registros mentais de Valkiria. Em suas narrativas, a figura da irmã confunde-se com a imagem da própria mãe, que sofria de esquizofrenia e com quem Valkiria teve uma relação distante. Refém de padrões adquiridos na infância, ela sente necessidade de prestar contas à irmã e de parecer perfeita a seus olhos, ao mesmo tempo que nutre vários ressentimentos por ela. “Dr. Goldstein (Marcos Breda) a conduz no processo de aprender a enxergar essa relação de codependência com 'olhos de adulta'”, diz a atriz Yásmin Gazal, que vive a irmã da protagonista.
“Li casos clínicos e roteiros que envolviam conceitos da psicanálise. Inspirei-me na psicanalista Melanie Klein para compor a terapeuta que Valkiria teve na infância e em Freud para criar o psicanalista que ela encontrou quando adulta”, diz a roteirista Cláudia Süssekind, autora do texto, revisado pelo psicanalista Waldemar Zusman. O caso Valkiria R. retrata, em pouco mais de uma hora, várias facetas do processo analítico. Ao reviver e elaborar simbolicamente suas lembranças e afetos, a protagonista estabelece com seu analista o fenômeno clínico que Freud chamou de transferência. “O tratamento mostra que somos responsáveis por nossa vida. Como escreveu Freud, 'chega uma hora em que se deve renunciar a todos os pais e ficar de pé sozinho'”, diz Cláudia.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/peca_de_teatro_baseada_em_caso_clinico.html
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