terça-feira, 31 de agosto de 2010

NEURUECE vai ao RioNeuro 2010


Concretizando seus preceitos de expandir e divulgar seus horizontes científicos, a Liga de Neurociências da UECE esteve presente no XIV Congresso Brasileiro de Neurologia, no Rio de Janeiro. Promovido pela Academia Brasileira de Neurologia, o RioNeuro 2010 congregou quase 3.500 participantes em 3 dias de atividades. Distribuídas em 10 ambientes, os ligantes João Brainer, Willian Lopes, Felipe Ramalho, Eurivaldo Valente e Rodger Maia tiveram a oportunidade de atualizar seus conceitos nos diversos campos da Neurologia. Ressalta-se ainda a participação de diversos orientadores NEURUECE, como os neurologistas João José,Artur D’Almeida, Gabriela Joca, Pedro Henrique, Rosivalda Marinho, George Linard e Norberto Araújo, além de diversos residentes do Hospital Geral de Fortaleza.

A NEURUECE apresentou três pesquisas em formato de pôster, sendo um relato de caso, um estudo retrospectivo em parceria com a Liga de Emergência e um estudo de prevalência no âmbito da educação médica.

Além das experiências ímpares conquistadas em 3 dias de RioNeuro, a NEURUECE redobra sua coesão para continuar desenhado e executando projetos que a tornam uma das mais importantes ligas de neurociências do país.
Que venha o NeuroGoiânia 2012!





segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Inflamação no cérebro pode acarretar obesidade e diabetes tipo 2


Especialista da Unicamp estuda relação entre hipotálamo e insulina. Gorduras saturadas prejudicam o equilíbrio para evitar as doenças.


Uma relação pouco cogitada há 15 anos ganha cada vez mais força no estudo das causas da obesidade: a inflamação do hipotálamo - uma estrutura com 1,5 cm³ que compõe o cérebro e é responsável pela regulação da fome e do gasto de energia - pode ser causada pela ingestão de gorduras saturadas e não somente pelo hábito de comer muito.

Como se não fosse suficiente, a alteração do órgão, apontada como uma das principais causas para a obesidade, também pode levar à alteração da função do pâncreas, local responsável pela produção de insulina. A substância transporta a glicose presente no sangue para dentro das células, permitindo a produção de energia, vital para o corpo sobreviver.

O pesquisador Lício Velloso, do departamento de Clínica Médica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estuda há dez anos a ligação entre a comida ingerida pelas pessoas com o ganho de peso e testou ratos em laboratórios para notar qual o efeito da mudança no hipotálamo para a regulação do peso.

As descobertas vão desde a identificação do órgão como responsável direto pelo ganho de peso até a ligação da inflamação com a falência das células pancreáticas em garantir ao corpo a insulina. O final da história é o aparecimento de diabetes tipo 2.


Apoptose


Inflamações no corpo são sempre indícios da possibilidade de apoptose, uma espécie de morte programada das células no corpo, segundo Lício. Durante o trabalho com camundongos swiss, com maior tendência a engordar, e wistar, menos propensos à doença, o pesquisador e sua equipe notaram que ocorre maior taxa de morte celular de neurônios inibidores no primeiro grupo. “A diferença foi de 6% a 7% entre os dois tipos de roedores”, afirma Velloso.

O efeito vem da inflamação do hipotálamo, causada pela presença de longas cadeias de ácidos graxos saturados, com mais de 14 átomos de carbono. O sistema imunológico do cérebro é ativado na presença dessas substâncias por serem parecidas com as encontradas em bactérias.

“O organismo é levado a pensar que há uma ameaça e então uma inflamação do órgão acontece”, explica o especialista. “Com a produção de citocinas para defesa do corpo, a função de um neurotransmissor do hipotálamo é afetada.”

Neurotransmissor
Velloso faz referência ao alfa-MSH, estrutura responsável por mandar sinais para inibir a fome e acelerar as atividades de gasto de energia. Localizado na região do núcleo arqueado do hipotálamo, o neurotransmissor responde à presença de insulina e leptina, ordenando o organismo a cessar a vontade de comer.

Mas a presença de processos inflamatórios faz com que o alfa-MSH desenvolva resistência às substâncias que alertam sobre as condições de reserva de energia disponíveis no organismo. “Com citocinas como a tumor necrosis factor (TNF), a vida dos neurônios é atrapalhada”, afirma Velloso.

Diabetes 2
A falência das células-beta das ilhotas de Langerhans, localizadas no pâncreas, levam ao desenvolvimento de diabetes tipo 2, junto com a resistência do corpo à insulina. A causa para a exaustão das estruturas responsáveis pela secreção de substância também está ligada à inflamação do hipotálamo.

“É a união de dois problemas: o hipotálamo não controla mais a fome e a pessoa fica obesa e, por outro lado, ainda atrapalha a função do pâncreas para secreção da insulina”, explica o pesquisador da Unicamp.

Sem a secreção, a glicose presente no sangue não consegue entrar nas células para produção de energia na forma de ATP.

Soluções
Enquanto remédios para diminuir ou eliminar a condição adversa no hipotálamo não surgem, Velloso acredita que a solução possa estar na mudança de práticas por parte dos fabricantes de comida. “Políticas de nutrição do governo precisam estimular a indústria alimentícia a substituir, nos alimentos industrializados, gorduras saturadas por insaturadas”, diz o especialista. “É o caso da troca do que faz mal ao corpo por ômega 3 e 9, por exemplo.”

Segundo Velloso, mesmo uma mulher com 1,70 metro e 65 quilos, ao ganhar 4 quilos, pode quase dobrar as chances de desenvolver diabetes tipo 2. O padrão também serve para os homens, ainda que de forma mais discreta.

“Há apenas 20 anos a OMS passou a encarar a obesidade como doença. Os passos são lentos, mas agora, pelo menos, nós sabemos que a causa está no hipotálamo”, diz Velloso. “A prática clínica ensina que recomendar dietas a obesos, pura e simplesmente, não adianta. É preciso mudar o padrão dos nossos alimentos.”

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Cientistas britânicos criam teste que diagnostica meningite em apenas 'uma hora'


Aparelho analisa amostra de saliva ou de sangue e pode ajudar a salvar vidas, segundo pesquisadores.

Cientistas da Queen's University, de Belfast e da Autoridade de Saúde da capital da Irlanda do Norte desenvolveram um teste revolucionário que pode diagnosticar em apenas uma hora se o paciente sofre de meningite.

Semelhante a uma impressora doméstica, o aparelho que faz o teste é portátil e acelera o resultado do exame, que atualmente demora entre 24 e 48 horas.

Um diagnóstico rápido da doença é vital para o tratamento de crianças pequenas com meningite meningocócica e septicemia, já que seu estado se deteriora em muito pouco tempo.

A meningite é a inflamação da meninge - membrana que protege e recobre o cérebro e a medula espinhal - e pode ser causada por vírus, bactérias ou fungos, entre outros fatores. A forma mais perigosa é a bacteriana, da qual a meningocócica faz parte.

Sintomas

"Os primeiros sintomas das infecções meningocócicas são os mesmos de uma virose, dificultando o diagnóstico nos estágios iniciais", afirma o cientista Mike Shields, da Queen's University, que liderou a pesquisa.

"Os pais normalmente usam o 'teste do copo' no corpo das crianças, mas as manchas vermelhas (que não somem mesmo quando o copo é pressionado sobre elas) normalmente associadas a um diagnóstico de meningite são um sintoma tardio que nem sempre está presente nas crianças que têm a doença."

A meningite meningocócica pode causar a morte de uma criança em uma questão de horas, se não for tratada, e também pode deixar sequelas como surdez e lesões cerebrais.

O grupo de maior risco e onde há maior incidência é o de crianças com menos de cinco anos de idade.

"Atualmente, médicos aceitam a internação e tratam com antibióticos qualquer criança sob suspeita de ter meningite meningocócica enquanto aguardam o resultado dos exames, que pode levar entre 24 e 48 horas", disse o professor.

"Algumas crianças não são diagnosticadas no estágio inicial da doença, enquanto outras são internadas e tratadas, 'pelo sim, pelo não', quando na verdade não têm a doença."

A meningite pode ser transmitida através do contato próximo com secreções respiratórias do paciente. O aparelho criado pelos pesquisadores examina uma amostra da saliva ou de sangue do paciente para avaliar se ele tem a doença.

Além de salvar vidas, o diagnóstico no estágio inicial pode melhorar o tratamento dos pacientes e ajudar a evitar as sequelas associadas à doença.

Testes

A máquina já está em fase de testes no pronto-socorro do Royal Victoria Hospital for Sick Children de Belfast.

"Não há nenhum outro exame que possa confirmar o diagnóstico em tão pouco tempo. Os exames atuais são caros e demorados."

"A identificação rápida da doença vai permitir aos médicos tomar decisões sobre o tratamento que podem salvar a vida dos pacientes. Se ele tiver os resultados em uma hora, poderá começar o tratamento apropriado imediatamente", afirmou Shields.

O aparelho, no entanto, ainda precisa ser testado por mais tempo para que seja avaliada a precisão dos resultados.

O estudo contou com o apoio da Fundação para a Pesquisa da Meningite da Grã-Bretanha (MRF, na sigla em inglês).

Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil foram registrados 19.708 casos de meningite em 2009, desses 2.603 eram de meningite meningocócica.

A vacina conjugada contra o meningococo do sorogrupo C passará a integrar o calendário básico da vacinação na rede pública a partir de agosto deste ano para crianças com menos de dois anos de idade, informou o Ministério.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

NEURUECE rompe fronteiras




Em ato inovador, a Liga de Neurociências da UECE, por meio do Diretório Nacional de Ligas de Neurociências do Brasil, propôs às principais ligas de neurociências do Diretório um termo de cooperação científica. De acordo com o Presidente da NEURUECE, João Brainer sugeriu que ações integradas de ensino, extensão e, principalmente, pesquisa sejam arquitetadas em comum acordo entre a NEURUECE e ligas interessadas. Assim, projetos aqui desenvolvidos podem ser realizados de forma multicêntrica, potencializando os campos de prática e permitindo a interação entre diferentes realidades acadêmicas.



A primeira liga a anunciar o acordo foi a Liga Acadêmica de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal da Paraíba, uma consagrada liga brasileira que agora soma esforços à NEURUECE à construção de um plano de ensino, pesquisa e extensão em neurociências no âmbito da formação médica de duas importantes universidades brasileiras.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sexo pode ajudar no crescimento de células do cérebro


Um estudo da Universidade Princeton, nos Estados Unidos, indica que o sexo pode ajudar células do cérebro a crescer e também é capaz de diminuir a ansiedade. Como pesquisas anteriores indicavam que eventos estressantes pode reprimir o crescimento de neurônios em adultos, os cientistas decidiram testar eventos contrários ao estudar o efeito do sexo em ratos. As informações são do Live Science.

Os pesquisadores colocaram no mesmo espaço ratos machos adultos e fêmeas sexualmente receptivas uma vez ao dia durante duas semanas e, com outros animais, apenas uma vez em duas semanas. Os cientistas mediram no sangue dos roedores os níveis de um hormônio conhecido como glucocorticoide, ligado ao estresse e que pode estar relacionado a efeitos prejudiciais ao cérebro causados por experiências desagradáveis.

Quando comparados com machos virgens, ambos os grupos de ratos sexualmente ativos apresentaram uma proliferação de células no hipocampo, área do cérebro ligada à memória e especialmente sensível a experiências desagradáveis. Os animais que tiveram um maior número de relações sexuais apresentaram também um crescimento no tamanho dos neurônios, assim como no número de conexões entre essas células.

Por outro lado, os roedores que viram as fêmeas apenas uma vez em duas semanas tiveram um aumento no hormônio ligado ao estresse, enquanto que o outro grupo não apresentou nenhum aumento. Os cientistas dizem que o grupo que mantinha relações sexuais diárias era mais rápido que os virgens para consumir alimentos em um ambiente desconhecido - o que indica menor ansiedade.

Os pesquisadores afirmam ainda que, se por um lado os hormônios do estresse podem fazer mal ao cérebro, esse efeitos podem ser anulados por uma experiência prazerosa. O estudo foi publicado no jornal especializado PLoS ONE.

sábado, 7 de agosto de 2010

Neurociência da Morte, o mecanismo da "Vida de Brian'' . ( New Scientist Magazine)


O artigo a seguir descreve como nosso cérebro pode nos dar uma "forcinha" diante da morte, elevando nossa auto-estima mesmo num momento tão tácito e entristecedor.



"IN A classic Monty Python moment, a chirpy, long-haired man on a crucifix urges others around him in a similar predicament to cheer up. Now neurologists have discovered what might be described as a "Life of Brian" brain mechanism that encourages us to look on the bright side of life - even when confronted by thoughts of mortality.

Shihui Han of Peking University, China, found activity in brain regions that normally deal with negative emotions and self-awareness are dampened when we process ideas about death. Han and colleagues placed 20 volunteers in functional MRI brain scanners while death-related words, such as graveyard, corpse, behead and slay, flashed up on a screen. Neutral and negative words were also displayed.

Unsurprisingly, words related to death activated brain areas already known to process unpleasant or threatening notions. More interestingly, they were associated with comparatively lower activity in the insula and the mid-cingulate (Neuropsychologia, DOI: 10.1016/j.neuropsychologia.2010.07.026).

The insula is associated with sense of self and awareness of sensations and movement. Further tests showed that the more participants associated specific words with death, the lower the activity in the insula. Damage to this region is associated with reduced emotional awareness and expression, sometimes resulting in socially inappropriate behaviour.

The mid-cingulate plays a role in regulating emotions and generating motor responses to threatening or emotionally unpleasant stimuli. People with smaller than average mid-cingulates are at increased risk of depression and attention deficit hyperactivity disorder.

"This study is interesting in that it looks at the awareness of death - a uniquely human quality," says Philip Servos, a cognitive neuroscientist at Wilfrid Laurier University in Waterloo, Canada. "It's not surprising that we have the ability to suppress our emotions in this context. What is unexpected is that it is expressed in these two relatively archaic structures in the brain."

retirado de : http://www.newscientist.com/article/mg20727723.900-human-brains-have-life-of-brian-mechanism.html?DCMP=OTC-rss&nsref=online-news

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pai descobre na internet tratamento para filha com doença rara


Jovem sofre de raro transtorno neurológico e tinha perdido as esperanças de conseguir tratá-lo

Um pai conseguiu convencer o sistema de saúde público britânico, o NHS, a financiar um remédio que ele encontrou na internet para tratar a filha doente.

Charlotte Durham, de 18 anos, que sofre de hipertensão intracraniana idiopática - um raro transtorno neurológico que aumenta a pressão interna no cérebro levando a dores de cabeça lancinantes e que pode causar cegueira - descreveu o tratamento como "um milagre".

O pai dela, Andy, descobriu pela internet um remédio que obteve bons resultados no tratamento de 24 pacientes da doença, de um grupo de 26, durante um estudo médico na Grécia.

A autoridade de saúde de South Staffordshire, onde mora a jovem, concordou em financiar o tratamento pelo NHS.

O sistema de saúde público britânico financia tratamentos e remédios para os pacientes, desde que tenham sido testados e aprovados pelas autoridades de saúde locais.

"Impressionante"
A autoridade explicou que a substância octreotide "normalmente não é financiada" para esta doença.

Ao comentar sua condição, a jovem disse: "Estava com medo de ficar cega. Todos os remédios que usei me deixaram pior, então, disse à minha mãe e ao meu pai: 'Estou desistindo'".

"Foi aí que meus pais falaram: 'Bem, nós não estamos desistindo, tem alguma coisa por aí que pode curá-la.' Foi aí que meu pai começou a procurar na internet."
Andy Durham descobriu que o remédio que, normalmente, é usado para problemas de crescimento anormal, havia ajudado pacientes de hipertensão intracraniana idiopática.

Charlotte corria o risco de ter que passar por uma cirurgia na qual o líquido cefalorraquidiano (LCR), que causa o aumento da pressão dentro do crânio, é drenado para outra cavidade corporal.

Mas seu pai convenceu o Hospital da Universidade de North Staffordshire a experimentar o uso da octreotide durante um tratamento de dez dias. O hospital então sugeriu o tratamento para as autoridades locais de saúde.


Tratamento


Em um comunicado, a autoridade local de saúde afirmou: "A autoridade local concluiu que este caso tem circunstâncias clínicas excepcionais por conta da condição de Charlotte ser incomum, mesmo entre pacientes em condições similares, e ela não responder ao tratamento comumente recomendado para esta doença".

"Sua resposta inicial a este tratamento foi animadora."

Segundo o neurologista Brendam Davies, da Clínica Regional de Dores de Cabeça de North Midlands, "o caso de Charlotte ressalta a necessidade de financiamento de mais pesquisas clínicas sobre o tratamento efetivo de hipertensão intracraniana idiopática".

A doença normalmente atinge mulheres jovens e obesas.

Charlotte afirmou que o risco de cirurgia é coisa do passado, e que ela nem pensaria em tomar outro remédio agora.

Seu pai explicou: "Você faria qualquer coisa por seus filhos, qualquer coisa. Eu não podia aceitar que o tratamento disponível no serviço público era tudo o que havia".

Fonte: G1