sábado, 28 de abril de 2012

Por que nem todos aprendem com os erros.

Pessoas que acreditam que a inteligência é flexível são mais propensas a refletir sobre como melhorar seu desempenho e, assim, errar menos no futuro.
A inteligência pode aumentar com a vontade de aprender? Sua resposta a essa pergunta pode dizer muito sobre como você percebe seus erros e, consequentemente, como os transforma em conhecimento. Um estudo publicado na Psychological Science mostra que pessoas que acreditam que a inteligência é flexível são mais propensas a refletir sobre como melhorar seu desempenho e, assim, errar menos no futuro. Pesquisadores da Universidade do Estado de Michigan instruíram 25 alunos de pós graduação sobre uma tarefa simples e repetitiva no computador: deviam observar sequências de letras que se sucediam na tela e apertar o botão sempre que vissem determinado padrão, definido antes do exercício. Cada vez que erravam, aparecia uma mensagem de erro na tela. Eles tiveram o cérebro monitorado durante o experimento, e os pesquisadores observaram que, quando erravam, as imagens sinalizavam duas tênues respostas elétricas. A primeira reação é a percepção do equívoco, e a segunda é o desejo de consertar esse deslize. Esse conceito surgiu quando os alunos foram questionados sobre o que pensavam a respeito da flexibilidade da inteligência. Os “inclinados ao crescimento”, segundo os pesquisadores, eram os mesmos que apresentaram respostas cerebrais mais intensas. Esses voluntários também erraram menos em seguida. “Todos perceberam que tinham de prestar mais atenção e seguir mais devagar na tarefa, mas apenas os inclinados ao crescimento de fato fizeram algo com essa informação e progrediram, certamente porque se concentraram na experiência e não apenas no resultado”, explica o psicólogo clínico Jason Moser, autor do estudo. Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/por_que_nem_todos_aprendem_com_os_erros.html

Beleza e amor.

Apreciar uma obra de arte e admirar a pessoa amada estimulam as mesmas áreas neurais.
Pessoas apaixonadas tendem a considerar sua cara-metade bonita, ainda que ela esteja longe de se encaixar nos padrões vigentes. Essa percepção ocorre porque amor e beleza ativam as mesmas regiões do cérebro. É o que sugere um estudo publicado na revista PLoS ONE – obras de arte estimulam áreas ligadas ao desejo e à sensação de euforia e bem-estar. O neurobiólogo Semir Zeki e seus colegas do Laboratório de Neurobiologia da College London, na Inglaterra, exibiram a 21 pessoas de diferentes culturas mais de100 pinturas e composições musicais. Elas deveriam dizer se achavam as obras bonitas, feias ou indiferentes. Em seguida, os cientistas mostraram novamenteas produções aos voluntários, dessa vez monitorando sua atividade cerebral. Constataram que o cérebro dos participantes do estudo não apresentou reação significativa quando olhavam ou ouviam obras que não achavam bonitas nem feias. As imagens que eles acharam belas ativaram intensamente o córtex medial orbitofrontal, considerado por muitos pesquisadores uma parte do sistema límbico, responsável por processos relacionados ao desejo e à avaliação de valor e beleza. Para Zeki, quando algo nos agrada esteticamente, há maior chance de desejá-lo. No experimento, foi observado principalmente o caso da arte visual: diante das obras preferidas, havia maior ativação do núcleo caudado, parte do cérebro que, como mostram pesquisas anteriores, reage quando olhamos para fotografias da pessoa amada. Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/beleza_e_amor.html

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Palavras “hã” e “hum” preparam criança para aprendizado.

Lacunas no discurso ajudam os pequenos a supor o significado do próximo vocábulo.
O hábito de fazer muitas pausas durante uma explicação normalmente é visto como sinal de insegurança ou indício de que a história narrada não é verdadeira. No entanto, uma pesquisa publicada pela Science demonstra que interromper uma frase e usar “palavras de preenchimento” como “hã” e “hum” enquanto falamos com as crianças pequenas pode ajudá-las a supor o significado do próximo vocábulo. Ao que tudo indica, elas pressupõem que depois dessa lacuna no discurso virá uma palavra nova e interessante. Em seu experimento, a linguista Celeste Kidd, da Universidade de Rochester, em Nova York, e sua equipe mostraram a crianças de 2 a 3 anos diversos pares de imagens contendo um objeto do qual elas sabiam o nome e outro que ainda não haviam aprendido como chamar. Quando os pequenos ouviam: “Olhe para o... hum...”, eles se voltavam rapidamente para o que ainda era desconhecido – antes mesmo de o adulto terminar a frase. Quando o pedido era feito em um discurso fluente, as crianças só direcionavam o olhar para o que fora indicado após receber a instrução completa. Os pesquisadores acreditam que os pequenos não associam palavras de preenchimento a determinado objeto, mas julgam-nas como indício de que a mensagem seguinte será diferente das costumeiras. O que ainda não se sabe é como eles conseguem fazer essa associação. Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/palavras_-ha-_e_-hum-_preparam_crianca_para_aprendizado.html

Abelhas sofrem oscilações de humor.

Situações que causam medo diminuem níveis de determinados neurotransmissores e alteram o comportamento dos insetos.
Alterações de humor podem ser facilmente detectadas em cães ou em gatos, por exemplo. A novidade é que talvez abelhas também vivenciem diferentes sentimentos ao longo do dia – mesmo sem terem córtex, amígdala e outras estruturas cerebrais normalmente associadas às emoções. Essa é a conclusão de um estudo coordenado pela zoóloga Geraldine Wright, da Universidade de Newcastle, no Reino Unido. A princípio, os pesquisadores preparam cinco soluções com odores diferentes entre si, feitas com quantidades variadas dos compostos químicos hexanol e octanone, e adicionaram doses distintas de sacarose¬ – que é saborosa para as abelhas por ser doce – ou de quinino, uma substância amarga geralmente evitada por esses insetos. Depois de aprenderem a associar os odores às soluções, os animais responderam estendendo ou retraindo a probóscide (órgão do aparelho bucal, responsável por capturar os alimentos), de acordo com o que era oferecido. Em seguida, os cientistas estressaram metade das abelhas, colocando-as por um minuto em um equipamento que simula o tremor gerado na colmeia quando ela é atacada por predadores. Por fim, os animais foram testados com as misturas de hexanol e octanone. Como previsto, os dois grupos eram mais propensos a avançar no alimento doce e evitar o amargo. Curiosamente, porém, os insetos que foram agitados se mostraram menos interessados nos odores intermediários, ao contrário do grupo de controle, que preferiam “arriscar” e experimentar o alimento. Segundo os pesquisadores, o estresse deixou as abelhas pessimistas, o que fez com que elas interpretassem o odor ambíguo como “meio amargo”, em vez de “meio doce”. Os estudiosos observaram, ainda, que a simulação de ataque diminuiu os níveis dos neurotransmissores octopamina, dopamina e serotonina, responsáveis pelas sensações de calma, prazer e bem-estar. Além de ser importante para melhor compreensão sobre o comportamento das abelhas, a descoberta pode ajudar, futuramente, em pesquisas sobre depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/abelhas_sofrem_alteracoes_de_humor.html

Jejum pode ajudar a proteger cérebro, diz estudo.

Jejuar um ou dois dias por semana pode proteger o cérebro contra doenças degenerativas como mal de Parkinson ou de Alzheimer, segundo um estudo realizado pelo National Institute on Ageing (NIA), em Baltimore, nos Estados Unidos.
"Reduzir o consumo de calorias poderia ajudar o cérebro, mas fazer isso simplesmente diminuindo o consumo de alimentos pode não ser a melhor maneira de ativar esta proteção. É provavelmente melhor alternar períodos de jejum, em que você ingere praticamente nada, com períodos em que você come o quanto quiser", disse Mark Mattson, líder do laboratório de neurociências do Instituto, durante o encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Vancouver. Segundo ele, seria suficiente reduzir o consumo diário para 500 calorias, o equivalente a alguns legumes e chá, duas vezes por semana, para sentir os benefícios. O National Institute of Ageing baseou suas conclusões em um estudo com ratos de laboratório, no qual alguns animais receberam um mínimo de calorias em dias alternados. Estes ratos viveram duas vezes mais que os animais que se alimentaram normalmente. Insulina Mattson afirma que os ratos que comiam em dias alternados ficaram mais sensíveis à insulina - o hormônio que controla os níveis de açúcar no sangue - e precisavam produzir uma quantidade menor da substância. Altos níveis de insulina são normalmente associados a uma diminuição da função cerebral e a um maior risco de diabetes. Além disso, segundo o cientista, o jejum teria feito com que os animais apresentassem um maior desenvolvimento de novas células cerebrais e se mostrassem mais resistentes ao stress, além de ter protegido os ratos dos equivalentes a doenças como mal de Parkinson e Alzheimer. Segundo Mattson, a teoria também teria sido comprovada por estudos com humanos que praticam o jejum, mostrando inclusive benefícios contra a asma. "A restrição energética na dieta aumenta o tempo de vida e protege o cérebro e o sistema cardiovascular contra doenças relacionadas à idade", disse Mattson. A equipe de pesquisadores pretende agora estudar o impacto do jejum no cérebro usando ressonância magnética e outras técnicas. Fonte: http://www.neurolab.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1118&catid=44:noticias-de-neurociencias-e-neurologia&Itemid=28

"Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade."

Mais conhecido com TDAH, o transtorno dó déficit de atenção e hiperatividade, é um dos distúrbios de comportamento mais comuns na infância.
Ele se caracteriza pela dificuldade persistente em prestar atenção e/ou pelo comportamento hiperativo. Na maior parte dos casos, a herança genética é a causa mais provável, entretanto essa predisposição, pode interargir com vários fatores como a exposição do feto a certas toxinas (p.ex. nicotina, álcool), danos cerebrais intrauterinos ou no início da vida e alergias a comidas. O ambiente familiar contribui para aumentar a gravidade do caso. Foi encontrado também, algumas anomalias cerebrais, como o baixo nível de dopamina. Em geral estas crianças tem outros problemas associados ao transtorno como a depressão, ansiedade, baixa auteestima e dificuldade de fazer amizades. O Trantorno de divide em 3 tipos, segundo a forma predominante do comportamento: -Desatenção- falta de atenção e concentração. -Hiperatividade/impulsividade- inquietação, atividade excessiva, impulsividade. -Combinado- apresenta também outros sintomas, como falta de atenção, hiperatividade e impulsividade. Fonte: http://cerebro-online.blogspot.com.br/search/label/TDAH

Fritura pode aumentar o risco de derrame em mulheres mais velhas.

Mulheres mais velhas que consomem altas doses do tipo de gordura encontrado em frituras têm maior risco de sofrer derrames do que mulheres com uma dieta baseada em baixos índices de gordura, aponta uma pesquisa americana. No entanto, o uso de aspirina pode reduzir o risco, afirmaram os pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, cujas descobertas foram publicadas nos Anais de Neurologia.
A informação veio de um grande estudo que analisou mulheres pós-menopausa e seu hábitos alimentares e incluiu mais de 87 mil mulheres com idades entre 50 e 79 anos que estavam com boa saúde na época dos estudos. As mulheres que declararam ter uma dieta rica em gordura trans, ou seja 6,1 gramas por dia, apresentaram risco 39% maior de derrame devido à possibilidade de artérias bloqueadas do que as que consumiam 2,2 gramas diárias desse tipo de nutriente. Os cientistas não encontraram nenhuma relação significativa entre o risco de derrame e a quantidade de outros tipos de gordura na dieta das mulheres, ou seu nível de colesterol. Mas o uso de aspirina demonstrou uma redução das consequências do consumo de gordura trans para o risco de derrame, que atinge aproximadamente 800 mil pessoas nos Estados Unidos por ano e é a quarta maior causa de morte no país. "Nossas descobertas confirmam que mulheres pós-menopausa com grande consumo de gordura trans aumentaram as chances de derrame, mas a utilização de aspirina diminuiu os efeitos adversos", afirmou o principal autor Ka He, da Faculdade de Saúde Pública da UCN. "Recomendamos uma dieta pobre em gordura trans e o uso de aspirina para ajudar as mulheres a reduzir o risco da doença, especificamente após a menopausa". A gordura trans está decaindo nos Estados Unidos devido a uma campanha de saúde pública e legislação que baniu seu uso em muitos restaurantes de fast food e no preparo de alimentos. Mas ela não desapareceu completamente. "Gorduras trans são raras na natureza, mas comuns em comidas geradas por um processo chamado hidrogenação parcial, que é quando um óleo vegetal líquido é transformado em gordura sólida", explicou a diretora das iniciativas de saúde pública do Sistema Único de Saúde Judaica de North Shore-Long Island, em Nova York. Copperman, que não tem envolvimento com a pesquisa, acrescentou que outros hábitos das mulheres que consumiam muita gordura trans também não eram saudáveis, como falta de atividade física, fumo, e alto índice de diabetes. "Encorajar e apoiar as mulheres a terem hábitos alimentares que evitem a gordura trans e incluir no cotidiano gorduras saudáveis e atividade física são um grande passo para prevenir o derrame e outras doenças ligadas ao estilo de vida seguido", afirmou. Fonte: http://www.neurolab.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1121&catid=44:noticias-de-neurociencias-e-neurologia&Itemid=28

"Transtorno Bipolar e o risco de suicídio".

O transtorno bipolar(TB) é caracterizado por uma oscilação de humor que pode incluir eutimia, depressão ou mania/hipomania. O perfil psicológico do TB pode se associar a diversas alterações,incluindo déficit de memória verbal, disfunções executivas, entre outros.
Sabe-se que o TB, é uma das condições neuropsiquiátricas que mais se associam a comportamentos suicidas. Alguns estudos investigaram influencia de comorbidade para o risco de suicídio. Neves e sua equipe demonstraram que, dentre os portadores de TB,aqueles que também tinham um diagnóstico de transtorno de personalidade Boderline e etilismo,tinham maiores chances de tentar suicídio. Estudos utilizando avaliacões de neuropsicologia também podem auxiliar na identificacãodos indivíduos que apresentam riscos para a tentativa de suicídio .Malloy-Diniz e colaboradores, compararam portadores de TB que haviam tentado se suicidar com aqueles que nunca tentaram. Os resultados demonstraram que os portadores com tentativas pretéritas de suicídio apresentaram piores resultados em tarefas de avaliação de tomada de decisão,revelando maior impulsividade neste grupo. Fonte: http://cerebro-online.blogspot.com.br/search/label/transtorno%20bipolar

Bastava o olhar do pai.

Mudanças na forma de lidar com os filhos, na tentativa de não impor limites muito rígidos e diminuir o conflito de gerações, trouxeram consigo a banalização da autoridade em relação as figuras paternas.
Nós, que vivemos nossa infância e adolescência nas décadas de 50 ou 60, já dissemos e ouvimos muitas vezes a frase: “Bastava o olhar de meu pai...”. Ou ainda: “Meu pai não precisava nem falar!...” Nessa época, a autoridade paterna e o respeito que os pais impunham aos filhos nem de longe podiam ser questionados. Mesmo aqueles pais identificados como amorosos e próximos impunham um limite que muito dificilmente seria ultrapassado ou sequer questionado pelos filhos. De lá para cá muitas águas rolaram. As mulheres foram à luta, conquistaram um lugar ao sol e, mais do que isso, mudaram a configuração da família na atualidade. Com os conhecidos acontecimentos das décadas de 60 e 70, os valores da família patriarcal foram, em sua maioria, colocados em cheque. Tudo que lembrasse uma relação de autoridade vertical passou a ser emblema de autoritarismo, portanto, alvo de veemente contestação. Os jovens que fizeram as “revoluções” de 60 e 70 inauguraram uma geração de pais e mães que se propunham a construir novas relações com seus filhos, estabelecendo-as em outras bases. Idealizaram: “Seremos para nossos filhos o que nossos pais não foram para nós. Mais próximos e mais amigos. Não vamos lhes impor limites muito rígidos. Desta maneira, descobrirão o que é melhor para eles. Diminuiremos os conflitos de gerações e poderemos continuar conversando com nossos filhos aos 40, 50, 60 anos”. Mas, a maioria, empurrados pelos “ïmperativos” de modernização e de consumo, só puderam perseguir esse ideal como prescrição, ao pé da letra. Substituíram a angústia da construção de um “novo modelo de ser pai e mãe” pela posição confortável de não serem pais, mas amigos. Vestiram-se e dançaram como os filhos, trocaram confidências sobre sexo e compartilharam drogas. Compactuaram com suas pequenas e grandes violências e transgressões. Acreditaram, assim, estar produzindo uma geração livre e responsável e não perceberam que ao se retirarem do lugar de pais, ao se colocarem no lugar de “amigos dos filhos”, não estavam construindo para eles uma alternativa. Ou seja, não construíram novas referências de pais, apenas fizeram com os filhos uma espécie de aliança para contestarem um modelo de pais. Daí os discursos, tão frequentes na atualidade, de que é difícil ser pai e mãe hoje em dia. Não se sabe como cuidar dos filhos. Não se sabe o que fazer com eles. E assim assistimos perplexos ao surgimento de pais, ora impotentes e descabelados, ora extremamente violentos e desmedidos, buscando nas soluções mais radicais a forma de se relacionarem com os filhos. Quem lida hoje com crianças e adolescentes de todas as classes sociais – nas escolas, consultórios ou outras instituições – sabe que eles estão sendo estuprados, espancados e expulsos de casa. Está na hora, portanto, de repensar nosso lugar de pais e de adultos responsáveis pelos cuidados e formação de novas gerações, para que não nos reste apenas o ideal impossível de resgatar os encantos, as doçuras e as amarras do “porto seguro” de um pai que bastava olhar. Afinal, não seria justo, nem com nossa geração nem com as gerações futuras, atirar no lixo as conquistas e os ideais de liberdade e de uma sociedade melhor. Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/bastava_o_olhar_do_pai.html

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Pais esperam mais de filhos que “custam caro”

Os adultos desejam que ganhos afetivos compensem renúncias econômicas.
Camisas do time de futebol, aulas de instrumentos musicais ou reforço escolar são despesas que, em geral, fazem parte do orçamento de quem tem filhos. Segundo artigo publicado por Psychological Science, gastos desse tipo influem diretamente nas expectativas em relação às crianças. Psicólogos da Universidade de Waterloo, no Canadá, pediram a voluntários com filhos que lessem um texto. O documento descrevia estimativas do governo sobre custos de alimentação, vestuário e lazer até os 18 anos – cifra que chegava perto de US$ 200 mil. Em seguida, metade dos participantes foi convidada a ler mais um artigo, sobre o apoio econômico que os pais recebiam mais tarde dos filhos adultos. Aqueles que receberam apenas o primeiro texto para leitura se mostraram mais propensos, quando questionados pelos pesquisadores, a concordar com afirmações que enfatizavam os efeitos emocionais da paternidade, como “não há nada mais recompensador na vida que ter um filho”. Segundo o autor do estudo, o psicólogo Richard Eibach, essa racionalização é uma resposta comum para a dissonância cognitiva – quando há duas ideias conflitantes na mente. Ou seja, a decisão de ter um bebê envolve um balanço, mesmo que inconsciente, de encargos emocionais e materiais, a ponto de os pais concluírem que os ganhos afetivos precisam compensar as renúncias econômicas. Essa visão está fortemente vinculada a mudanças socioeconômicas. Há algumas décadas, as crianças significavam mais braços para ajudar na lavoura, por exemplo, incrementando a renda familiar. “À medida que a decisão de aumentar a família foi ficando mais cara, começamos a fantasiar sobre ser pais, convencendo-nos de que criar filhos é prazeroso”, diz Eibach. Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/pais_esperam_mais_de_filhos_que_-custam_caro-.html

Efeitos analgésicos do amor.

Olhar fotos de pessoas que amamos pode diminuir dor física.
Sentimentos amorosos ativam sistemas primitivos no organismo, o que causa um impacto direto na forma como sentimos dor, atenuando a sensação de desconforto. A constatação é do o cientista americano Sean Makey, da Universidade de Stanford, na Califórnia. Para investigar esse efeito “analgésico” do afeto – em especial da paixão – o pesquisador analisou 15 universitários que declararam estar “loucamente apaixonados”. Cada estudante deveria levar uma foto da pessoa pela qual estava enamorado e outra imagem de alguém que achasse atraente, mas com quem não tivesse nenhuma ligação romântica. Durante os testes, os participantes deveriam segurar um objeto que poderia ficar muito quente ou muito frio – de acordo com regulagem feita pelos cientistas – o que causava dor em algumas vezes. Enquanto isso, os jovens deveriam olhar para as fotografias que haviam levado e, em seguida, definir o grau de dor sentida. Os resultados mostraram que a imagem da pessoa amada realmente diminui a sensação de dor, o que não aconteceu quando os voluntários olhavam para alguém que considerado atraente. Os pesquisadores associam o fato à liberação de ocitocina, um hormônio que regula a reprodução em mamíferos, incluindo os processos de lactação e parto. Além disso, a ocitocina influencia em comportamentos sociais como o estabelecimento de vínculo entre parceiros e entre mãe e filho. Segundo Makey, ainda é muito cedo para que os médicos receitem “paixão”, mas ele acredita que a descoberta pode auxiliar em determinados tratamentos. Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/efeitos_analgesicos_do_amor.html

Homens e mulheres têm mais em comum do que parece.

Pesquisa mostra que diferenças comportamentais entre os gêneros são menos marcantes do que os falsos estereótipos nos fazem pensar.
Um estudo sobre gênero, desenvolvido pela professora de psicologia Janet Shibley Hyde, da Universidade de Wisconsin, em Madison, revela que as diferenças entre homens e mulheres talvez não sejam tão marcantes como muitos pesquisadores acreditam . Para chegar a essa conclusão, Hyde realizou a revisão dos 46 estudos sobre o gênero mais importante dos últimos 20 anos. “Claro que há diferenças emocionais e cognitivas entre os sexos. Os homens, de fato, são mais agressivos fisicamente”, observa. Já os problemas de autoestima na adolescência, geralmente associados ao comportamento feminino, afetam igualmente os rapazes. Mas para a psicóloga, o estudo mostra que tendemos a nos concentrar mais nas diferenças do que nas similaridades e exageramos qualquer descoberta científica que aponte os pequenos contrastes. “Se aceitamos que os homens não se comunicam bem, quais as implicações disso para o casamento? Por que uma mulher tentaria conversar com o marido para resolverem seus problemas se ele fosse incapaz de compreendê-la?”, questiona. “Se temos certeza de que os meninos são melhores em matemática, ignoramos o talento matemático de muitas meninas.” Isso implica limitação das oportunidades profissionais das mulheres em áreas tecnológicas e científicas. “Em vez de continuarmos a acreditar em psicólogos de programas de auditório, precisamos dar ouvidos a dados científicos que nos dizem quando estamos nos aferrando a falsos estereótipos”, sugere Hyde. Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/homens_e_mulheres_tem_mais_em_comum_do_que_parece.html

terça-feira, 24 de abril de 2012

Mostra em Londres exibirá parte e modelo do cérebro de Einstein.

Um pedaço do cérebro de Albert Einstein (1879-1955) é um dos destaques da exposição "Cérebro: A Mente como Matéria", em cartaz a partir desta quinta-feira até 17 de junho no centro de exposições Wellcome Collection, em Londres.





A mostra tem como objetivo explorar o que os humanos fizeram com cérebros em nome da medicina, da pesquisa científica, das relações sociais e da tecnologia, reunindo "o que artistas e cientistas investigaram, nas últimas centenas de anos, sobre a natureza cerebral - medindo, classificando, mapeando e tratando" os órgãos, explicam os organizadores da exposição.


É a primeira vez que uma parte do cérebro de Einstein será colocado em exibição na Grã-Bretanha. O corpo do genial cientista foi cremado, mas, segundo o jornal The Guardian, o patologista Thomas Harvey, responsável pela autópsia, disse que o filho de Einstein deu-lhe permissão para preservar o cérebro para pesquisas (alegação que posteriormente foi contestada).



Esta imagem mostra uma foto e um modelo do cérebro de Albert Einstein em exposição no museu Wellcome Collection, em Londres
Foto: Miguel Medina/AFP



Harvey dividiu o cérebro em 240 partes, e duas delas estão sendo exibidas em Londres. A mostra também conta com cerca de outros 150 objetos, entre cérebros inteiros preservados, desenhos do órgão, vídeos, fotos e manuscritos com estudos.

Segundo os organizadores, esses objetos mostram "a longa jornada para manipular e decifrar o mais especial e misterioso dos órgãos humanos, cujos segredos continuam a nos confundir e inspirar".

Cérebro mumificado
O curador convidado da exposição, Marius Kwint, disse à BBC que outro destaque é um cérebro mumificado do Egito Antigo, de quase 5 mil anos atrás. Também estão expostos cérebros preservados de pessoas completamente diferentes entre si: por exemplo, o do assassino do século 19 Edward Rulloff, dono de um dos maiores cérebros de que se tem notícia, acusado de ter matado sua mulher e filho e sentenciado à morte em 1871, por um outro assassinato cometido em Nova York em 1871; e o de Helen H. Gardener (1853-1925), uma respeitada defensora do voto feminino, que doou seu cérebro à ciência na tentativa de provar que cérebros de homens e mulheres eram igualmente capazes.

Fonte: http://www.neurolab.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1125:mostra-em-londres-exibira-parte-e-modelo-do-cerebro-de-einstein&catid=44:noticias-de-neurociencias-e-neurologia&Itemid=28

Lobotomia faz 75 anos: De cura milagrosa a mutilação mental.




É a retirada de uma parte do cérebro. "Cada hemisfério do nosso cérebro é dividido em quatro partes ou lobos que são chamados frontal, occipital, parietal e temporal" , explica o neurologista Saul Cypel, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. "A retirada do lobo pode ser total ou parcial." Em épocas antigas, a lobotomia era usada em pacientes com certos tipos de doenças mentais como forma de acalmá-los. Atualmente, nesses casos a técnica cirúrgica foi substituída por medicamentos ou psicoterapia. A lobotomia pode ser usada, por exemplo, para extrair tumores. Entretanto, a retirada de uma área do cérebro pode afetar as funções relacionadas com ela. Se for extraída a parte posterior do lobo frontal esquerdo, a fala pode ficar comprometida. "Quando a lobotomia é feita até por volta dos 3 anos de idade, o outro hemisfério do cérebro pode assumir a função da parte extraída, e não haverá seqüelas", explica Cypel. A lobotomia é também usada em casos de epilepsia, quando o problema não pode ser controlado com tratamento convencional. Retira-se um foco epiléptico localizado, ou seja, a região do cérebro responsável pelas descargas neuronais que causam as convulsões.

A lobotomia, mais adequadamente denominada leucotomia, é uma intervenção cirúrgica realizada no cérebro, na qual são seccionadas as vias que comunicam os lobos frontais ao tálamo e outras vias frontais associadas. Antigamente, foi muito utilizada em casos severos de esquizofrenia, sendo considerada a técnica pioneira e de maior sucesso na psicocirurgia.
Esta técnica foi desenvolvida pelo médico neurologista português Antônio Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, realizando-a pela primeira vez no ano de 1935, juntamente com a participação de outro médico cirurgião Almeida Lima. Para o desenvolvimento da lobotomia, Moniz baseou-se em achados que tinha feito anos antes, de que determinados sintomas neurológicos induzidos em chimpanzés poderiam ser reduzidos por meio da secção de nervos que conectam o córtex pré-frontal com o restante do cérebro. A partir de então, Moniz criou uma técnica denominada leucotomia que se resumia em seccionar tratos de fibras que conectam o tálamo ao lobo frontal, utilizando-se uma faca especial, chamada de leucótomo.

A princípio, esta técnica foi utilizada no tratamento de depressão profunda, sendo que Moniz sempre defendeu o seu uso somente em casos graves, nos quais houvesse risco de suicídio ou violência. Embora aproximadamente 6% dos pacientes tenham morrido em decorrência da operação, enquanto outros diversos ficaram com alterações exacerbadas de personalidade, a técnica foi utilizada entusiasmadamente em diversos países, como Japão e Estados Unidos. Neste último, a técnica foi popularizada pelo cirurgião Walter Freeman, responsável por criar uma variante da cirurgia, na qual se espetava um picador de gelo diretamente no crânio do paciente, desde um ponto localizado acima do canal lacrimal, com o auxílio de um martelo, girando-o, em seguida, para destruir as fibras nervosas ali presentes.

Esta técnica tornou-se popular, pois, além de apresentar baixo custo, havia o desejo de silenciar pacientes psiquiátricos, que eram considerados incômodos. Também foi utilizada em crianças que apresentavam mau comportamento. Assim que surgiram os primeiros medicamentos antipsicócitos, essa técnica foi abandonada, sendo banida de grande parte do mundo na década de 50. Atualmente, o uso dessa técnica é considerado como um dos episódios mais bárbaros da história da Psiquiatria.

Nos dias de hoje, a leucotomia que foi desenvolvida por Moriz não é mais utilizada. Contudo, ainda são praticadas algumas técnicas oriundas da leucotomia original, mas que causam lesões em regiões bem específicas. Efeitos secundários dessa técnica quase não são observados, mas por se tratar de uma técnica irreversível e que causa alterações na personalidade do paciente, é utilizada apenas como último recurso, como casos de dores crônicas intratáveis, neurose obsessiva, ansiedade crônica ou depressão profunda prolongada.


Fontes: http://super.abril.com.br/saude/lobotomia-488051.shtml
http://www.infoescola.com/medicina/lobotomia/

Substâncias da maconha podem amenizar sintomas do câncer, fobia social e aids.

O canabidiol, componente químico da erva com efeito antipsicótico, tem se mostrado eficaz para controlar ansiedade ao falar em público; o psicoativo THC reduz náuseas e dores.




Os efeitos psicoativos da Cannabis sativa são conhecidos há milênios – na China de 2700 a.C, por exemplo, a erva era cultivada e prescrita como tranquilizante. Entretanto, seu principal componente químico, o delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC), foi descoberto há pouco mais de uma década. Cientistas israelenses observaram que essa substância interagia com receptores localizados em áreas do cérebro associadas a processos básicos de sobrevivência, como regulação do apetite e controle de movimentos. Pesquisas que acompanham a ação e os efeitos dos componentes químicos da maconha, os canabinoides, mostram que essas substâncias têm potencial para atenuar a percepção de dor em pacientes com HIV e câncer e para tratar sintomas de fobia social.


Estudos do Center for Medicinal Cannabis Research (CMCR) da Universidade da Califórnia apontam que o THC age significativamente sobre a percepção da dor, revelando-se útil para o tratamento das reações adversas da quimioterapia em pacientes com câncer, como náusea – o que pode ser explicado pela presença de receptores canabinoides no tronco encefálico, envolvido no reflexo do vômito. A substância também parece agir sobre as dores da neuropatia periférica – perda da sensação de toque ou mesmo sensibilidade excessiva da pele – em pessoas com HIV. Os efeitos foram verificados em pacientes que inalaram a erva.


Até agora foram identificados, entre os quase 400 componentes químicos da maconha, cerca de 80 fitocanabinoides, entre eles o THC e o canabidiol (CBD), os mais estudados. Em estudo publicado este ano, os psiquiatras Antônio Zuardi e José Alexandre Crippa, da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão de Preto, testaram o potencial do canabidiol na atenuação da ansiedade em pessoas com fobia social. Os pesquisadores observaram, por meio de monitoramento cerebral, que, após ingerirem uma única cápsula com a substância, os voluntários apresentaram menor nível de ansiedade ao falar por alguns minutos diante de uma câmera.


“O cérebro reage à Cannabis porque produz e libera naturalmente substâncias equivalentes às encontradas na planta. De forma simplificada, produzimos uma espécie de 'maconha interna'– os endocanabinoides”, explica o neurobiólogo Sidarta Ribeiro, diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O sistema endocanabinoide responde a substâncias sintetizadas pelo próprio organismo e àquelas presentes na maconha. A diferença está na maior especificidade – em que partes do cérebro e em que circunstâncias os canabinoides endógenos agem – e nas quantidades liberadas, mais reduzidas em comparação com a erva.


Cientistas acreditam que propriedades da maconha podem ajudar a entender mecanismos da dor, da memória e de doenças degenerativas.


Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/substancias_presentes_na_maconha_podem_amenizar_sintomas_associados_a_hiv_cancer_e_fobia_social.html

Boas notícias sobre estimulação cerebral profunda na depressão.

Um novo estudo fornece dados adicionais sobre a segurança e eficácia a longo prazo da estimulação cerebral profunda no cíngulo sub-caloso em pacientes com depressão resistente ao tratamento, incluindo aqueles com transtorno bipolar.




Os resultados mostram que após 2 anos de estimulação a longo prazo, houve uma taxa de resposta de 92% e uma taxa de remissão de 58% em 12 pacientes no estudo. Nenhum paciente que atingiu remissão teve uma recaída espontânea da depressão.

“Esta é a primeira vez que pacientes bipolares foram incluídos em um estudo de estimulação cerebral profunda de forma substancial”, disse o autor Paul E. Holtzheimer, MD, professor associado de psiquiatria e cirurgia e Diretor do Serviço de Transtornos do Humor, Dartmouth Medical School, Lebanon, Nova Hampshire. “Apesar de nossa amostra ter apenas 7 pacientes bipolares, é de fato a maior coorte com transtorno bipolar a se submeter a estimulação cerebral profunda para a depressão.”

Os achados foram publicados online em 2 de janeiro no periódico Archives of General Psychiatry.

Fase sham

O estudo incluiu 17 pacientes adultos (10 com transtorno depressivo maior e 7 com transtorno bipolar) que não tinham respondido a pelo menos quatro tratamentos antidepressivos. Todos apresentaram falha ou não toleraram a eletroconvulsoterapia, tinham um escore na Escala de Depressão de Hamilton de 20 ou superior e um escore de Avaliação do Funcionamento Global de 50 ou menos.

Cirurgiões implantaram eletrodos de estimulação cerebral profunda bilateral na substância branca do cíngulo sub-caloso dos pacientes do estudo. Eles colocaram um gerador de pulso na região infraclavicular e o conectaram aos eletrodos de estimulação cerebral profunda através de fios de extensão subcutâneos.

Após esta cirurgia, os pacientes entraram em uma fase de 4 semanas de estimulação placebo (sham). Eles foram informados que seriam aleatoriamente selecionados para receber estimulação ativa ou sham, mas todos, de fato, receberam estimulação placebo (sham). Depois, os pacientes receberam estimulação ativa aberta durante 24 semanas.

Após esta fase de estimulação cerebral profunda ativa, os pacientes entraram numa fase de interrupção do tratamento. Eles foram informados de que nesse ponto iriam receber aleatoriamente estimulação ativa ou sham, embora todos fossem receber estimulação placebo (sham). Os primeiros três pacientes a entrar nessa fase apresentaram recaída dentro de 2 semanas. Após nova estimulação, seus sintomas depressivos não melhoraram imediatamente, o que levou a um sofrimento significativo e maior ideação suicida. Dessa forma, essa fase foi eliminada para os pacientes subsequentes.

O desfecho primário foi a mudança longitudinal na Escala de Hamilton ao longo do tempo. Escores mais altos nesta escala indicam maior gravidade da depressão. As taxas de remissão foram definidas como um escore na Escala de Hamilton de menos que 8 e a resposta foi definida como uma mudança de 50% ou mais no escore da Escala de Hamilton. Pacientes que abandonaram o estudo foram considerados não respondedores.

Todos os pacientes completaram a fase de estimulação placebo (sham), 16 completaram a fase de 24 semanas de estimulação ativa e 16 permanecem na fase de acompanhamento observacional. Quatorze pacientes completaram um ano de estimulação ativa, e 11 pacientes completaram dois anos de estimulação ativa.

O estudo mostrou uma melhora significativa em todas as medidas sem grandes diferenças aparentes ou estatisticamente significativas entre os grupos de transtorno bipolar e transtorno depressivo maior. Pontuações na Escala de Hamilton diminuíram significativamente no final da fase sham (estimativa de - 3,3 pontos, P = 0,02, n = 17), mas a diferença do momento pós-operatório de estimulação placebo para o final da fase sham não foi significativa. Comparada com o final da fase sham, a diminuição nos escores da Escala de Hamilton após 4 semanas de estimulação ativa aproximou significância.

O escore médio na Escala de Hamilton diminuiu 43,6%, 43,0% e 70,1% em 24 semanas, 1 ano e 2 anos, respectivamente. Remissão e resposta foram observadas em 3 (18%) e 7 (41%) dos pacientes após 24 semanas (n = 17), 5 (36%) e 5 (36%) dos pacientes após 1 ano (n = 14), e 7 (58%) e 11 (92%) dos pacientes após 2 anos (n = 12) de estimulação ativa.

Todos os pacientes que atingiram dois anos de estudo estavam em remissão ou tinham apenas sintomas depressivos leves. Nenhum paciente que atingiu a remissão teve uma recaída espontânea.

Houve 22 eventos adversos em 11 pacientes e 12 eventos adversos graves em 4 pacientes. Treze pacientes apresentaram pelo menos 1 evento adverso ou evento adverso grave, mas nenhum evento foi diretamente relacionado à estimulação aguda ou crônica. Houve 2 tentativas de suicídio, nenhuma das quais foi considerada relacionada ao dispositivo ou estimulação. Importante destacar que nenhum episódio de hipomania ou mania ocorreu e não houve mudança significativa na pontuação na Escala de Mania de Young em nenhum paciente.

Melhora independente

Os achados parecem indicar que não há efeito clinicamente significativo da estimulação cerebral profunda sham. Embora a gravidade da depressão fosse significativamente menor após a estimulação sham em comparação com o início do estudo, a redução média no escore da Escala de Hamilton foi pequena e não foi clinicamente significativa. Além disso, 11 pacientes não entraram na fase de estimulação placebo (sham), pelo menos até uma semana após a cirurgia.

“Nós fizemos, na verdade, uma classificação da depressão deles após a cirurgia, mas antes da estimulação sham”, disse Dr. Holtzheimer. “Nesses pacientes, a depressão ocorreu no período anterior à randomização, quando o estimulador estava desligado e eles sabiam que estava desligado. Havia alguma coisa na cirurgia em si que levou a uma melhora independente da estimulação.”

O aumento subjetivo consistente dos sintomas depressivos com o gasto da bateria apoia ainda mais um efeito antidepressivo da estimulação cerebral profunda crônica ativa do cíngulo sub-caloso, disse o Dr. Holtzheimer.

Demorou mais tempo para os sintomas depressivos remitirem após a estimulação cerebral profunda em alguns pacientes, mas não está claro o porquê. Pesquisadores têm tentado descobrir isso por algum tempo, mas até agora “nada está aparente”, disse o Dr. Holtzheimer. Parece ter pouca relação com a idade dos pacientes, o período de tempo que eles têm sido tratados para depressão, a duração do episódio atual, o número de falhas no tratamento ou qualquer outro dos “suspeitos usuais”, disse ele.

“Uma possibilidade é que alguns pacientes podem precisar de reabilitação mais ativa para maximizar os benefícios da estimulação. Suas vidas foram tão prejudicadas pela depressão que, mesmo se eles estiverem obtendo algum efeito com a estimulação, podem precisar de um processo mais ativo para fazê-los sair de casa e voltar à atividade.” Em um estudo atual, ele e seus colegas estão incorporando um componente de reabilitação psicoterapêutico.

Os investigadores estão avaliando potenciais biomarcadores e padrões de imagem cerebral em busca de pistas sobre quais pacientes com depressão podem ser os candidatos mais apropriados para estimulação cerebral profunda. “Também estamos estudando o que podemos aprender sobre o efeito do estímulo no cérebro”, avaliando se a atividade cerebral é realmente alterada, disse o Dr. Holtzheimer. Outra área importante a ser investigada é se a estimulação está sendo direcionada à região mais apropriada do cérebro, acrescentou.

Em pacientes com depressão, a bateria da estimulação cerebral profunda pode durar até 2,5 anos. Uma luz de aviso indica quando a bateria está fraca, o que usualmente fornece aos pacientes, tempo suficiente (2 a 4 semanas) para substituí-la. No entanto, mesmo antes deste aviso os pacientes relatam sentir como se estivessem “diminuindo”, disse o Dr. Holtzheimer. Quando a bateria acaba, os pacientes geralmente não se tornam sintomáticos por 2 semanas.

Grande interesse

Abordado para um comentário sobre o estudo, Mark S. George, MD, Professor Emérito de Psiquiatria, Radiologia e Neurociências na Universidade Médica da Carolina do Sul, Charleston, SC, disse que há um grande interesse na estimulação cerebral profunda em casos de depressão e por isso cada informação sobre este tratamento é útil, mas que este estudo não acrescenta muito ao que já é conhecido.

A exceção é a nova informação de que nenhum paciente com transtorno bipolar desenvolveu mania ou hipomania, disse o Dr. George.

Um elemento interessante no estudo, de acordo com o Dr. George, foi que os pesquisadores tentaram fazer algo parecido com um estudo duplo-cego ao incorporar uma estimulação placebo após o dispositivo, estimulação cerebral profunda ter sido implantado. “Eles descobriram que durante esse mês após a cirurgia, houve um declínio nos escores de depressão, sugerindo que mesmo em um grupo de pacientes resistentes ao tratamento como este, ainda temos que estar preocupados com respostas ao placebo.”

A recaída dos primeiros 3 pacientes submetidos à fase de interrupção do tratamento demonstra que uma resposta à estimulação cerebral profunda requer estimulação constante, disse Dr. George. “Não é como se o cérebro fosse levado a um modo diferente. Ele realmente está sendo mantido sem depressão devido à estimulação.”

O Dr. George também achou intrigante que o subgrupo de pacientes que não apresentou recaída por até dois anos pareciam ter tido uma melhora significativa. “Parece que sua doença não se desenvolve e sobrepuja o tratamento a que eles estão respondendo”, disse ele. “O que se quer demonstrar é essa ideia de durabilidade. Por isso, se alguém de fato melhora, vale a pena todo o trabalho de se colocar fios na cabeça dos pacientes que eles podem usar para ter a sua vida de volta? E a resposta aqui parece ser 'sim'.”

O Dr. George destacou que a remissão relativamente alta após 2 anos pode, em parte, ser o resultado de algum viés de seleção, uma vez que os pacientes que não responderam podem ter deixado o estudo.

Fonte: http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=133&id=32981

Ioga para a vida.

Resultados de pesquisa coordenada por brasileiros, recém-publicados no periódico científico Consciousness and Cognition, comprovam benefícios da prática.




De todas as cartografias da mente desenvolvidas pela espécie humana, o ioga é uma das mais sagradas, antigas e complexas. Por meio de exercícios de respiração, postura, vocalização, meditação e outros mistérios, o ioga construiu uma reputação milenar como prática saudável. Segundo os upanixades, escrituras hindus cujas origens datam dos tempos do Buda (cerca de 400 a.C), “não conhece doença, velhice nem sofrimento aquele que forja seu corpo no fogo do ioga. Atividade, saúde, libertação dos condicionamentos, circunspecção, eloquência, cheiro agradável e pouca secreção são os sinais pelos quais o ioga manifesta seu poder”.

Entre os adeptos, acredita-se que a atividade proporciona melhoria da memória e redução da tensão emocional. Os efeitos benéficos sobre a cognição podem derivar dos exercícios de atenção ativa sobre a respiração e os músculos. Por outro lado, o favorecimento do intelecto talvez seja indiretamente obtido pela atenuação de condições psicologicamente debilitantes associadas com déficits, como a depressão. Estudos científicos apoiam a ideia de que os benefícios do ioga decorrem da regulação do eixo hipotálamo-pituitária- adrenal e do sistema nervoso autônomo. Entretanto, diversos fatores prejudicam a interpretação dos resultados. Em primeiro lugar, os estudos não controlaram os efeitos intrínsecos ao exercício físico, utilizando como grupo controle pessoas que não fazem a atividade física regularmente. Além disso, a maioria dos estudos investigou os efeitos do ioga associada com medicação, dietas e outras terapias. Finalmente, a maioria dessas pesquisas foi realizada em populações orientais culturalmente predispostas a essa prática.

Buscando a resolução dessas dúvidas, a neurocientista Regina Silva e seu doutorando Kliger Rocha, do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (FRN), lideraram uma equipe de investigação sobre os efeitos do ioga na memória, medidas psicológicas e níveis de cortisol em brasileiros adultos. Trinta e seis homens sem conhecimento prévio do ioga, integrantes do Exército Brasileiro, fora submetidos ao experimento por um período de seis meses. Um grupo participou de duas aulas de ioga por semana, mais duas aulas de exercícios físicos convencionais. Outro grupo (controle) participou apenas de exercícios físicos (quatro aulas por semana). Verificou-se ao final do experimento que o ioga promoveu uma diminuição dos parâmetros psicológicos relacionados à depressão, estressee ansiedade, bem como uma melhoria do desempenho mnemônico em uma tarefa de reconhecimento de palavras, tanto no curto quanto no longo prazo.

Houve também uma significativa redução dos níveis de cortisol, hormônio diretamente envolvido na resposta ao estresse. Os efeitos nessa população ocidental não exposta a outras terapias adjuvantes superaram os efeitos simplesmente relacionados à prática física convencional.

Os resultados, recém-publicados no periódico científico Consciousness and Cognition, generalizam e corroboram os benefícios específicos da prática. Com certeza há muitas outras fronteiras científicas a explorar nos arcanos segredos do ioga, herança poderosa a iluminar a autodescoberta humana. Mapa da mina da vida, o ioga pede passagem.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/ioga_para_a_vida.html

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Aves estressadas geram filhotes mais aptos a fugir.

Ameaça de predador interfere no desenvolvimento; tamanho corporal reduzido e asas maiores são adaptações úteis à sobrevivência.




Pesquisas indicam que o estresse vivido por gestantes interfere na data do parto, no peso e até no sexo do bebê. Com as aves não é diferente: a ameaça de predadores durante o período de ovulação das fêmeas faz com que os filhotes sejam menores e desenvolvam asas mais longas.


Durante a pesquisa, os ecólogos evolucionistas -Michael Coslovsky e Heinz Richner, da Universidade de Berna, na Suíça, expuseram um grupo de futuras mães da espécie chapim-real a gravações de cantos dos temidos gaviões e outro a vocalizações de inofensivos sabiás. Todas as fêmeas foram fecundadas, e os pesquisadores acompanharam o desenvolvimento dos recém-nascidos. Como esperado, os filhotes de mães que passaram pela situação estressante eram menores. Para surpresa dos cientistas, porém, as asas cresciam em menos tempo e eram em média 1,8 mm maiores, em comparação com as dos outros. Segundo o estudo, publicado pela revista Functional Ecology, essas características revelam formas de adaptação úteis à sobrevivência: pequenas dimensões, combinadas com asas mais longas, favorecem o voo e garantem fugas mais rápidas.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/aves_estressadas_geram_filhotes_mais_aptos_a_fugir.html

Estrelas essenciais.

Células gliais contribuem para o fortalecimento das sinapses.





Os astrócitos (assim chamados por seu formato parecer com o de uma estrela), o tipo mais comum de célula da glia, têm papel importante na consolidação de memórias, segundo estudo feito por cientistas do Instituto Max Planck de Neurobiologia, na Alemanha. O resultado ajuda a desfazer a tradicional ideia de que essas células tinham apenas função de suporte e nutrição para os neurônios. Nos resultados da pesquisa publicada na revista Nature Neuroscience, os autores demonstram que os astrócitos afetam a capacidade de as sinapses se fortalecerem – fenômeno essencial para a fixação das lembranças.


Segundo o coordenador do estudo, Ruediger Klein, já se sabia que a consolidação de memórias está relacionada à eliminação do neurotransmissor glutamato da fenda sináptica. A novidade é que os astrócitos são os responsáveis por essa tarefa. “Eles sugam glutamato do espaço sináptico, o que facilita o fortalecimento da sinapse”, explica. O mecanismo foi descoberto enquanto os cientistas investigavam a molécula sinalizadora EphrinA3, presente na membrana dos astrócitos de camundongos. Na ausência dela, o transporte de glutamato para fora da sinapse diminuía significativamente. Aprofundar o conhecimento sobre esse mecanismo pode ser importante para entender o papel dos astrócitos em doenças neurológicas como a epilepsia e a esclerose lateral amiotrófica, acreditam os pesquisadores.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/estrelas_essenciais.html

Como o cérebro aprende a andar.

Mecanismos neurais envolvidos na reprodução do movimento são inatos.





Embora as crianças levem cerca de um ano para aprender a andar, bebês de poucos meses conseguem imitar os movimentos de caminhar quando sustentados por um adulto. Pesquisadores da Universidade de Roma descobriram, porém, que os mecanismos neurais envolvidos na reprodução do movimento são inatos. A descoberta foi publicada na revista Science.

A equipe coordenada pelo neurocientista Francesco Lacquaniti registrou o movimento, a pressão de apoio e a atividade elétrica das pernas de recém-nascidos de apenas 3 dias de idade enquanto apoiados por um pesquisador para verificar se mexiam as pernas como se fossem andar; em seguida, foram testadas crianças de 1 ano, outras entre 2 e 4 anos e adultos. Os resultados revelaram que durante o movimento a medula espinhal do recém nascido apresenta lentas ativações elétricas que lhe permitem levantar as pernas e apoiálas no chão, “imitando” o ato de caminhar, mas seu sistema nervoso ainda imaturo não proporciona equilíbrio necessário para se manter de pé. Essa autonomia só é adquirida mais de seis meses depois do nascimento, quando há presença de impulsos que aceleram e desaceleram o centro de gravidade. “Até então a hipótese aceita era que sistemas de controle neural rudimentares seriam substituídos durante o desenvolvimento por outros – na verdade, já nascemos com eles prontos”, diz Lacquaniti.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/como_o_cerebro_aprende_a_andar.html

domingo, 22 de abril de 2012

Orientais se importam mais com a opinião do chefe.

Influência exercida pelo superior hierárquico pode depender da herança cultural de cada funcionário.




Em geral, quem pretende se manter em determinado emprego se preocupa com o que o chefe pensa a seu respeito. Um estudo publicado pelo Plos One, porém, mostra que a influência exercida pelo superior hierárquico na autoimagem dos funcionários pode depender da cultura. Para chegar a essa conclusão, a psicóloga Sook-Lei Liew, da Universidade do Sul da Califórnia, e sua equipe fizeram o mesmo experimento em dois locais diferentes: nos Estados Unidos e na China. Os cientistas mostraram rápidas sequências de fotografias aos voluntários e pediram que apertassem um botão quando vissem sua própria imagem e outro ao reconhecer a face de seus chefes. Geralmente, a fotografia que uma pessoa reconhece com mais rapidez é a da própria face. No entanto, os cientistas descobriram que entre os participantes chineses o botão correspondente ao chefe foi acionado antes daquele que representava a própria imagem. O “efeito chefe” só foi observado em americanos que consideravam seus chefes socialmente influentes e capazes de ajudar ou atrapalhar a vida profissional deles.


Os pesquisadores acreditam que as fortes diferenças culturais entre os dois países podem ajudar a explicar esses resultados. “No Oriente, de forma geral, é mais comum as pessoas projetarem sua imagem em familiares e amigos. Já os ocidentais costumam ser mais independentes, atribuindo menor importância ao que os outros pensam deles”, ressalta Sook-Lei.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/orientais_se_importam_mais_com_a_opiniao_do_chefe.html

"Criatividade: como podemos nos tornar um gerador de idéias?"

A tese do Dr. Lassi Liikkanen, especialista em cognição do Instituto de Tecnologia da Informação de Heisinque, na Finlândia, é a de que qualquer pessoa pode aprimorar seu talento para a criação de idéias novas. Para isso, segundo ele, basta um pouco de técnica e bastante esforço.



Segundo o pesquisador, o básico para que as pessoas possam aumentar a sua criatividade, é melhorar o seu conhecimento sobre o tema ao redor do qual elas querem ter novas idéias.

Em sua pesquisa, Liikkanen modelou um processo de geração de idéias. Para ele, criar idéias significa que uma pessoa processa as informações memorizadas e combina essas informações de maneira nova.

É por isso que ele defende que, se a pessoa obtém informações mais profundas sobre o tema, então o seu potencial de criatividade aumenta. Quanto mais uma pessoa souber sobre o assunto, ou puder aprender com os outros, maiores chances ela terá de fazer novas combinações de conhecimento.

Em segundo lugar, vale a pena estudar diferentes métodos e técnicas, voltadas para a geração de idéias. Entre estes métodos os mais conhecidos são: Brainstorming, TRIZ, seis chapéus do pensamento, sinética e análise morfológica.

Em terceiro lugar , é necessário fazer uma boa dose de esforço para gerar idéias.
A criação de idéias não é diferente de outros trabalhos, diz o pesquisador, se você trabalhar bastante, obterá mais resultados. E se há muitos resultados, é mais provável que você encontre bons resultados no meio deles.

Um indivíduo" gerador de idéias", deve também ter a atitude correta.

Se você acha que só há uma solução correta para cada problema, isso irá limitar consideravelmente a sua capacidade de ter idéias inovadoras. A capacidade de tolerar as incertezas, faz parte da criação de idéias, lembra o pesquisador.

A tolerância a incerteza não garante a criatividade, mas é uma condição essencial para ela.

Fonte: http://cerebro-online.blogspot.com.br/search/label/intelig%C3%AAncia

Os freios neurais.

Determinadas áreas cerebrais são responsáveis pela decisão de interromper ou continuar uma ação.




O que te impede de apertar o botão “enviar” após escrever um e-mail criticando seu chefe? Segundo cientistas da Universidade de Califórnia, em San Diego, são três regiões distintas do cérebro conectadas por “cabos hiperdiretos”. Os pesquisadores pediram aos voluntários para planejar uma ação, ouvir um sinal que significava que deveriam fazer uma pausa e, em seguida, decidir se seguiam em frente ou desistiam. O imageamento do cérebro revelou o aparecimento de uma “rede de freio neural” em alguns milissegundos, o suficiente para fazer as pessoas tomarem a decisão. O córtex parietal inferior envia o sinal para o núcleo subtalâmico, no cérebro intermediário, que bloqueia o movimento motor; uma terceira região, a área pré-suplementar, inicia o plano de interromper ou continuar a ação. Não há nenhuma sinapse entre as áreas, o que possibilita uma comunicação direta. Os estudiosos acreditam que entender esse mecanismo poderá ajudar pacientes com distúrbios motores, como os com Parkinson, cujo cérebro às vezes parece ficar paralisado.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/os_freios_neurais.html

A marca do desencontro.

Seres humanos têm disposição inata para relacionamentos e comunicação: somos sensíveis às expressões faciais, reagimos a elas. Nas crianças autistas, no entanto, algo falha nesse contato inicial – correlato da primeira mamada teórica de D. Winnicott.




Com Freud a neurose infantil apresentou-se como modelo do funcionamento da mente humana, tendo o complexo de Édipo como eixo organizador do entrelace das disposições inconscientes sobre a realidade. No entanto, como afirma o ex-presidente da International PsychoanalyticalAssociation (IPA) Serge Lebovici, psicanalistas contemporâneos de crianças vêm mostrando a importância de um segundo paradigma: o autismo infantil. Essa intrigante afirmação lançanos no campo das construções metapsicológicas provocadas pelo contato com a questão do autismo. Segundo o psicanalista inglês Donald Winnicott, há um longo percurso a ser feito antes que seja atingido o estágio de fusão entre mãe e bebê – fundamental para o desenvolvimento saudável. Ou seja, o estado indiscriminado que Winnicott descreve como matriz das primeiras relações mãe–bebê não é um dado inato, mas uma construção que se dá a partir de um primeiro patamar de desenvolvimento. O autismo denuncia essa necessidade de construção prévia, já que é uma condição em que, justamente, esse desenvolvimento fracassa e a fusão, a reciprocidade e comunicação mútua não ocorrem.

O filósofo e psicanalista Pierre Fédida concebe o autismo como “um estado de auto-erotismo sem Eros”. Assim como Sigmund Freud, e tal qual retomado posteriormente pela psicanalista francesa Marie-Christine Laznik, entendemos que, num primeiro momento, o bebê lança-se ao mundo em busca de um outro que satisfaça suas urgências instintuais. Posteriormente, quando as necessidades (de alimentação, por exemplo) não são imediatamente respondidas, a criança retorna para si, num movimento alucinatório de autosatisfação em que reedita o prazer que outrora obteve no contato com outra pessoa. Nesse segundo momento, o bebê volta-se para si impregnado do erotismo que lhe foi oferecido antes. Esse erotismo – ou seja, palavras, desejos e sensações que os outros deixaram impressos nele – é introjetado e transformado criativamente em pensamento.

SEM TRAÇO DO OUTRO
O livro Monólogos da infância, de Maria Francisca Lier de Vitto, dá continuidade à linha de pesquisa desenvolvida pela lingüista Ruth Weir, autora de Language in the crib, que atenta para as “conversas de berço” de crianças de 2 a 3 anos. Meninos e meninas nessa faixa etária são flagrados reproduzindo falas que lhes foram dirigidas durante o dia e, ao reproduzi-las, reeditam-nas, em plena “fabricação” de material para sonhar e pensar. As crianças de De Vito nos dão testemunho de um processo que se instalou nos primeiros momentos de vida, marcado por essa busca – encontro seguida de recolhimento organizador.

Um exemplo do monólogo de berço foi registrado no livro de De Vitto: “Num fala no meu nome/ Num fala no teu nome/ Num fala... midanoni/ Num fala...mianomi/ Num fa'a... midanomi/ Num fala no... nomi”, murmura Camilla, brasileira, 2 anos e 5 meses, transformando a fala de outra pessoa em idioma próprio.

Nos autistas inacessíveis isso não se dá. Fédida nos conta que, neles, a volta a si mesmo não traz marcas de investimentos eróticos, feitos por outras pessoas. É um “virar-se para si” sem traços de alteridade. É o que ele nomeia auto-erotismo sem Eros.

O que falha nos estados autísticos? Há algo nesse primeiro momento de busca de um outro que parece não transcorrer a contento. Examinemos então esse momento inicial no microscópio para entendermos mais sobre esses tempos pré-fusionais, pré-relacionais ou pré-bidimensionais.





É notório para estudiosos das primeiríssimas relações que bebês vêm “munidos de um dispositivo” de procura e convocação de outro ser humano. Neuroembriologistas mostram que a região cerebral responsável pela identificação e escrutinamento de faces humanas é uma das únicas que já está pronta desde o nascimento. A criança nasce em posição de abertura para relação com um outro e, de fato, busca rostos humanos. Ao encontrá-los, os focaliza e passa a tê-los como “mapa de navegação”. Bebês são sensíveis às expressões faciais de seus cuidadores, reconhecem-nas e reagem a essas “bússolas de localização”.

Ao encontrar o outro, o bebê põe-se em estado de permeabilidade: essa é a disposição inata para relação e comunicação. Diferentes autores, de variadas abordagens, versaram sobre essa disposição, e encontramos na literatura as seguintes nomeações: “outro virtual”, de S. Braten, “permeabilidade biológica ao significante”, nas palavras de Maria Cristina Kupfer, ou ainda o termo “pré-concepção do objeto”, usado por Gilberto Safra.

Mas para que a procura se transforme em encontro essa face que o bebê descobre precisa se voltar para ele e se relacionar com ele. É esse investimento do cuidador em direção à criança que Manoel Tosta Berlinck, retomando Fédida, chama de erotização. E são esses elementos de acréscimo que se transformarão em matéria pensante no momento seguinte, de recolhimento. Nessa descoberta-encontro, o bebê não só conhece o outro, sintonizando-se, por exemplo, com suas expressões faciais, como também passa a conhecer a si mesmo pelo olhar, pela fala e pelo gestual que lhe são endereçados.

Nas crianças autistas, alguma coisa nesse primeiríssimo contato – correlato da primeira mamada teórica de Winnicott – falha. É possível conceber a etiologia do autismo pautada em dois pressupostos: o da interdependência do orgânico e do ambiental, e o do valor determinante, para a constituição da relação mãe–bebê, tanto do bebê e da mãe quanto do que se cria no contato de um com o outro.

O autismo pode apoiar-se tanto em falhas orgânicas quanto ambientais, ou ainda em falhas orgânico-ambientais, já que sustentamos uma visão do ser humano que suporta a interdependência e o entrelaçamento do orgânico e do psíquico. Nas palavras do psicanalista Alfredo Jerusalinsky, “o aparecimento tanto de traços como de quadros autistas está inteiramente vinculado ao desequilíbrio do encontro entre o agente materno com a criança; este equilíbrio depende, por um lado, do status psíquico deste agente e, por outro, das condições constitucionais da criança para se apropriar dos registros imaginários simbólicos que entram no jogo do vínculo”.

DEPRESSÃO OU DISTRAÇÃO
Vamos nos esforçar na construção de hipóteses etiológicas com o intento de delinear melhor o campo da vivência autista. Todas as possibilidades apresentadas são construídas, por um lado, com base nos desdobramentos da lógica da metapsicologia aqui desenvolvida e, por outro (e isso é importante), partindo da implicação do analista na clínica com crianças autistas. Podemos conceber que o bebê, por alguma falha orgânica e/ou psíquica, não se ponha em estado de busca por não ter como pressuposto a existência de um outro para o contato.

Podemos ainda pensar em uma situação em que esse outro significativo não esteja disponível para ser encontrado – como pode ser o caso em mães fortemente deprimidas no pós-parto ou que por quaisquer outras razões psíquicas, orgânicas e/ou ambientais não possam oferecer-se e estar mentalmente presentes para o encontro com o bebê.

Ou bem não se busca, ou bem não se encontra. Não podemos deixar, contudo, de notar que pode haver desencontro entre a necessidade específica de um determinado bebê e as condições de presença de uma determinada mãe. Um bebê mais distraído pode pedir uma mãe um tanto mais presente para que o encontro se dê; ou ainda uma mãe deprimida, caso encontre um bebê bastante responsivo e vivaz, pode ser retirada por ele de sua retração depressiva. Ou seja, não são apenas os elementos isolados, a criança e o cuidador, que devem ser considerados, mas a interdependência deles.


Quando o encontro primordial não se dá, o primeiro elo do circuito pulsional constitutivo não surge. Esse não-encontro parece estar na fundação dos ditos autistas inacessíveis, de difícil contato (out of reach) ou autistas “de carapaça”, tal qual formulou Francês Tustin, em 1977.

São muitos os autismos, e com essa afirmação nos alinhamos a diversos autores contemporâneos que se dedicam à questão, tais como Sue Reid e Anna Alvarez, Paulina Rocha e Ana Elizabeth Cavalcanti, Jean-Noel Trouvé, Marie-Christine Laznick. Esses autores falam da importância de conceber um espectro autista que comporte uma variedade etiológica e caracteriológica.

Jean-Noel Trouvé afirma que “fica difícil separar clinicamente” os autismos do grupo mais polimorfo das psicoses infantis. Focalizo nesse texto duas caracterizações opostas nos extremos do continuum autista: os indivíduos inacessíveis e os pós-autistas ecolálicos. Estes últimos apresentam-se em zona de intersecção com os fenômenos psicóticos.

O campo relacional de que vínhamos falando diz respeito aos autistas “de carapaça” ou inacessíveis, que na presença de outras pessoas permanecem absortos em atividades que não incluem os demais de modo algum, parecem ignorar a existência dos outros e tratá-los como se fossem parte da mobília.

Falta ainda nos debruçar sobre os ditos pós-autistas ecolálicos. Por ecolalia entendemos a tendência a repetir sons e palavras. Embora cientes de uma eventual imprecisão etimológica, podemos estender a compreensão desse conceito ao analisar a reprodução de outros comportamentos, como falas e desenhos. Essas crianças realizam algum contato, sem no entanto conseguir se desvencilhar da literalidade do que lhes é oferecido. Emitem falas que parecem nada dizer, são capazes de reproduzir ipsis litteris conversas, músicas ou programas de rádio e apegam se a rituais e estereotipias.

DOSES HOMEOPÁTICAS
Voltemos ao circuito pulsional de que falávamos acima. Num terceiro momento do circuito pulsional descrito por Laznik, o bebê se oferece como objeto para seu cuidador, isto é, convoca a relação cuidadora, já do lugar daquele que é cuidado e desejado: se oferece para ser beijado, mordido, amado. Mostra, com isso, ter introjetado não apenas os elementos que compõem a si mesmo e ao outro, como também a configuração desse relacionamento.

Penso que nos casos dos pacientes que chamamos de ecolálicos é algo no caminho do segundo elo que se quebra. Ao voltar do encontro com o outro significativo, o sujeito pós-autista vê-se às voltas com a impossibilidade de processar as marcas que esse encontro lhe trouxe, seja porque seu aparato introjetivo é falho, seja porque o encontro se deu de forma excessiva e traumática, deixando restos indigeríveis.

Winnicott nos fala da imaturidade do ego do bebê, que, justamente por essa característica, precisa ter suas necessidades atendidas e sustentadas por outra pessoa sintonizada com ele. A mãe (ou qualquer outra figura significativa) funciona como filtro para garantir que o mundo seja apresentado à criança em doses homeopáticas e, desse modo, passíveis de serem digeridas e apropriadas por ele. Se, por algum infortúnio, esse anteparo não se oferece e o mundo é apresentado em doses cavalares, a criança parece então se ver impossibilitada de captar esses “restos de encontro” de maneira satisfatória. Caracteriza-se assim uma aproximação traumática para a criança.

Podemos ainda contar com a conjectura de um primeiro encontro em que o lugar do bebê não lhe seja devolvido. Isto é: ele volta prenhe de elementos identificatórios do outro, mas sem nenhum traço que o localize nessa fala, incapaz de se inserir no discurso e de retornar ao contato significativo, no lugar de objeto de desejo do outro, como vemos acontecer no terceiro momento do modelo de circuito pulsional de Laznik. A inversão pronominal, tão característica das falas ecolálicas, parece denunciar a dificuldade de conceber os lugares de um “eu” e um “você”, simultaneamente diferentes e comunicantes – moldura de sustentação da fala. Temos a impressão de que o “eu” se encontra justaposto ao “você”, sem nenhum espaço de diferenciação. São características do contato ecolálico o clamor por repetição e a excessiva proximidade com o objeto, presente nas reproduções sem lacunas.

RECORTAR E COLAR
Essas repetições sem lacunas produzem a estranha experiência de termos diante de nós alguém que personifica outra pessoa, como se a incorporasse. Lembro-me de ouvir uma menina ecolálica, de 6 anos, repetir a fala de sua avó de 65 anos, em tudo igual a ela: palavras, entonação e textura da voz. Era muito estranho ver uma garotinha soar exatamente como uma senhora, contrariando as leis do desenvolvimento da anatomia e fisiologia do aparato vocal.

Deparamos aqui com duas polaridades: ora a exclusão do inacessível, ora a invasão que se manifesta na ecolalia, ambas extremamente freqüentes na clínica de crianças autistas. Voltemos à afirmação inicial de Lebovici de que o estudo do autismo infantil revolucionou o campo psicanalítico. Diante da tendência à inacessibilidade, ao isolamento da exclusão, psicanalistas resgataram a necessidade de eles, assim como a mãe, convocar seu paciente ao contato. Nessa linha, Anne Alvarez construiu o conceito de reclaiming (reivindicação), inspirada pela observação de que, diante de bebês retraídos, distantes e alheios, a mãe “suficientemente boa” põe-se a chamar sua atenção por meio de movimentos burlescos, que exageram os gestos humanos, amplificando entonações e expressões faciais. Para aquele que encontra dificuldade em focar, tudo é amplificado para que algum contato se dê – e alguma figura se forme. É essa a função “reclamante” do analista na clínica com pessoas autistas. Dessa maneira, os conceitos de reserva do analista ganham nessa clínica outras dimensões, para além da neutralidade clássica.

Já o fenômeno ecolálico torna o analista ciente da necessidade do paciente autista de viver em câmera lenta a constituição da possibilidade de contato com um outro, de assim ampliar e reter a experiência.

A bióloga e engenheira americana autista Temple Grandin conta em sua autobiografia, Uma menina estranha (Companhia das Letras, 1999), que sua mente era como um vídeo que reproduzia incessantemente as imagens que captava ao redor, e que só se tornou capaz de pensar quando se interessou pelo funcionamento do mecanismo do aparelho de reprodução de vídeos, que permitia pausas. Foi assim que, com muito esforço, ela, de repente, se viu capaz de interromper o fluxo contínuo de impressões externas que caracterizava seu aparato mental. Fazemos referência aqui à necessidade de o “eu” se inserir nas reproduções mnemônicas totalizantes, recortando e tornando possível o esquecimento e apagamento – mas antes disso a experiência de contato precisa se constituir como uma certeza para o paciente.

O caminho é duplo, portanto: auxilia-se o paciente a se certificar de sua possibilidade de estar em contato com outra pessoa, permanecendo emaranhado em suas reproduções o tempo necessário, sem nunca, no entanto, se esquecer de que por trás dessa camada alienante, que caracteriza a ecolalia, há um sujeito que escolhe e fala, utilizando-se de suas “colagens”.


CONCEITOS-CHAVE
- O filósofo e psicanalista Pierre Fedida concebe o autismo como “um estado de auto-erotismo sem Eros”. Freud e a psicanalista francesa Marie-Christine Laznik entendem que, num primeiro momento, o bebê lança-se ao mundo em busca de um outro que satisfaça suas urgências instintuais.

- Quando esse contato primordial não ocorre, o primeiro elo do circuito pulsional constitutivo não surge. Esse não-encontro parece estar na fundação dos ditos autistas inacessíveis, de difícil contato (out of reach) ou autistas “de carapaça”.

- É possível conceber a etiologia do autismo com base em dois pressupostos: o da interdependência de aspectos orgânicos e ambientais, e o do valor determinante da constituição da relação mãe–bebê, tanto individualmente quanto para o contato de um com o outro. O autismo pode apoiar-se tanto em falhas orgânicas quanto ambientais, ou ainda em falhas orgânico-ambientais.


PARA CONHECER MAIS
Do silêncio ao eco: autismo e clínica psicanalítica. Luciana Pires. Edusp, 2007.

Os monólogos da criança: “delírios da língua”. M. F. Lier de Vitto. Educ, 1998.

Comunicação e falta de comunicação levando ao estudo de certos opostos (1963). D. Winnicott, em O ambiente e os processos de maturação – Estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional, Artes Médicas, 1983.

Autisme et psychoses de l'enfant. Frances Tustin. Seuil, 1977.

Vídeos:

Beautiful minds, a voyage into the brain, parte da série Expedition ins Gehirn, produzido por Colourfield Productions, Dortmund, Alemanha, no Youtube.

Desejo por ordem, da série O Viajante da Mente, criada por Oliver Sacks, GNT , Direção de Christopher Rawlence.


Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/a_marca_do_desencontro.html

sábado, 21 de abril de 2012

"Internet e Depressão"

Cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, mostraram através de estudos, que pessoas que passam muito tempo na internet tem maior risco de apresentar sintomas depressivos.




Segundo os pesquisadores, os resultados dos estudos apontam que esse tipo de dependência pode ter impactos sérios na saúde mental. "A internet ocupa hoje, parte importante na vida moderna, mas seus benefícios são acompanhados por um lado negro", diz Catriona Morrison, uma das autoras do estudo.

"Enquanto a maioria usa a rede mundial, para se informar, pagar contas, fazer compras e trocar e-mail, há uma pequena parcela de usuários que acha difícil controlar o tempo gasto on-line. Isso ao ponto em que tal hábito, passa a interferir em suas atividades diárias", apontou a cientista.
Os "viciados em Internet" passam, proporcionalmente em relação á maioria dos usuários, mais tempo em comunidades virtuais e em sites pornográficos e de jogos. Os pesquisadores verificaram que esse grupo, tem incidência maior de depressão moderada a grave.

"Nossa pesquisa indica que o uso excessivo da Internet está associado com depressão, mas o que não sabemos é o que vem primeiro. As pessoas depressivas são atraídas pela Internet, ou é o uso da rede que causa depressão? Questionou Catriona.

"Está claro que para uma pequena parte dos usuários, o uso excessivo da Internet é um sinal de perigo para tendências depressivas. Precisamos considerar as diversas implicações dessa relação e estabelecer claramente os efeitos desse uso na saúde mental", disse a pesquisadora.

Fonte: http://cerebro-online.blogspot.com.br/search/label/tra%C3%A7os%20de%20presonalidade

Que medo!

Nos primeiros anos de vida o cérebro humano não é capaz de reagir seletivamente aos estímulos; à medida que a criança cresce, os temores mudam e ela passa a enfrentar as ameaças de modo mais racional.



Contrariando um clichê muito difundido pelo senso comum, ter medo não significa ser covarde. Covardia é, sim, não ter coragem de reagir. O medo, assim como outras emoções primárias, está inscrito no código genético de muitos seres vivos, inclusive no dos humanos. Sua função é “avisar” o organismo dos perigos. Em geral, portanto, o medo é benéfico – somente quando é excessivo (em casos patológicos de pânico, fobia) pode ser prejudicial. Por outro lado, uma pessoa totalmente destemida não teria vida longa: atravessaria a rua no sinal vermelho, cairia ao se debruçar na janela ou não hesitaria em enfrentar um leão. Sob o efeito do medo, aumentam a atenção e a velocidade de reação. As batidas do coração aceleram, a pressão sangüínea sobe, os açúcares inundam o sangue e aumentam as secreções da glândula supra-renal e da parte anterior da hipófise. Esse terremoto psicofísico prepara o corpo para lutar, fugir, imobilizar-se ou fingir não temer.

Todos os seres vivos reagem a ameaças contra a própria integridade, mas alguns têm melhor equipamento para lutar (ou fugir): garras afiadas, músculos fortes ou pernas velozes. Outros, por instinto, conseguem enganar seus inimigos. Os seres humanos, sobretudo na primeira infância, também reagem impulsivamente aos estímulos ameaçadores. Um rumor forte, ainda que inofensivo, alarma e sobressalta. À medida que cresce, a criança desenvolve um sistema de controle mental e, a menos que seja pega de surpresa, enfrenta o perigo de modo mais racional. Há, porém, um longo caminho a percorrer, no qual certos medos são dominados e novos emergem. No nascimento, o cérebro ainda não é capaz de reagir seletivamente a estímulos nem controlar os movimentos. As reações são globais, e não específicas. O corpo todo é envolvido nas ações de autodefesa, mesmo em casos em que um simples movimento de mão ou pernas bastaria. Leva um bom tempo até que o bebê aprenda a espantar um mosquito, por exemplo, em vez de desatar em soluços.

Nas primeiras semanas de vida, o bebê não tem consciência do ambiente à sua volta. A percepção de si e do mundo se funde com a do próprio corpo e com as sensações experimentadas por meio do contato com a mãe. Satisfeitas suas necessidades, sente-se onipotente. Nos momentos de frustração (em que experimenta desconfortos como os causados pela fome e pelo frio) torna-se prisioneiro de suas emoções, se ninguém agir para tranqüilizá-lo. Quando começa a se distinguir da mãe, passa a perceber a própria fragilidade. O progressivo incremento da capacidade motora e cognitiva lhe permite perceber certos perigos e enfrentar alguns deles. Com o tempo, mudam as fontes de temor. Os medos infantis podem se dividir em três categorias: os que estão presentes desde o nascimento (inatos), os que aparecem ao longo do crescimento e os que surgem devido a eventos traumáticos ou induzidos pelo meio. Ruídos repentinos, flashes luminosos, movimentos súbitos e perda do apoio são estímulos que, em geral, assustam as crianças pequenas. São os medos inatos, da vasta categoria do imprevisto e do não-familiar, que são úteis à sobrevivência. A atitude dos pais e os hábitos podem atenuar alguns deles, como o receio de cair para trás: o recém-nascido se sobressalta e chora quando se sente sem apoio. Mas, se uma mãe afetuosa tira o apoio do filho em meio a uma brincadeira cuidadosa, é comum que, depois de um breve desconcerto, o bebê sorria em vez de chorar. O mesmo se dá com ruídos fortes. A criança se alarma menos se estiver com um adulto em quem confie, que a embale, sorria e lhe fale ternamente.

DESCOBERTA DO MUNDO
Aos medos inatos seguem-se aqueles ligados ao crescimento. No segundo semestre de vida surgem o receio do desconhecido e a angústia da separação. Ao notarem essa mudança, certos pais temem que a criança fique menos sociável. Ela deixa de sorrir para todos, recusa-se a ficar nos braços daqueles que não conhece bem e protesta quando a mãe se afasta. Mas não se trata de uma regressão – e sim de uma crise. Esses novos temores indicam desenvolvimento mental. O bebê percebe diferenças que antes não notava. Além disso, nessa fase, está se formando nele um forte laço com as figuras que o protegem. É preciso levar isso em conta, sobretudo se a mãe, para voltar a trabalhar, tem de deixar o filho com alguém. A criança só deixará a figura materna se distanciar quando confiar nesse cuidador.

O medo de animais costuma aparecer em crianças de 1 a 3 anos, fase em que começam a se aventurar além dos limites habituais – e nem tudo que encontram é seguro. É possível distinguir aí três medos inatos: o dos movimentos repentinos, o da aproximação de estranhos e o de ruídos fortes. O temor diante de cães se enquadra bem nessas três condições. Como se trata de um medo normal para a idade, na maioria das vezes não é necessário fazer pressão para eliminá-lo. Observando a reação dos outros e habituando-se à presença dos animais, a maioria das crianças supera naturalmente esse desconforto, a menos que viva uma experiência desagradável, como uma mordida.

Entre 2 e 6 anos pode surgir o medo do escuro. O recém-nascido não teme a escuridão porque ainda não se habituou à luz. Porém, quando depois do segundo ano de vida a criança desperta no meio da noite e se vê sem as referências que tinha durante o dia, pode começar a temer a ausência da luz. Sombras, rangidos ou passos no corredor assustam bem mais à noite do que na claridade. A partir do terceiro ano, a imaginação entra em ação, elaborando cenários e interpretações. O receio de temporais e seres imaginários que poderiam se esconder na escuridão – monstros, bruxas, fantasmas – costuma assumir um valor metafórico na fase pré-escolar, mesclando-se a outros medos ligados à percepção da própria vulnerabilidade, como o de jamais acordar.

A criança se vê diante de aspectos da realidade que antes não levava em conta: conflitos entre os adultos, doenças, cenas violentas na televisão, expectativa de punição por alguma travessura cometida e a sensação de que algo ruim vai acontecer geram sobressaltos muito mais radicados na fantasia que na realidade. A criança “enfurecida” com os pais, temendo a própria agressividade, pode ter pesadelos à noite. Certos medos se originam de vivências dolorosas não elaboradas (doenças, acidentes, morte de pessoa próxima etc.) ou mesmo de situações corriqueiras. Por exemplo, se a água do banho está muito quente ou se cai xampu nos olhos da criança, ela pode ficar com medo de água.

Entre 6 e 12 anos se torna mais fácil dominar pavores vividos nos anos anteriores. Ruídos fortes, flashes luminosos, escuridão, monstros e bruxas já não assustam tanto, justamente porque agora a criança tem maior capacidade de compreensão e pode entender ameaças como ladrões, doenças, dor, morte e abandono. Surgem os temores ligados ao estado social (por exemplo, questões que se referem ao desempenho escolar) e à interação com os outros (reprovação, conflitos, brigas e rejeição dos colegas). Nessa fase, tende a diminuir o medo de animais domésticos, mas pode se desenvolver o de insetos. Por mais estranho que possa parecer, uma criança é capaz de brincar com um grande cão e estremecer diante de uma formiga. Mas há uma explicação: o pavor de invertebrados e animais exóticos está relacionado à angústia provocada pelo desconhecido. Para que essa reação seja superada é preciso que a criança se familiarize com as características desses bichos.

FOBIA E ANSIEDADE
Por vezes, porém, lidar com determinado medo é mais complicado do que parece. Por exemplo, há crianças que esmagam um inseto e fantasiam que os amigos do animal virão à sua procura para se vingar. Tal receio talvez oculte outros, como o da própria agressividade, já que, de forma projetiva, as crianças costumam atribuir os próprios sentimentos aos outros e também a objetos inanimados. Compreende-se, assim, que surjam os sonhos povoados de animais violentos e monstros horríveis.

Vários medos que se manifestam até os 12 anos – assim como certas regressões – se explicam pela instabilidade que marca toda a fase evolutiva. Diferentemente do adulto, que já tem um papel estável, referências precisas e comportamentos definidos, os modelos de conduta da criança estão em transformação. A pessoa autoconfiante reage ao perigo acionando seus recursos internos, mas a criança ainda depende dos outros e pode se sentir emocional e fisicamente paralisada diante de situações ameaçadoras. Depois de um grande susto ou em situações angustiantes que se prolongam, é comum que a criança retome, ainda que temporariamente, comportamentos típicos de estágios anteriores, nos quais se sentia mais protegida e segura.

O adolescente costuma superar os temores da infância ao desenvolver uma visão mais complexa do mundo. Isso, porém, não significa que não tenha medo. Nessa faixa etária, muitas vezes aparecem vertigens, temores ligados ao corpo (como o de enrubescer ou ter alguma anomalia) e vários outros receios referentes à esfera social e sexual como expor-se, fracassar, ser criticado, ignorado ou rejeitado. A dor, a morte, os ferimentos físicos, a deformidade e a feiúra completam a lista dos “medos adolescentes”, juntamente com a insegurança de falar em público e de perder o controle sobre si.

Quando não são superados, esses medos podem evoluir para quadros fóbicos ou se configurar como ansiedade patológica, e costumam conter em sua origem angústias mais profundas – medo da solidão, temor da morte, receio de perder o controle de si ou da realidade. A fobia é um medo persistente, intenso e de difícil controle, deflagrado por experiências traumáticas. A literatura registra, por exemplo, vários casos de adultos com fobia da escuridão que, quando criança, ficaram fechados em um ambiente escuro por longo período ou foram abandonados em local desconhecido.

Por trás dos estados de ansiedade há, muitas vezes, tormentos inconscientes que amplificam os medos normais e levam à perda do controle. Há ainda situações em que nossa própria capacidade de prever perigos nos faz cair nas armadilhas do falso alarme e de uma ansiedade que brota de ameaças imaginárias. O outro lado da moeda é a coragem, isto é, o atributo de todos os que confiam na própria capacidade. Física ou moral, ela se manifesta de muitas maneiras. Ser corajoso é confiar em si não de forma irrealista, e sim com base na avaliação dos próprios recursos e da ameaça enfrentada. O corajoso reflete antes de arriscar, é cuidadoso e usa da melhor forma possível as oportunidades e os talentos dos quais dispõe. Lidar com nossas assombrações – sejam elas concretas ou fictícias – é um processo de aprendizagem, que implica a aquisição de autonomia e amadurecimento, construídos no contato com o outro.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/que_medo_.html