Como foi postado aqui, a vida da Dra. Nise da Silveira foi apresentada aos leitores. E como dito no post em questão, a Dra. Nise foi responsável por boa parte das mudanças no tratamento e acompanhamento dos pacientes psiquiátricos, já que suas idéias inovadoras foram utilizadas para aprimoramento da Reforma Psiquiátrica brasileira ao longo do século XX.
Agora, é apresentado um post que relata mais detalhadamente sobre o Museu do Inconsciente, criado pela Dra. Nise da Silveira.
MUSEU DO INCONSCIENTE
No ano de 1946, quando a doutora Nise da Silveira criou o Serviço de Terapêutica Ocupacional do Centro Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro, os mais recentes avanços da psiquiatria mundial ainda eram a lobotomia e o eletro choque. O Museu do Inconsciente é fundado por Nise seis anos depois, em 1952, e desde então tem funcionado como um auxílio na compreensão dos mitos escondidos na psique dos doentes que passam pelo hospital, desse modo ajudando o terapeuta a chegar a uma melhor interpretação das emoções dos esquizofrênicos.
O museu exibe o fruto das oficinas que a médica criou para estimular a criatividade dos pacientes e reúne aproximadamente 350 mil obras em seu acervo (telas, desenhos, pinturas sobre papel e esculturas), funcionando também como um centro de estudos.
Ao longo dos anos, foram criados diversos ateliês, tais como: sapataria, corte e costura, dança, música, pintura, escultura e outros, a fim de permitir a expressão não verbal das emoções. O ato de criar e recriar seu próprio drama contribui para o processo de afirmação pessoal dos pacientes através do desenvolvimento de uma linguagem que permite a construção de uma auto-imagem positiva e aceitável para os outros. Assim, as pessoas que, por serem diferentes, haviam sido excluídas da vida social e marginalizadas, encontraram um meio de se re-inserir socialmente. As imagens feitas pelos pacientes são como auto-retratos, "espelhos da alma das pessoas" - as imagens do inconsciente.
O museu é importante, pois ele reúne a situação do mundo interno dos indivíduos que se afastaram do mundo real e vivem num outro mundo. As obras produzidas pelos clientes do hospital representam caminhos para o entendimento da origem de seu sofrimento, uma maneira de conhecer algo desse outro mundo. São como documentos vivos. Através das imagens pode-se saber coisas que jamais seriam percebidas em conversas. Para Nise, o acervo do museu é parte de um trabalho científico e vender os quadros significaria a quebra da seqüência de imagens em detrimento de futuros estudos.
Alguns artistas que tem suas obras fazendo parte do museu:
Fernando Diniz
"Nasci na Bahia, no arrabalde Estrada da Boiada ou Aratu, não sei. Tive uma irmã a Clarinha, nasceu e morreu. Mamãe mudou. Mudou para um barracão no morro. Era uma só rua. Depois veio para o Rio.
Eu não tinha nenhum brinquedo quando criança. Então sonhava todo dia com brinquedos interplanetários. O poder de sonhar com o que quiser - menos sonhar com o que é da terra.
Houve um tempo em que quis ser engenheiro para casar com Violeta. Mas engenharia não gostaria de estudar. O livro de engenharia é um monte de pedras, pedras e pedras. A caldeira é de tijolos sobre tijolos. Tudo igual. Aí tira o mistério do mundo.
Não sei porque milagre passei a gostar da escultura e da pintura.
Emygdio de Barros
"Emygdio (...) constrói o seu mundo pela cor. A criação neste é por sucessividade; são camadas de imaginação que vêm e vão como ondas.
Pode-se dizer que ele pinta de perto e imagina de longe.
Suas paisagens não copiam a realidade, resultando formas tiradas do local e entrelaçadas a outros elementos imaginários. Esses motivos naturais, ele os apanha dia a dia e os vai acumulando na lanterna mágica de sua imaginária (...).
Emygdio retrata seu imenso sentimento de solidão diante das grades do hospital. Hospital e cárcere se confundem.
Carlos Pertuis
No atelier de pintura o geometrismo mostrou-se significativo de esforços instintivos para apaziguar tumultos emocionais e busca de refúgio em construções estáveis.
"Carlos (...) é o homem dos contornos precisos, das formas límpidas bem marcadas, em que o modelado é quase nenhum e o estilo é dado pelo jogo dos contrastes e as exigências de ordem simétrica.
A arte de Carlos é severamente formalística e espacial. Não entram nela avaliações de tempo nem motivos de reminiscências. (...)
O problema que o empolga é o espaço. "
Para se aprofundar mais na história do Museu do Inconsciente, e também para entrar em contato com as obras produzidas, pode clicar aqui no site oficial do Museu do Inconsciente.
Fontes: http://intra.vila.com.br/sites_2002a/urbana/bia/museu.htm
http://www.spiner.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=915
http://www.museuimagensdoinconsciente.org.br/index.html
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