quinta-feira, 5 de abril de 2012

Convívio com jovens ajuda a viver mais e melhor.

Resultados obtidos em experimentos feitos com moscas alertaram pesquisadores para melhoria cognitiva de idosos que se relacionam com universitários.




“A juventude é maravilhosa, mas é um crime que seja desperdiçada pelas crianças”, disse certa vez o escritor irlandês Bernard Shaw (1856-1950). Pesquisas recentes, porém, sugerem que, no final das contas, a energia da juventude pode ser “compartilhada”. Por meio de interações sociais, os jovens podem transmitir parte do seu vigor para os idosos, melhorando assim as capacidades cognitivas e a saúde vascular dos mais velhos e até aumentando sua expectativa de vida.

Embora, há alguns anos, pesquisadores já tivessem obtido boa documentação desses benefícios em mamíferos como ratos, porquinhos-da-índia e macacos, o motivo desse efeito permanecia incerto em humanos. Agora o biólogo Chun-Fang Wu, da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, oferece uma explicação genética para essa teoria. Wu e o estudante de pós-graduação Hongyu Ruan descobriram que na presença de moscas-das-frutas (anastrepha spp) jovens e ativas, insetos mais velhos da mesma espécie com mutação no Sod1 viveram mais tempo. Em seres humanos, o gene está relacionado à doença de Alzheimer e à esclerose lateral amiotrófica (ELA), um distúrbio neuronal que causa alterações motoras, também conhecido como doença de Lou Gehrig.

Segundo Wu, esses insetos são bastante sociais, e seus genes, mais fáceis de manipular do que os de mamíferos. Ao alterar o Sod1, Wu criou moscas que morreram depois de apenas duas semanas – um quarto de seu tempo de vida considerado normal. Quando colocadas com espécimes mais novas, no entanto, as mutantes de Sod1 viveram por cerca de 30 dias. Os insetos mutantes também se tornaram fisicamente mais aptos a enfrentar o calor quando alojados junto com as moscas jovens.

Os cientistas constaram também que cortar as asas das mais novas reduzia de maneira significativa a expectativa de vida não só dos insetos que sofriam a intervenção, – reforçando a hipótese de que a atividade física representa um papel fundamental no mecanismo de extensão de vida – mas também das mutantes com quem conviviam.

Essa observação levou pesquisadores a considerar que a atividade física, que reconhecidamente beneficia seres humanos, possa ser mais eficaz e especialmente saudável para idosos se for praticada em um espaço social com pessoas jovens. A psiquiatra Sharon Arkin, da Universidade do Arizona, realizou um estudo com pacientes com a doença de Alzheimer, fazendo com que participassem de sessões de exercício com universitários. Resultado: a convivência foi fundamental para estabilizar o declínio cognitivo e melhor o ânimo dos pacientes. Surgiu uma questão: o Sod1 pode representar papel importante para humanos, retardando processos de demenciação? Wu acredita que isso seja possível. Além da associação do gene com Alzheimer, ele descobriu que moscas com a mutação do Sod1 são mais receptivas às interações sociais do que as com outras mutações aceleradoras do envelhecimento. Mais estudos serão necessários para determinar o potencial terapêutico da socialização intergeneracional. – mas visitar os avós, provavelmente, não vai fazer mal.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/convivio_com_jovens_ajuda_a_viver_mais_e_melhor.html

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