quinta-feira, 12 de abril de 2012

Clopidogrel, seu uso no tratamento do AVC.

Nos últimos anos, uma série de drogas antiagregantes tem sido desenvolvida para a profilaxia de novos acidentes vasculares encefálicos isquêmicos. Entre elas está o clopidogrel, recentemente lançado no Brasil, e com o perfil de efeitos colaterais melhor do que outro agente da mesma família, a ticlopidina.





Mecanismo de ação

O clopidogrel, assim como a ticlopidina atua via o bloqueio irreversível dos receptores de ADP das plaquetas, levando a antiagregação. No caso do clopidogrel, o bloqueio é dose dependente e são necessários alguns dias para a inibição total da agregação mediada pelo ADP.

Indicações

Atualmente a droga de primeira escolha para a profilaxia secundária de novos acidentes vasculares isquêmicos é a aspirina. Vários estudos randomizados realizados em todo o mundo comprovaram sua eficácia, sem, contudo, determinar a melhor dose para o efeito desejado.

Entre os efeitos colaterais mais importantes da aspirina, destaca-se a intolerância gastrointestinal e o aumento da incidência de hemorragia digestiva. Além disso, a aspirina é obviamente contra-indicada nos pacientes alérgicos.

Para os casos de intolerância e alergia à aspirina, dispomos atualmente da ticlopidina, clopidogrel e do warfarin.

A ticlopidina provou ser eficaz na profilaxia de novos eventos isquêmicos, porém está associada à alta taxa de efeitos colaterais, sendo alguns deles graves. Neutropenia grave ocorre em 0,9% dos casos e rash cutâneo em 2%. Outro efeito colateral comum é diarréia, que algumas vezes leva a suspensão do medicamento. Devido ao risco de leucopenia, o uso da ticlopidina deve ser acompanhado de monitoração do hemograma a intervalos regulares.

O warfarin é atualmente indicado como profilaxia nos casos relacionados a fontes cardíacas de alto risco (por exemplo, fibrilação atrial), mas ainda não há evidência suficiente para seu uso em acidentes isquêmicos relacionados a fontes ateroembólicas.

O clopidogrel tem um perfil de ação semelhante ao da ticlopidina, mas está relacionado a um número menor de efeitos colaterais. Seu uso foi comparado ao da aspirina em um estudo prospectivo randomizado (CAPRIE). Neste, clopidogrel, na dose de 75mg/ dia, foi tão eficaz quanto 325mg/dia de aspirina, com percentual similar de efeitos colaterais. Portanto, o clopidogrel é uma ótima alternativa nos casos relacionados à intolerância ou alergia à aspirina.

Posologia e efeitos colaterais

A posologia habitual do clopidogrel é de 75mg/dia. Os efeitos colaterais ocorrem menos freqüentemente do que com a ticlopidina. O mais comum é náusea, que melhora com a continuação do tratamento. Podem ocorrer também rash cutâneo, vômitos, leucopenia, eosinofilia, mialgia, entre outros. Recentemente, foi publicado artigo que relata púrpura trombocitopênica trombótica relacionada ao uso do clopidogrel.

Conclusão

O clopidogrel aparece, atualmente, como forma de profilaxia para eventos isquêmicos naqueles que não podem fazer uso de aspirina, mas ainda não é considerado droga de primeira escolha, porque tem eficácia semelhante, mas com custo maior.

Autor: Marco Antonio Lima, Editor de Neurologia do MedCenter, Residente do Serviço de Neurologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ)

Fonte: http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=112&id=895

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