sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O doce amargo da infância.





Esculturas de cerâmica da mostra Momentos retratam brincadeiras, amigos imaginários e episódios de rejeição.
A disputa por um balanço no parque, a carência da presença da mãe no berço − as singelas estátuas de argila vestidas com tecidos e papéis desafiam o olhar do espectador. Em cenas de brincadeiras de ciranda, de empinar pipa, de um bebê em seu cercado, escapa uma ou outra expressão de desdém, de intriga, de expectativa frustrada. Representações de memórias comuns deixam entrever a dimensão das tragédias domésticas na mostra Momentos – Esculturas de cerâmica, em cartaz na Caixa Cultural de Salvador.


As obras da artista plástica baiana Consuelo Radclyffe remetem tanto ao delicado universo feminino da pintora portuguesa Paula Rego – que retratou coloridas cenas familiares, repletas de ambiguidade sexual –, cujas obras foram recentemente expostas na Pinacoteca, em São Paulo, bem como as incômodas esculturas de Louise Bourgeois, que revivem mistérios e dramas da infância. “Momentos são passagens de minha vida e também sonhos e pesadelos. Procurei mostrar não apenas a morbidez da rejeição, mas as simples e intensas alegrias dessa etapa, que se projeta no comportamento da vida adulta”, diz Consuelo, que vive em Londres.

Uma figura constante nas obras, retratada com naturalidade, é a do amigo imaginário, personagem que transita entre formas humanas, mitológicas e animais, como em Meus amigos ocultos (2011). “Meu irmão, quando era pequeno, por exemplo, vivia conversando sozinho; eu perguntava com quem estava falando, e ele respondia: 'Com meu amiguinho, o coelhinho'”, relembra a artista. A exposição é gratuita e fica em cartaz até 12 de novembro.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/o_doce_amargo_da_infancia.html

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