quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Por que gostamos de ganhar presentes?



O anseio de receber é construído graças à liberação de “hormônios da expectativa”.
Se doar é bom, receber é ótimo. Ao ganharmos um presente que corresponde às nossas expectativas, sentimos uma onda de bem-estar. Essa sensação é resultado da ação de um conjunto de neurônios especializados na percepção do prazer. Surgidos ao longo da evolução, eles cumprem uma função crucial: a manutenção da vida. Os sistemas cerebrais que mais influenciam o comportamento são os que nos levam a satisfazer as necessidades vitais (comer, beber, reproduzir-se e proteger-se). O prazer é o meio empregado pela evolução para que essas funções sejam asseguradas. Para favorecê-las, foi desenvolvido o sistema neuronal da recompensa.


Ao longo dos séculos, o cérebro humano diferenciou-se do de outros mamíferos, principalmente pelo desenvolvimento do córtex, o que propiciou um aumento na complexidade das conexões neurais. As estruturas mais antigas, onde estão as células do sistema de recompensa no animal, permaneceram inseridas no cérebro ancestral, chamado de reptiliano.


Na década de 50, os fisiologistas ingleses James Olds e Peter Milner fizeram uma experiência sobre o circuito da recompensa: eles implantaram, no núcleo accumbens do cérebro de ratos, eletrodos ligados a uma alavanca que o roedor podia acionar. Observaram que o animal apoiava-se sem cessar sobre o dispositivo, estimulando essa região de seu cérebro, esquecendo até mesmo de comer e beber. Essas experiências foram feitas também em seres humanos que passavam por operações cirúrgicas.
No sistema hedônico, especialmente na área tegmental ventral e no núcleo accumbens, o principal mensageiro químico endógeno é a dopamina. É esta a substância liberada no cérebro de ratos estimulados por um eletrodo. A maioria das drogas reforça a ação da dopamina.


Há outro fator no prazer experimentado: a tensão que precede a recompensa. O prazer que associado ao alimento, por exemplo, só é acompanhado por um liberação de dopamina se experimentamos o sabor esperado, que corresponde à noção de desejo.


Cientistas discutem hoje se seria possível falar em uma neurobiologia do prazer ligado aos presentes. Parece que sim. As modulações bioquímicas observadas durante certas situações, por exemplo, no período de festas que anuncia a chegada de presentes, certamente influenciam nosso estado de espírito. Extrapolando esses dados, digamos que a alegria experimentada quando ganhamos algo esteja ligada a uma ativação do sistema hedônico proporcionado por nossos neuromediadores de prazer (dopamina e encefalinas). Se, por infelicidade, o presente não chega, é possível que a atividade do circuito diminua, ocasionando uma baixa momentânea de encefalinas. Essa reação desencadeia sensação de frustração, como a criança que não ganha nada ou que recebe algo diferente do esperado.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/o_prazer_de_ganhar_presentes.html

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