No século II, o médico grego definiu alucinação e ilusão ao distinguir os delírios da razão e dos sentidos.
Sintomas clássicos de algum distúrbio mental são as alucinações, tais como ver pessoas ou objetos inexistentes, ou "ouvir vozes" sem que ninguém emita som algum. Diversamente, quando a percepção absurda ou distorcida refere-se a objetos reais e presentes não há alucinação; há o que em psicologia se chama "ilusão". Mas em psicopatologia só interessam certas ilusões. As ilusões de óptica, ou as provocadas por um mago, por exemplo, são percepções normais.
Enquanto eventuais sintomas de algum distúrbio mental, alucinação e ilusão não se equivalem. Esquirol, em 1838, as distinguiu de forma lapidar: "Um homem que tem a convicção íntima de uma sensação realmente percebida, quando nenhum objeto exterior capaz de excitar aquela sensação está ao alcance do sentido, está em estado de alucinação: é um visionário... a ilusão ao contrário é um erro dos sentidos, que não põe em questão a presença real do suporte da percepção. Há sempre impressão real dos objetos exteriores. Impressão dos sentidos".
Como se vê, o critério discriminante de Esquirol é presença ou ausência de um objeto real. Trata-se, em ambos os casos, de erros de percepção.
Galeno (131-200), como outros grandes médicos antigos, já se ocupara com a distinção entre alucinação e ilusão. Mas com um critério diverso, que ele ilustra ao relatar um episódio pessoal de delírio: "Alguns também deliram por causa do desarranjo de sua faculdade de pensar, mas conservaram por um curto momento sua faculdade crítica e a recuperaram o bastante para... resistir e compreender o que lhes ocorria... eu acreditava ver esvoaçando sobre meu leito fiapos escuros... eu executava movimentos para pegá-los... Ouço dois meus amigos presentes dizerem entre eles 'olha ele já está tentando pegá-los'. Eu compreendi perfeitamente o que me estava acontecendo, o que eles diziam, e como sentia em mim que minha inteligência não sofria perturbação eu disse: Vocês têm razão, venham ajudar-me para que a loucura (phrenitis) não me domine".
É um caso de delírio dos sentidos, mas não de delírio da razão, segundo Galeno. Pelo critério de Esquirol, seria um episódio de alucinação, pois os fiapos não existem, e há a convicção de uma sensação realmente percebida. Mas aqui existe a consciência de que essa percepção é enganosa. O critério discriminante, entre os dois tipos de delírio, para Galeno, é a consciência da falsidade da percepção alucinatória, no delírio dos sentidos, e a ausência dela no delírio da razão. Sem prejuízo de haver a "convicção íntima de uma sensação realmente percebida". A diferença de critérios se explica: como bom discípulo de Pinel, Esquirol enxerga alucinação e ilusão como erros, incoerências entre a experiência sensorial e a realidade objetiva. Galeno, como bom seguidor de Platão, procurou apontar o papel da razão, da "faculdade crítica", ou seja, da consciência da percepção, em cada um deles.
O que Esquirol chamaria de alucinação seria para Galeno um delírio da razão. Há alucinação quando se perde a "faculdade crítica"; mesmo quando a percepção errada se refere a um objeto real e presente. Mesmo nos casos que Esquirol consideraria ilusões.
GALENO DEFENDIA A IDÉIA DE QUE O BOM MÉDICO É, ANTES DE TUDO, UM FILÓSOFO. NUMA ÉPOCA EM QUE A FILOSOFIA ERA A BASE DA COMPREENSÃO DAS MUITAS CIÊNCIAS QUE NASCIAM, GALENO TEVE SEUS ESTUDOS UTILIZADOS POR MUITOS SÉCULOS PARA A CURA DOS ENFERMOS. INFELIZMENTE, MUITOS DE SEUS ESCRITOS FORAM PERDIDOS AO LONGO DOS ANOS. MESMO ASSIM, SUAS TEORIAS AJUDARAM A INSPIRAR MÉDICOS COMO VESÁLIUS, JÁ NA IDADE MÉDIA. SEGUE ABAIXO UMA BIOGRAFIA DE GALENO, PODENDO O LEITOR EXPANDIR SEUS ESTUDOS SOBRE ESSE MÉDICO DA ANTIGUIDADE CLICANDO AQUI, AQUI E AQUI.
GALENO
O médico e filósofo romano Cláudio Galeno (ou Élio Galeno), de origem grega, nasceu por volta de 129, na cidade de Pérgamo, na época em que esta região estava submetida à colonização dos romanos. Ele era filho de Aélio Nicon, abastado integrante da aristocracia deste país, homem de conhecimentos muito diversificados, que incluíam a filosofia, a matemática, a lógica, a astronomia, a agricultura e a literatura.
Os estudos e teorias constituídos por ele prevaleceram nas concepções médicas vigentes no Ocidente por mais de um milênio, tal a importância e a extensão de suas descobertas. Ele baseava suas investigações no exame minucioso de macacos, pois a dissecação de seres humanos era então proibida.
Os resultados atingidos por Galeno foram imbatíveis até as conclusões do médico belga Andréas Vesalius, divulgadas em 1543; e seus relatos sobre o mecanismo de funcionamento do coração, das artérias e veias, dominaram o cenário da Medicina até o momento em que o britânico William Harvey determinou, em 1628, que o sistema cardíaco atua como se o coração estivesse bombeando o sangue. Algumas das concepções de Galeno ainda prevaleciam no século XIX.
Galeno foi para Roma em 161, e aí se consagrou no atendimento a gladiadores e ao filho do Imperador Marco Aurélio, Cômodo. Seus estudos foram inspirados pelas pesquisas de Hipócrates, considerado o pai da Medicina. Ele se considerava um médico filósofo, noção defendida em sua obra ‘O Melhor Médico é Também um Filósofo’. Na época em que ele vivia, a Filosofia era um ramo do conhecimento recente e significativo, no qual todos os outros saberes se baseavam.
Este médico vivia em um contexto dominado pela luta entre conceitos racionalistas e empiristas. Ele mesmo procurava extrair de ambos os recursos necessários para construir sua própria visão da Medicina. Para tanto, Galeno defendia o exame direto, a dissecação e a vivissecção – análise anatômica empreendida em animais vivos – como instrumentos essenciais na educação do médico e na consolidação da práxis no exercício da profissão.
A formação de Galeno começou mais ou menos no ano de 146 d.C., em Pérgamo. Quando esgotou seus conhecimentos nesta região, ele se mudou para outros núcleos culturais, como Esmirna, Corinto e Alexandria. Retornou para sua terra natal em 157, acreditando já ter concluído sua educação. Neste período ele adotou a cirurgia e a dietética como os campos nos quais desejava se especializar.
Em 162 ele partiu para Roma, já famoso por ter recuperado Eudemo, um milionário muito conhecido. A partir daí, consagrou-se ainda mais ao se transformar no médico particular do Imperador. As palestras por ele proferidas tinham um público tão vasto que exigiam a dimensão de um teatro para acolher a todos.
Sua permanência em Roma se estendeu até 192, com uma breve ausência, quando viajou pelo Oriente Médio. Já no final da sua existência ele voltou para Pérgamo. Infelizmente, a maior parte de sua produção intelectual e de suas pesquisas desapareceram. Ele estudou particularmente anatomia, fisiologia, patologia, sintomatologia e terapêutica. Foi pioneiro na realização de investigações na área da Fisiologia. Foi ele o responsável pela descoberta que subverteria os rumos da Medicina. Em 1870 ele provou que as artérias transportam não ar, como até então se acreditava, mas sangue.
Galeno também classificou os ossos entre os que apresentam concavidades medulares e aqueles nos quais estas estão ausentes. Relatou a estrutura da caixa que compõe o crânio e descreveu o sistema muscular. O médico igualmente investigou os nervos cranianos e comprovou, através da prática, que o rim é um órgão que secreta urina. Ele morreu por volta do ano 200, possivelmente na Sicília.
"O MELHOR MÉDICO É TAMBÉM UM FILÓSOFO". (GALENO)
Fontes: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/o_delirio_de_galeno.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A1udio_Galeno
http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0398
http://www.infoescola.com/biografias/galeno/
sábado, 30 de junho de 2012
O Hospital dos Incuráveis.
Antes da criação de instituições psiquiátricas, doentes mentais eram tratados no sul da itália com banhos, vomitórios, jejum e castigos para "purificar o humor"
Apenas na segunda década do século XIX, surgia o primeiro hospital especial para o tratamento médico de doentes mentais no sul da Itália. Foi a Real Casa dos Loucos, o famoso manicômio de Aversa. Até então, os loucos de toda a Itália meridional eram "recolhidos, alimentados e tratados" num setor especial, compreendido na Real Casa Santa dos Incuráveis. Era um imenso hospital geral, o Ospedale degli Incurabili di Napoli, criado em 1519, e que acolhia, em diferentes edifícios, todo o tipo de doentes da região.
O tratamento, administrado pelo maestro dei matti (mestre dos loucos), incluía dietas, banhos, vomitórios, trabalho e freqüentemente castigos, como aconselhavam grandes autoridades médicas, entre elas L. Tozzi (Opera omnia, Veneza, 1711, t.1), para quem "qualquer tipo de loucura, dificilmente se rende à medicina, e reconduzir os dementes à reta via da razão é quase impossível".
Ao concluir que "os maníacos são contidos e reprimidos muito mais pelas pancadas, ameaças e censuras do que pelos fármacos, que nem querem tomar", Tozzi (sucessor de Malpighi e médico do papa Inocêncio XII) apoiava-se também na autoridade de Willis (1625-1675). "A finalidade primária é naturalmente curativa (...) a disciplina, as ameaças e pancadas são necessárias tanto quanto o tratamento médico (...) na verdade, nada é mais necessário e eficaz para a cura dessa gente que forçá-la a respeitar e temer a intimidação. Com este método, a mente, mantida a freio, é induzida a renunciar à sua arrogância e logo se torna mansa e organizada. É por isso que os maníacos curam-se com maior rapidez se são tratados com a tortura e a detenção em cela mais do que com os medicamentos."
A dura vida dos pacientes da Real Casa Santa de Nápoles incluía outro tratamento, bastante original, que, por sua propalada eficácia, deu certo renome à instituição. Consistia, basicamente, em impor uma dieta alimentar muito restrita e rígida, quase um jejum. Em sua famosa obra Sobre a força da fantasia humana, L. A. Muratori diz: "Ora, a doença em que consiste a loucura é, na maior parte dos casos, incurável; em alguns casos, o paciente cede ao tratamento médico. No insigne Hospital de Nápoles, os loucos são mantidos com uma alimentação tão reduzida que se tornam como esqueletos. Pouco a pouco (...) diluídos os humores maus e trocado todo o sangue, acredito, que alguns deles fiquem com a cabeça curada". (Della forza della fantasia umana, Veneza, 1740).
A purificação dos humores e a troca do sangue doentio era o objetivo médico predominante e explícito, desse tratamento cruel. Mas, na verdade, a "eficácia" se devia a outras conseqüências: graças à exaustão física, esses "quase esqueletos" ficavam incapacitados para quaisquer ações violentas e, assim, "dóceis" às rígidas imposições da instituição.
Além disso, a exaustão imposta funcionava como um tratamento de choque emocional antidelírio: os pacientes enfrentavam, além do sofrimento físico e da sensação de impotência, a impressão angustiante da morte iminente. Uma impressão que poderia despertar neles algum instinto de defesa, capaz de ligá-los, de novo, à vida real. É uma explicação que se aplicaria também a outros tratamentos somáticos ditos "de choque".
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/o_hospital_dos_incuraveis.html
Apenas na segunda década do século XIX, surgia o primeiro hospital especial para o tratamento médico de doentes mentais no sul da Itália. Foi a Real Casa dos Loucos, o famoso manicômio de Aversa. Até então, os loucos de toda a Itália meridional eram "recolhidos, alimentados e tratados" num setor especial, compreendido na Real Casa Santa dos Incuráveis. Era um imenso hospital geral, o Ospedale degli Incurabili di Napoli, criado em 1519, e que acolhia, em diferentes edifícios, todo o tipo de doentes da região.
O tratamento, administrado pelo maestro dei matti (mestre dos loucos), incluía dietas, banhos, vomitórios, trabalho e freqüentemente castigos, como aconselhavam grandes autoridades médicas, entre elas L. Tozzi (Opera omnia, Veneza, 1711, t.1), para quem "qualquer tipo de loucura, dificilmente se rende à medicina, e reconduzir os dementes à reta via da razão é quase impossível".
Ao concluir que "os maníacos são contidos e reprimidos muito mais pelas pancadas, ameaças e censuras do que pelos fármacos, que nem querem tomar", Tozzi (sucessor de Malpighi e médico do papa Inocêncio XII) apoiava-se também na autoridade de Willis (1625-1675). "A finalidade primária é naturalmente curativa (...) a disciplina, as ameaças e pancadas são necessárias tanto quanto o tratamento médico (...) na verdade, nada é mais necessário e eficaz para a cura dessa gente que forçá-la a respeitar e temer a intimidação. Com este método, a mente, mantida a freio, é induzida a renunciar à sua arrogância e logo se torna mansa e organizada. É por isso que os maníacos curam-se com maior rapidez se são tratados com a tortura e a detenção em cela mais do que com os medicamentos."
A dura vida dos pacientes da Real Casa Santa de Nápoles incluía outro tratamento, bastante original, que, por sua propalada eficácia, deu certo renome à instituição. Consistia, basicamente, em impor uma dieta alimentar muito restrita e rígida, quase um jejum. Em sua famosa obra Sobre a força da fantasia humana, L. A. Muratori diz: "Ora, a doença em que consiste a loucura é, na maior parte dos casos, incurável; em alguns casos, o paciente cede ao tratamento médico. No insigne Hospital de Nápoles, os loucos são mantidos com uma alimentação tão reduzida que se tornam como esqueletos. Pouco a pouco (...) diluídos os humores maus e trocado todo o sangue, acredito, que alguns deles fiquem com a cabeça curada". (Della forza della fantasia umana, Veneza, 1740).
A purificação dos humores e a troca do sangue doentio era o objetivo médico predominante e explícito, desse tratamento cruel. Mas, na verdade, a "eficácia" se devia a outras conseqüências: graças à exaustão física, esses "quase esqueletos" ficavam incapacitados para quaisquer ações violentas e, assim, "dóceis" às rígidas imposições da instituição.
Além disso, a exaustão imposta funcionava como um tratamento de choque emocional antidelírio: os pacientes enfrentavam, além do sofrimento físico e da sensação de impotência, a impressão angustiante da morte iminente. Uma impressão que poderia despertar neles algum instinto de defesa, capaz de ligá-los, de novo, à vida real. É uma explicação que se aplicaria também a outros tratamentos somáticos ditos "de choque".
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/o_hospital_dos_incuraveis.html
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Santas e anoréxicas.
Na idade média, gordura era sinal de prosperidade e beleza. Tal exuberância causou indignação entre jovens religiosas, que passaram a recusar alimento.
Por muitos e muitos milênios, e ainda hoje, para vastos contingentes populacionais a falta de alimento, não o excesso deste, constituía ameaça à saúde. Magreza era um perigo; estava associada com muitas doenças, sobretudo a tuberculose. Gordura, pelo contrário, era sinal de saúde.
Estes conceitos mudaram radicalmente. Obesidade, sabe-se hoje, predispõe a doenças. O obeso é, não raro, olhado com irritação; afinal, comer é uma forma primária, e fácil, de gratificação; remete à oralidade da infância. O obeso ocupa espaço, num mundo em que a expressão “estou buscando meu espaço” é constantemente repetida. Obesidade gera culpa e é combatida com providências às vezes drásticas. Mulheres jovens, sobretudo, restringem dramaticamente a ingestão de alimentos, não raro chegando à anorexia nervosa, uma situação que, entre parênteses, só no século XIX foi rotulada como doença. Uma doença para a qual chamaram a atenção os óbitos da cantora americana Karen Carpenter e, mais recentemente, da modelo brasileira Ana Carolina Reston Macan.
A anorexia começou a se tornar visível no início da Idade Moderna. Depois de séculos de pobreza medieval, a Europa entrou num período de prosperidade: as pessoas das classes mais elevadas passaram a se vestir bem, morar bem, comer bem – e muito. A gordura era sinal de prosperidade e, nas mulheres, de beleza, como mostram os quadros de Rubens (1577-1640). Esta exuberância suscitou protestos que, sobretudo entre religiosas jovens, tomaram a forma de recusa do alimento. Um exemplo clássico é o de Santa Catarina de Siena. Nascida em 1347, ela foi educada por uma mãe dominadora, com quem tinha uma relação conflituosa. Muito cedo começou a ter visões místicas e, a partir daí, passou a recusar o alimento e a se flagelar. Só comia alguns vegetais e frutas para não chocar demasiadamente as pessoas com quem convivia. A fragilidade de seu corpo antecipava uma morte precoce e, de fato, faleceu aos 33 anos. Já Santa Maria Madalena de Pazzi (1566-1607) via a vontade de comer como tentação do Diabo; Santa Rosa de Lima (1586-1617), além de jejuar, usava cilício e dormia em cama forrada de cacos de vidro, espinhos e pedras. Às sextas-feiras, dia da Paixão de Cristo, Santa Verônica Giuliana (1660-1727) ingeria apenas cinco sementes de laranja, evocando as cinco chagas de Jesus.
Séculos depois, movida por motivação similar, uma escritora francesa também ficaria conhecida pela anorexia: Simone Weil (1909-1943). De uma culta e abastada família judaica, Weil muito cedo tornou-se militante esquerdista e foi trabalhar como operária numa fábrica: penosa experiência, que retratou em La condition ouvrière (A condição operária). Deixou o judaísmo e passou a praticar um cristianismo peculiar, místico. Seu ascetismo manifestava-se na recusa de alimentos, coisa que aliás vinha desde a infância: aos 5 anos negava-se a comer açúcar, porque o uso do produto era racionado entre soldados franceses que lutavam na Primeira Guerra. Durante a Segunda Guerra, exilada nos Estados Unidos, limitava-se a ingerir o equivalente das rações dadas aos seus concidadãos na França ocupada: sentia-se culpada por ter alimento quando tanta gente passava fome e por ser poupada da guerra enquanto tantos soldados morriam. Seguiu-se a desnutrição, agravando a tuberculose de que já sofria; e, por fim, faleceu em Londres, onde tentava participar da resistência contra os nazistas. Sua trágica existência, mostra, entre outras coisas, que o alimento pode ter um aspecto simbólico importante. Tão importante que às vezes é capaz de ceifar vidas.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/santas_e_anorexicas.html
Por muitos e muitos milênios, e ainda hoje, para vastos contingentes populacionais a falta de alimento, não o excesso deste, constituía ameaça à saúde. Magreza era um perigo; estava associada com muitas doenças, sobretudo a tuberculose. Gordura, pelo contrário, era sinal de saúde.
Estes conceitos mudaram radicalmente. Obesidade, sabe-se hoje, predispõe a doenças. O obeso é, não raro, olhado com irritação; afinal, comer é uma forma primária, e fácil, de gratificação; remete à oralidade da infância. O obeso ocupa espaço, num mundo em que a expressão “estou buscando meu espaço” é constantemente repetida. Obesidade gera culpa e é combatida com providências às vezes drásticas. Mulheres jovens, sobretudo, restringem dramaticamente a ingestão de alimentos, não raro chegando à anorexia nervosa, uma situação que, entre parênteses, só no século XIX foi rotulada como doença. Uma doença para a qual chamaram a atenção os óbitos da cantora americana Karen Carpenter e, mais recentemente, da modelo brasileira Ana Carolina Reston Macan.
A anorexia começou a se tornar visível no início da Idade Moderna. Depois de séculos de pobreza medieval, a Europa entrou num período de prosperidade: as pessoas das classes mais elevadas passaram a se vestir bem, morar bem, comer bem – e muito. A gordura era sinal de prosperidade e, nas mulheres, de beleza, como mostram os quadros de Rubens (1577-1640). Esta exuberância suscitou protestos que, sobretudo entre religiosas jovens, tomaram a forma de recusa do alimento. Um exemplo clássico é o de Santa Catarina de Siena. Nascida em 1347, ela foi educada por uma mãe dominadora, com quem tinha uma relação conflituosa. Muito cedo começou a ter visões místicas e, a partir daí, passou a recusar o alimento e a se flagelar. Só comia alguns vegetais e frutas para não chocar demasiadamente as pessoas com quem convivia. A fragilidade de seu corpo antecipava uma morte precoce e, de fato, faleceu aos 33 anos. Já Santa Maria Madalena de Pazzi (1566-1607) via a vontade de comer como tentação do Diabo; Santa Rosa de Lima (1586-1617), além de jejuar, usava cilício e dormia em cama forrada de cacos de vidro, espinhos e pedras. Às sextas-feiras, dia da Paixão de Cristo, Santa Verônica Giuliana (1660-1727) ingeria apenas cinco sementes de laranja, evocando as cinco chagas de Jesus.
Séculos depois, movida por motivação similar, uma escritora francesa também ficaria conhecida pela anorexia: Simone Weil (1909-1943). De uma culta e abastada família judaica, Weil muito cedo tornou-se militante esquerdista e foi trabalhar como operária numa fábrica: penosa experiência, que retratou em La condition ouvrière (A condição operária). Deixou o judaísmo e passou a praticar um cristianismo peculiar, místico. Seu ascetismo manifestava-se na recusa de alimentos, coisa que aliás vinha desde a infância: aos 5 anos negava-se a comer açúcar, porque o uso do produto era racionado entre soldados franceses que lutavam na Primeira Guerra. Durante a Segunda Guerra, exilada nos Estados Unidos, limitava-se a ingerir o equivalente das rações dadas aos seus concidadãos na França ocupada: sentia-se culpada por ter alimento quando tanta gente passava fome e por ser poupada da guerra enquanto tantos soldados morriam. Seguiu-se a desnutrição, agravando a tuberculose de que já sofria; e, por fim, faleceu em Londres, onde tentava participar da resistência contra os nazistas. Sua trágica existência, mostra, entre outras coisas, que o alimento pode ter um aspecto simbólico importante. Tão importante que às vezes é capaz de ceifar vidas.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/santas_e_anorexicas.html
Síndrome Piramidal.
Decorre da interrupção, anatômica ou funcional, da via corticoespinhal. Síndrome piramidal refere-se à perda de força e outras alterações encontradas em pacientes com lesões cerebrais ou da medula que afetam o trato piramidal, ou cortocospinhal.
O trato chama-se piramidal por que o cruzamento de suas fibras, quando visto em um corte horizontal, parece uma pirâmide (90% das fibras que saem do cérebro em direção aos músculos cruzam-se na linha média de uma estrutura do tronco cerebral chamada de bulbo ou medula oblonga, loco acima da medula).
Sintomas negativos:
Perda ou diminuição da motricidade, que atinge globalmente os membros.
Diminuição ou abolição dos reflexos cutâneo-abdominais e cremastéricos.
Atrofia muscular que decorre do desuso da musculatura.
Sintomas positivos:
Sincinesias: Movimentos associados anormais e se evidenciam nos membros deficitários quando o paciente executa determinado movimento.
Sinal de Babinski
Exagero do reflexo de automatismo ou de defesa : Tríplice flexão do membro inferior ao estímulo nociceptivo.
Hiper-reflexia profunda e/ou Sinreflexia (resposta ao estímulo do lado oposto também)
Espasticidade
A síndrome piramidal pode ser de dois tipos: deficitária e de liberação.
Síndrome piramidal deficitária refere-se simplesmente à fraqueza de um lado do corpo ou de uma parte do corpo (hemiparesia, como fraqueza de um lado, tetraparesia, como fraqueza dos 4 membros, ou paraparesia, como fraqueza das duas pernas, ou mais raramente dos dois braços), geralmente com diminuição do tônus musculas (hipotonia = moleza dos músculos). Neste caso, os reflexos elicitados pelo martelinho (reflexos tendinosos profundos) estão diminuídos ou ausentes. Pode haver perda de massa muscular - atrofia.
Síndrome piramidal de liberação refere-se à mesma fraqueza, nas mesmas distribuições, mas com alguns sinais a mais. Aqui, os membros afetados não estão moles, mas ao invés, duros e tensos (espasticidade), os reflexos estão exaltados (aumentados, vivos, fáceis de serem obtidos com uma simples marteladinha, ou marteladas em locais que antes não produziam estes reflexos), os músculos estão facilmente excitáveis, e quando estimula-se a planta do pé na sua parte mais externa, o dedão (hálux) ao invés de se fletir (descer), vai para cima de forma gradual (sinal de Babinski).
Causas mais frequentes:
AVC
Tumores
Doenças desmielinizantes
Processos degenerativos (esclerose lateral amiotrófica)
Traumatismos
Infecções
Muito mais acerca da Síndrome Piramidal pode ser conferida procurando o arquivo: "O Sistema Motor - O Sistema e a Síndrome Piramidais" de autoria do professor Paulo Brito. O arquivo pode ser encontrado facilmente nos sites de busca e, por estar protegido, não permite a colocação de link. Boa leitura.
Fontes: http://neuroinformacao.blogspot.com.br/2011/12/pequeno-dicionario-de-termos-medicos_21.html
http://medworks1.tripod.com/Fisiologia/sndrome_piramidal.htm
O trato chama-se piramidal por que o cruzamento de suas fibras, quando visto em um corte horizontal, parece uma pirâmide (90% das fibras que saem do cérebro em direção aos músculos cruzam-se na linha média de uma estrutura do tronco cerebral chamada de bulbo ou medula oblonga, loco acima da medula).
Sintomas negativos:
Perda ou diminuição da motricidade, que atinge globalmente os membros.
Diminuição ou abolição dos reflexos cutâneo-abdominais e cremastéricos.
Atrofia muscular que decorre do desuso da musculatura.
Sintomas positivos:
Sincinesias: Movimentos associados anormais e se evidenciam nos membros deficitários quando o paciente executa determinado movimento.
Sinal de Babinski
Exagero do reflexo de automatismo ou de defesa : Tríplice flexão do membro inferior ao estímulo nociceptivo.
Hiper-reflexia profunda e/ou Sinreflexia (resposta ao estímulo do lado oposto também)
Espasticidade
A síndrome piramidal pode ser de dois tipos: deficitária e de liberação.
Síndrome piramidal deficitária refere-se simplesmente à fraqueza de um lado do corpo ou de uma parte do corpo (hemiparesia, como fraqueza de um lado, tetraparesia, como fraqueza dos 4 membros, ou paraparesia, como fraqueza das duas pernas, ou mais raramente dos dois braços), geralmente com diminuição do tônus musculas (hipotonia = moleza dos músculos). Neste caso, os reflexos elicitados pelo martelinho (reflexos tendinosos profundos) estão diminuídos ou ausentes. Pode haver perda de massa muscular - atrofia.
Síndrome piramidal de liberação refere-se à mesma fraqueza, nas mesmas distribuições, mas com alguns sinais a mais. Aqui, os membros afetados não estão moles, mas ao invés, duros e tensos (espasticidade), os reflexos estão exaltados (aumentados, vivos, fáceis de serem obtidos com uma simples marteladinha, ou marteladas em locais que antes não produziam estes reflexos), os músculos estão facilmente excitáveis, e quando estimula-se a planta do pé na sua parte mais externa, o dedão (hálux) ao invés de se fletir (descer), vai para cima de forma gradual (sinal de Babinski).
Causas mais frequentes:
AVC
Tumores
Doenças desmielinizantes
Processos degenerativos (esclerose lateral amiotrófica)
Traumatismos
Infecções
Muito mais acerca da Síndrome Piramidal pode ser conferida procurando o arquivo: "O Sistema Motor - O Sistema e a Síndrome Piramidais" de autoria do professor Paulo Brito. O arquivo pode ser encontrado facilmente nos sites de busca e, por estar protegido, não permite a colocação de link. Boa leitura.
Fontes: http://neuroinformacao.blogspot.com.br/2011/12/pequeno-dicionario-de-termos-medicos_21.html
http://medworks1.tripod.com/Fisiologia/sndrome_piramidal.htm
Efeito protetor do chocolate.
Estudo mostra que mães que consumiram o doce durante a gravidez tiveram bebês menos sensíveis ao estresse.
Comer chocolate é prazeroso — disso nem consumidores nem cientistas discordam. Agora, pesquisadores finlandeses descobriram que o doce age como protetor contra o estresse em bebês que ainda não nasceram. Mães que haviam consumido chocolate diariamente durante a gravidez, tiveram bebês mais ativos e felizes aos seis meses – o resultado foi medido de acordo com a frequência dos sorrisos das crianças. Em filhos de mães estressadas, o efeito foi ainda mais evidente.
O corpo precisa de uma série dos aminoácidos para favorecer a ação dos neurotransmissores (responsáveis pela comunicação entre as células nervosas). O triptofano, por exemplo, é um dos componentes que atuam na ativação da serotonina, molécula envolvida na regulação do humor. Níveis baixos da substância podem abrir o caminho para o desenvolvimento de distúrbios como depressão e ansiedade.
De fato, a administração de triptofano alivia sintomas depressivos. Quanto maior quantidade da substância no cérebro, mais serotonina é produzida. O aminoácido é encontrado em abundância na soja, castanha de caju e no pó de cacau não adoçado. No entanto, adicionar açúcar ao chocolate parece reforçar seus efeitos positivos. A mistura estimula o pâncreas a liberar insulina, facilitando o acesso do triptofano ao cérebro. Como resultado, os níves de serotonina aumentam e melhoram o humor.
Além do triptofano, os componentes anandamida e feniletilamina também aumentam o bem-estar. No entanto, a quantidade das substâncias presentes no chocolate são pequenas demais para ter um efeito perceptível. Os grãos de cacau contêm, ainda, cafeína, que provoca um efeito levemente estimulante e melhoram o ânimo.
No entanto, o psicólogo Peter Rodgers, da Universidade de Bristol, acredita que o desejo por comer chocolate, provavelmente, está muito mais ligado à psicologia alimentar do que às suas ações benéficas ao organismo: a substância parece não ter o mesmo efeito sobre o humor quando absorvidas de outros alimentos. O cientista acredita que a combinação entre o açúcar e a gordura presentes no doce (fonte de energia para o cérebro), têm um papel importante na sensação de prazer. Estudos demonstram que basta a visualização de uma barra de chocolate para ativar o sistema de recompensa cerebral.
Além disso, aprendemos a nos premiar ou nos consolar com o chocolate. Se a sensação de “felicidade” surge ao comê-lo, ela pode estar associado às nossas expectativas. No entanto, comer alimentos ricos em acúcar com frequência, pode acarretar uma série de consequências menos positivas, como sobrepeso e a diabetes. Em longo prazo e, associados a um estilo de vida sedentário, a gordura e o açúcar presentes no chocolate podem representar um importante fator de risco para a saúde e o bem-estar.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/efeito_protetor_do_chocolate.html
Comer chocolate é prazeroso — disso nem consumidores nem cientistas discordam. Agora, pesquisadores finlandeses descobriram que o doce age como protetor contra o estresse em bebês que ainda não nasceram. Mães que haviam consumido chocolate diariamente durante a gravidez, tiveram bebês mais ativos e felizes aos seis meses – o resultado foi medido de acordo com a frequência dos sorrisos das crianças. Em filhos de mães estressadas, o efeito foi ainda mais evidente.
O corpo precisa de uma série dos aminoácidos para favorecer a ação dos neurotransmissores (responsáveis pela comunicação entre as células nervosas). O triptofano, por exemplo, é um dos componentes que atuam na ativação da serotonina, molécula envolvida na regulação do humor. Níveis baixos da substância podem abrir o caminho para o desenvolvimento de distúrbios como depressão e ansiedade.
De fato, a administração de triptofano alivia sintomas depressivos. Quanto maior quantidade da substância no cérebro, mais serotonina é produzida. O aminoácido é encontrado em abundância na soja, castanha de caju e no pó de cacau não adoçado. No entanto, adicionar açúcar ao chocolate parece reforçar seus efeitos positivos. A mistura estimula o pâncreas a liberar insulina, facilitando o acesso do triptofano ao cérebro. Como resultado, os níves de serotonina aumentam e melhoram o humor.
Além do triptofano, os componentes anandamida e feniletilamina também aumentam o bem-estar. No entanto, a quantidade das substâncias presentes no chocolate são pequenas demais para ter um efeito perceptível. Os grãos de cacau contêm, ainda, cafeína, que provoca um efeito levemente estimulante e melhoram o ânimo.
No entanto, o psicólogo Peter Rodgers, da Universidade de Bristol, acredita que o desejo por comer chocolate, provavelmente, está muito mais ligado à psicologia alimentar do que às suas ações benéficas ao organismo: a substância parece não ter o mesmo efeito sobre o humor quando absorvidas de outros alimentos. O cientista acredita que a combinação entre o açúcar e a gordura presentes no doce (fonte de energia para o cérebro), têm um papel importante na sensação de prazer. Estudos demonstram que basta a visualização de uma barra de chocolate para ativar o sistema de recompensa cerebral.
Além disso, aprendemos a nos premiar ou nos consolar com o chocolate. Se a sensação de “felicidade” surge ao comê-lo, ela pode estar associado às nossas expectativas. No entanto, comer alimentos ricos em acúcar com frequência, pode acarretar uma série de consequências menos positivas, como sobrepeso e a diabetes. Em longo prazo e, associados a um estilo de vida sedentário, a gordura e o açúcar presentes no chocolate podem representar um importante fator de risco para a saúde e o bem-estar.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/efeito_protetor_do_chocolate.html
Palavras cáusticas.
Mais que piada ou inocente jogo de palavras, o sarcasmo pode ser compreendido como um recurso para substituir a agressão física.
Não há uma única entonação de voz. Entretanto, existem alguns parâmetros, identificados por John Haiman, linguista do Macalester College de St. Paul, em Minnesota, e autor do livro Talk is cheap: sarcasm, alienation, and the evolution of language (Oxford, University Press; sem tradução em português), que servem para identificar o sarcasmo durante uma conversa. Dados como entonação, volume da voz, pausas, duração das palavras e ênfase dada a cada uma e, no caso de texto escrito, a pontuação oferecem pistas importantes.
Há alguns anos, Henry Cheang e Marc Pell, da Universidade McGill de Montreal, no Canadá, fizeram uma análise acústica e vocal de vozes gravadas durante discursos sinceros e sarcásticos. Eles constataram que nestes últimos se notam redução da velocidade do falar e presença de esquemas prosódicos peculiares (como o aumento de tempo para pronunciar algumas sílabas). Por exemplo, uma coisa é dizer “desculpa”, outra é pronunciar “descuuuulpa”, acentuando a letra “u”. Com a palavra “querida”, a extensão da letra “i” também é indicativa de algum exagero que pode beirar a falsidade.
Mas não são apenas o tom e o volume da voz que ajudam a identificar uma piada sarcástica. Segundo Haiman, que estudou o assunto a fundo, a expressão facial também pode ser reveladora. Muitas vezes a frase cortante é acompanhada por uma expressão de repulsa, um sinal primitivo de que as palavras ditas são falsas. A careta mostra que elas parecem ter “gosto ruim”. O mesmo vale para a expressão dos olhos e das sobrancelhas, que fazem movimentos típicos quando a pessoa usa o sarcasmo. Uma pesquisa da Universidade Politécnica da Califórnia demonstrou que quando alguém conta uma piada ou faz uma tirada com forte toque de ironia em geral evita olhar nos olhos de sua “vítima”.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/palavras_causticas.html
Não há uma única entonação de voz. Entretanto, existem alguns parâmetros, identificados por John Haiman, linguista do Macalester College de St. Paul, em Minnesota, e autor do livro Talk is cheap: sarcasm, alienation, and the evolution of language (Oxford, University Press; sem tradução em português), que servem para identificar o sarcasmo durante uma conversa. Dados como entonação, volume da voz, pausas, duração das palavras e ênfase dada a cada uma e, no caso de texto escrito, a pontuação oferecem pistas importantes.
Há alguns anos, Henry Cheang e Marc Pell, da Universidade McGill de Montreal, no Canadá, fizeram uma análise acústica e vocal de vozes gravadas durante discursos sinceros e sarcásticos. Eles constataram que nestes últimos se notam redução da velocidade do falar e presença de esquemas prosódicos peculiares (como o aumento de tempo para pronunciar algumas sílabas). Por exemplo, uma coisa é dizer “desculpa”, outra é pronunciar “descuuuulpa”, acentuando a letra “u”. Com a palavra “querida”, a extensão da letra “i” também é indicativa de algum exagero que pode beirar a falsidade.
Mas não são apenas o tom e o volume da voz que ajudam a identificar uma piada sarcástica. Segundo Haiman, que estudou o assunto a fundo, a expressão facial também pode ser reveladora. Muitas vezes a frase cortante é acompanhada por uma expressão de repulsa, um sinal primitivo de que as palavras ditas são falsas. A careta mostra que elas parecem ter “gosto ruim”. O mesmo vale para a expressão dos olhos e das sobrancelhas, que fazem movimentos típicos quando a pessoa usa o sarcasmo. Uma pesquisa da Universidade Politécnica da Califórnia demonstrou que quando alguém conta uma piada ou faz uma tirada com forte toque de ironia em geral evita olhar nos olhos de sua “vítima”.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/palavras_causticas.html
Esperança de cura em lesões da medula espinhal.
Cientistas da Universidade Yale descobriram uma molécula essencial no processo de reparo de prejuízos neuronais.
Após sofrer um dano, os prolongamentos neurais que levam os comandos do cérebro até os músculos se regeneram. No entanto, isso não acontece com os neurônios motores da medula espinhal – uma importante parte do sistema nervoso, localizada na coluna vertebral, de onde saem os impulsos elétricos que produzem os movimentos. Cientistas da Universidade Yale, em Connecticut, descobriram que a molécula Notch, conhecida pela influência que exerce sobre as células-tronco que formam o sangue e o sistema nervoso, tem papel essencial no processo de reparo de lesões neuronais.
Ao bloquearem a atividade da Notch no verme microscópico Caenorhabditis elegans – o primeiro animal a ter todos os genes sequenciados –, os geneticistas Rachid El Bejjani e Marc Hammarlund observaram que o crescimento de neurônios melhorou, o que sugere que a molécula impede a regeneração dessas células. Em artigo publicado na revista Neuron, os pesquisadores explicam que, até então, consideravam que a Notch ficava ativa apenas durante o desenvolvimento fetal e na infância. Mas cada vez mais estudos sugerem sua influência na perda de neurônios característica de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
A substância inibidora da Notch usada no estudo já está sendo testada em roedores e em seres humanos para tratar Alzheimer. Mas Bejjani e Hammarlund pretendem analisar se ela pode fazer com que neurônios da medula danificados se regenerem em mamíferos. Segundo eles, comprovar que a Notch impede o crescimento de neurônios em humanos, como faz nos C. elegans, seria uma descoberta de enorme importância para tratar lesões da medula espinhal.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/esperanca_de_cura_em_lesoes_da_medula_espinhal.html
Após sofrer um dano, os prolongamentos neurais que levam os comandos do cérebro até os músculos se regeneram. No entanto, isso não acontece com os neurônios motores da medula espinhal – uma importante parte do sistema nervoso, localizada na coluna vertebral, de onde saem os impulsos elétricos que produzem os movimentos. Cientistas da Universidade Yale, em Connecticut, descobriram que a molécula Notch, conhecida pela influência que exerce sobre as células-tronco que formam o sangue e o sistema nervoso, tem papel essencial no processo de reparo de lesões neuronais.
Ao bloquearem a atividade da Notch no verme microscópico Caenorhabditis elegans – o primeiro animal a ter todos os genes sequenciados –, os geneticistas Rachid El Bejjani e Marc Hammarlund observaram que o crescimento de neurônios melhorou, o que sugere que a molécula impede a regeneração dessas células. Em artigo publicado na revista Neuron, os pesquisadores explicam que, até então, consideravam que a Notch ficava ativa apenas durante o desenvolvimento fetal e na infância. Mas cada vez mais estudos sugerem sua influência na perda de neurônios característica de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
A substância inibidora da Notch usada no estudo já está sendo testada em roedores e em seres humanos para tratar Alzheimer. Mas Bejjani e Hammarlund pretendem analisar se ela pode fazer com que neurônios da medula danificados se regenerem em mamíferos. Segundo eles, comprovar que a Notch impede o crescimento de neurônios em humanos, como faz nos C. elegans, seria uma descoberta de enorme importância para tratar lesões da medula espinhal.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/esperanca_de_cura_em_lesoes_da_medula_espinhal.html
O dever de afeto e a patologia da verdade.
Grande parte do sofrimento decorre da impossibilidade de nomeá-lo; profissionais que atenderam pessoas atormentadas por segredos sabem o peso do que não é dito.
Nos anos 60 a francesa Françoise Dolto (1908-1988) revolucionou a psicanálise da infância com uma ideia tão simples quanto eficaz: devemos contar a verdade para as crianças. Depois de anos experimentando efeitos deletérios de mentiras, ocultações e demais práticas adultas de negação da verdade, Dolto percebeu como grande parte do sofrimento experimentado por alguém decorre da impossibilidade de nomeá- lo. Tese complementar: a criança sempre sabe. Aquele que atendeu famílias corroídas pelo segredo, pessoas atormentadas por sua orientação sexual, crianças de quem se esconde uma adoção – destinos cercados por fantasias inadmitidas – sabe o peso que se acumula na verdade que não se diz. E esse peso é ainda maior quando o tempo coagula a verdade atribuindo a ela valor e potência que não se dilui, nem se troca, nem se desloca – sua lei maior, que é a do reconhecimento compartilhado. O direito à verdade torna-se um paradoxo quando nos faz supor a existência daquele que seria seu representante fiel e executor. São os pais diante dos filhos, os amantes e os amigos entre si, as testemunhas diante do ato, as instituições por todos nós, a transmissão da cultura em seu limite. Nada mais perigoso do que alguém que nesta tarefa quer nomear positivamente toda a verdade. Ou seja, ao direito de verdade corresponde um tipo de dever que poderíamos chamar de dever contingente. O dever de dizer no tempo certo, para aquele a quem esta verdade concerne, seguindo a prudência de que toda a verdade não pode ser dita, como argumentava Lacan, porque isso é impossível, faltam as palavras.
É preciso coragem para dizer esta verdade, ainda que não toda. Depois de décadas de desconstrução e de relativismo multiculturalista em teoria social parece cada vez mais claro que a verdade é uma categoria incontornável da vida ética e desejante. Contudo, ela deve ser abordada pelas vias do negativo. Posso não saber o que é a verdade em todos os casos, seu código universal ou a língua soberana na qual ela está escrita, mas sei reconhecer o mal-estar naquele silêncio, naquele capítulo em branco de minha história, naquela palavra esquecida, naquele gesto que não veio. Esse mal- -estar precisa de um nome para se tornar sofrimento e como tal ser tratado, reconhecido e recomposto. Um grão de verdade que se dispersará em novos saberes e diferentes narrativas. Por isso quando se argumenta que a Comissão da Verdade, recentemente instituída parainvestigar violações ocorridas no período militar, não funcionará porque não tem poderes para prender e processar os culpados, percebe-se esta lógica que pensa que a verdade sem força de lei é impotente e que reduz o direito ao código dos deveres obrigatórios. A justiça não é o direito porque este exclui os deveres contingentes.
É este dever contingente que está em jogo quando um pai recebe ordem judicial para pagar determinada quantia como reparação por não ter “reconhecido afetivamente” sua filha, ou quando se estipula que a prole tem uma espécie de direito natural ao afeto de seus pais. Mais além das obrigações de segurança e dos encargos com a manutenção e administração da vida, fica claro que há aqui uma patologia da verdade. Nada mais certo para provocar o ódio do que o imperativo universal e obrigatório para amar. Além de contraproducente, nos parece insensato que a lei, no sentido do direito, obrigue alguém a amar. E nos soa irrisório que codifiquemos o amor em uma série de comportamentos procedimentais. Portanto, não conseguimos estabelecer de forma necessária e positiva o que vem a ser o direito ao afeto. Quando o fazemos geralmente temos uma patologia incipiente ou em progresso. Mas isso não quer dizer que não seja possível reconhecer, sem dúvida ou hesitação, quando estamos diante de uma transgressão, seja em relação ao dever de verdade ou de direito ao afeto. E estes não se reparam apenas juridicamente pela coerção ou prescrição, mas por meio de palavras e atos de reconhecimento.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/o_dever_de_afeto_e_a_patologia_da_verdade.html
Nos anos 60 a francesa Françoise Dolto (1908-1988) revolucionou a psicanálise da infância com uma ideia tão simples quanto eficaz: devemos contar a verdade para as crianças. Depois de anos experimentando efeitos deletérios de mentiras, ocultações e demais práticas adultas de negação da verdade, Dolto percebeu como grande parte do sofrimento experimentado por alguém decorre da impossibilidade de nomeá- lo. Tese complementar: a criança sempre sabe. Aquele que atendeu famílias corroídas pelo segredo, pessoas atormentadas por sua orientação sexual, crianças de quem se esconde uma adoção – destinos cercados por fantasias inadmitidas – sabe o peso que se acumula na verdade que não se diz. E esse peso é ainda maior quando o tempo coagula a verdade atribuindo a ela valor e potência que não se dilui, nem se troca, nem se desloca – sua lei maior, que é a do reconhecimento compartilhado. O direito à verdade torna-se um paradoxo quando nos faz supor a existência daquele que seria seu representante fiel e executor. São os pais diante dos filhos, os amantes e os amigos entre si, as testemunhas diante do ato, as instituições por todos nós, a transmissão da cultura em seu limite. Nada mais perigoso do que alguém que nesta tarefa quer nomear positivamente toda a verdade. Ou seja, ao direito de verdade corresponde um tipo de dever que poderíamos chamar de dever contingente. O dever de dizer no tempo certo, para aquele a quem esta verdade concerne, seguindo a prudência de que toda a verdade não pode ser dita, como argumentava Lacan, porque isso é impossível, faltam as palavras.
É preciso coragem para dizer esta verdade, ainda que não toda. Depois de décadas de desconstrução e de relativismo multiculturalista em teoria social parece cada vez mais claro que a verdade é uma categoria incontornável da vida ética e desejante. Contudo, ela deve ser abordada pelas vias do negativo. Posso não saber o que é a verdade em todos os casos, seu código universal ou a língua soberana na qual ela está escrita, mas sei reconhecer o mal-estar naquele silêncio, naquele capítulo em branco de minha história, naquela palavra esquecida, naquele gesto que não veio. Esse mal- -estar precisa de um nome para se tornar sofrimento e como tal ser tratado, reconhecido e recomposto. Um grão de verdade que se dispersará em novos saberes e diferentes narrativas. Por isso quando se argumenta que a Comissão da Verdade, recentemente instituída parainvestigar violações ocorridas no período militar, não funcionará porque não tem poderes para prender e processar os culpados, percebe-se esta lógica que pensa que a verdade sem força de lei é impotente e que reduz o direito ao código dos deveres obrigatórios. A justiça não é o direito porque este exclui os deveres contingentes.
É este dever contingente que está em jogo quando um pai recebe ordem judicial para pagar determinada quantia como reparação por não ter “reconhecido afetivamente” sua filha, ou quando se estipula que a prole tem uma espécie de direito natural ao afeto de seus pais. Mais além das obrigações de segurança e dos encargos com a manutenção e administração da vida, fica claro que há aqui uma patologia da verdade. Nada mais certo para provocar o ódio do que o imperativo universal e obrigatório para amar. Além de contraproducente, nos parece insensato que a lei, no sentido do direito, obrigue alguém a amar. E nos soa irrisório que codifiquemos o amor em uma série de comportamentos procedimentais. Portanto, não conseguimos estabelecer de forma necessária e positiva o que vem a ser o direito ao afeto. Quando o fazemos geralmente temos uma patologia incipiente ou em progresso. Mas isso não quer dizer que não seja possível reconhecer, sem dúvida ou hesitação, quando estamos diante de uma transgressão, seja em relação ao dever de verdade ou de direito ao afeto. E estes não se reparam apenas juridicamente pela coerção ou prescrição, mas por meio de palavras e atos de reconhecimento.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/o_dever_de_afeto_e_a_patologia_da_verdade.html
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Como ver um fantasma.
A crença na paranormalidade é reforçada pelos mesmos mecanismos cerebrais que modelam a maior parte do pensamento e nos ajudam a tomar decisões no cotidiano.
Posicione-se diante de um espelho grande, a cerca de meio metro dele. A seguir, coloque uma vela ou uma luz fraca bem atrás de você e apague a luz. Depois de olhar atentamente para seu reflexo por cerca de um minuto, você começará a experimentar uma ilusão estranha. Em um estudo conduzido pelo psicólogo italiano Giovanni B. Caputo, da Universidade de Urbino, 70% dos voluntários viam o próprio rosto tornar-se terrivelmente distorcido e muitos tinham a impressão de estar se transformando em outra pessoa. Embora os pesquisadores não estejam certos sobre o que produz esse efeito, as condições de iluminação parecem impedir o cérebro de “juntar” os diferentes aspectos da própria face em uma única imagem.
Talvez você nunca tenha visto o rosto de Jesus Cristo num pedaço de batata chips, mas provavelmente já viveu alguma situação, fenômeno ou revelação improvável em algum momento. Muitos afirmam, por exemplo, que fantasmas existem ou que os sonhos podem ser premonitórios; outros tantos acreditam ter visto o rosto da Virgem Maria numa torrada e o da Madre Teresa num biscoito de canela. E, embora a maioria dessas crenças não se sustente racionalmente, são surpreendentemente comuns. Uma pesquisa de opinião pública realizada em 2005 mostrou que três em cada quatro americanos acreditam na existência de fenômenos paranormais. Outro trabalho revelou que um em cada três adultos afirma ter vivenciado uma experiência sobrenatural. A frequência desses relatos levou alguns psicólogos a se perguntar se mecanismos psíquicos poderiam sustentar essas convicções tão disseminadas.
A lista de fenômenos “estranhos” nos quais as pessoas creem vai muito além dos limites da evidência científica – incluindo telepatia, clarividência, previsão do futuro, controle da matéria pela mente e capacidade de se comunicar com os mortos. Psicólogos estão procurando compreender por que tanta gente acredita em manifestações que escapam à explicação lógica. E já descobriram que esse tipo de crença não é privilégio de um grupo seleto: todos nós estamos preparados para o sobrenatural. E, enquanto a ciência não apresenta provas definitivas, muita gente continuará a ver fadas escondidas entre flores. E quem garante que elas realmente não estão lá?
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/como_ver_um_fantasma.html
Posicione-se diante de um espelho grande, a cerca de meio metro dele. A seguir, coloque uma vela ou uma luz fraca bem atrás de você e apague a luz. Depois de olhar atentamente para seu reflexo por cerca de um minuto, você começará a experimentar uma ilusão estranha. Em um estudo conduzido pelo psicólogo italiano Giovanni B. Caputo, da Universidade de Urbino, 70% dos voluntários viam o próprio rosto tornar-se terrivelmente distorcido e muitos tinham a impressão de estar se transformando em outra pessoa. Embora os pesquisadores não estejam certos sobre o que produz esse efeito, as condições de iluminação parecem impedir o cérebro de “juntar” os diferentes aspectos da própria face em uma única imagem.
Talvez você nunca tenha visto o rosto de Jesus Cristo num pedaço de batata chips, mas provavelmente já viveu alguma situação, fenômeno ou revelação improvável em algum momento. Muitos afirmam, por exemplo, que fantasmas existem ou que os sonhos podem ser premonitórios; outros tantos acreditam ter visto o rosto da Virgem Maria numa torrada e o da Madre Teresa num biscoito de canela. E, embora a maioria dessas crenças não se sustente racionalmente, são surpreendentemente comuns. Uma pesquisa de opinião pública realizada em 2005 mostrou que três em cada quatro americanos acreditam na existência de fenômenos paranormais. Outro trabalho revelou que um em cada três adultos afirma ter vivenciado uma experiência sobrenatural. A frequência desses relatos levou alguns psicólogos a se perguntar se mecanismos psíquicos poderiam sustentar essas convicções tão disseminadas.
A lista de fenômenos “estranhos” nos quais as pessoas creem vai muito além dos limites da evidência científica – incluindo telepatia, clarividência, previsão do futuro, controle da matéria pela mente e capacidade de se comunicar com os mortos. Psicólogos estão procurando compreender por que tanta gente acredita em manifestações que escapam à explicação lógica. E já descobriram que esse tipo de crença não é privilégio de um grupo seleto: todos nós estamos preparados para o sobrenatural. E, enquanto a ciência não apresenta provas definitivas, muita gente continuará a ver fadas escondidas entre flores. E quem garante que elas realmente não estão lá?
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/como_ver_um_fantasma.html
Ansiedade afeta percepção de ameaça.
Pesquisa revela que pessoas muito preocupadas permanecem em um estado de estresse crônico e têm maiores chances de descartar estímulos que representam perigos reais.
A tensão causada pela ansiedade está longe de ser um sinal de hipervigilância e de maior sensibilidade a possíveis ameaças. Pelo menos é o que revela uma pesquisa divulgada pela Biological Psychology. O psicólogo Tahl Frenkel, da Universidade de Tel Aviv, pediu a 17 universitários que manifestavam sintomas de transtorno de ansiedade e a outros 22, sem sinais do distúrbio, que identificassem medo em uma série de rostos cada vez mais assustados.
Como esperado, pessoas do primeiro grupo detectaram a emoção antes que as do segundo. A surpresa veio, no entanto, quando os pesquisadores analisaram imagens neurais dos voluntários, captadas durante o experimento. O cérebro dos ansiosos não reagiu a expressões sutis de medo, apenas às óbvias. A atividade cerebral dos mais calmos manifestou-se diante de imagens mais neutras e aumentou à medida que a expressão de pavor se tornava mais nítida – embora sua resposta comportamental tenha sido mais lenta, a atividade cerebral sugere que o segundo grupo captou diferenças sutis mais rapidamente.
O resultado mostra que os preocupados estão mais vulneráveis a ignorar possíveis ameaças – o que desafia a hipótese, aceita por muitos, de que indivíduos ansiosos são hipervigilantes. Frenkel acredita que pessoas excessivamente preocupadas permanecem em um estado de estresse crônico, ou seja, por considerarem uma enorme quantidade de estímulos como ameaçadores, têm maiores chances de descartar os que apresentam perigo real. Segundo Frenkel, nosso “mecanismo de aviso subconsciente” é prejudicado pela ansiedade.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/ansiedade_afeta_percepcao_de_ameaca.html
A tensão causada pela ansiedade está longe de ser um sinal de hipervigilância e de maior sensibilidade a possíveis ameaças. Pelo menos é o que revela uma pesquisa divulgada pela Biological Psychology. O psicólogo Tahl Frenkel, da Universidade de Tel Aviv, pediu a 17 universitários que manifestavam sintomas de transtorno de ansiedade e a outros 22, sem sinais do distúrbio, que identificassem medo em uma série de rostos cada vez mais assustados.
Como esperado, pessoas do primeiro grupo detectaram a emoção antes que as do segundo. A surpresa veio, no entanto, quando os pesquisadores analisaram imagens neurais dos voluntários, captadas durante o experimento. O cérebro dos ansiosos não reagiu a expressões sutis de medo, apenas às óbvias. A atividade cerebral dos mais calmos manifestou-se diante de imagens mais neutras e aumentou à medida que a expressão de pavor se tornava mais nítida – embora sua resposta comportamental tenha sido mais lenta, a atividade cerebral sugere que o segundo grupo captou diferenças sutis mais rapidamente.
O resultado mostra que os preocupados estão mais vulneráveis a ignorar possíveis ameaças – o que desafia a hipótese, aceita por muitos, de que indivíduos ansiosos são hipervigilantes. Frenkel acredita que pessoas excessivamente preocupadas permanecem em um estado de estresse crônico, ou seja, por considerarem uma enorme quantidade de estímulos como ameaçadores, têm maiores chances de descartar os que apresentam perigo real. Segundo Frenkel, nosso “mecanismo de aviso subconsciente” é prejudicado pela ansiedade.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/ansiedade_afeta_percepcao_de_ameaca.html
Ratinhos de bom coração.
Animais desistem de comer chocolate para libertar companheiros presos em gaiolas; é o primeiro estudo a comprovar esse comportamento em camundongos.
Ajudar o outro sem perspectiva de recompensa é um comportamento exclusivamente humano? Experimentos recentes com animais sugerem que não. Um estudo publicado na Science mostra que roedores não hesitam em libertar um companheiro preso em uma gaiola, mesmo que isso signifique abrir mão de saborear um doce sozinho. A neurocientista Peggy Mason e os psicólogos Inbal Ben-Ami Bartal e Jean Decety, da Universidade de Chicago, analisaram o comportamento de roedores, dois por vez. Colocaram um dentro de uma gaiola e deixaram o outro livre. Observaram que, dos 30 ratinhos que ficaram soltos, 23 se esforçaram para abrir a porta da jaula do companheiro preso, apoiando o corpo na grade para pressioná-la.
Para testar se o comportamento altruísta se repetiria se os roedores tivessem de desistir de uma recompensa para salvar o outro, os pesquisadores colocaram uma pilha de lascas de chocolate fora da gaiola. E o resultado, segundo relataram, foi surpreendente: apesar da tentação de saborear o doce (e da probabilidade de ter de dividi-lo com outro), a maioria dos ratinhos livres abriu as gaiolas e compartilhou a recompensa. “Na ‘ratolândia’, isso é fantástico”, avalia Peggy. A neurocientista, porém, ressalta que a motivação da ajuda pode ter sido a de tentar silenciar os chamados angustiantes dos ratinhos confinados, embora acredite que eles não seriam suficientes para desviar a atenção da recompensa.
Esse é o primeiro estudo a demonstrar comportamento altruísta de roedores, mais um entre a série de experimentos que têm mudado a compreensão científica da empatia, que é a capacidade de reconhecer e de se identificar com as emoções alheias. “Parece que muitos animais desenvolveram o instinto de ajuda, mesmo em detrimento de si próprios. O altruísmo pode fazer parte de nossa biologia, e não ser um traço da personalidade, como se acreditava”, diz Peggy.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/ratinhos_de_bom_coracao.html
Ajudar o outro sem perspectiva de recompensa é um comportamento exclusivamente humano? Experimentos recentes com animais sugerem que não. Um estudo publicado na Science mostra que roedores não hesitam em libertar um companheiro preso em uma gaiola, mesmo que isso signifique abrir mão de saborear um doce sozinho. A neurocientista Peggy Mason e os psicólogos Inbal Ben-Ami Bartal e Jean Decety, da Universidade de Chicago, analisaram o comportamento de roedores, dois por vez. Colocaram um dentro de uma gaiola e deixaram o outro livre. Observaram que, dos 30 ratinhos que ficaram soltos, 23 se esforçaram para abrir a porta da jaula do companheiro preso, apoiando o corpo na grade para pressioná-la.
Para testar se o comportamento altruísta se repetiria se os roedores tivessem de desistir de uma recompensa para salvar o outro, os pesquisadores colocaram uma pilha de lascas de chocolate fora da gaiola. E o resultado, segundo relataram, foi surpreendente: apesar da tentação de saborear o doce (e da probabilidade de ter de dividi-lo com outro), a maioria dos ratinhos livres abriu as gaiolas e compartilhou a recompensa. “Na ‘ratolândia’, isso é fantástico”, avalia Peggy. A neurocientista, porém, ressalta que a motivação da ajuda pode ter sido a de tentar silenciar os chamados angustiantes dos ratinhos confinados, embora acredite que eles não seriam suficientes para desviar a atenção da recompensa.
Esse é o primeiro estudo a demonstrar comportamento altruísta de roedores, mais um entre a série de experimentos que têm mudado a compreensão científica da empatia, que é a capacidade de reconhecer e de se identificar com as emoções alheias. “Parece que muitos animais desenvolveram o instinto de ajuda, mesmo em detrimento de si próprios. O altruísmo pode fazer parte de nossa biologia, e não ser um traço da personalidade, como se acreditava”, diz Peggy.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/ratinhos_de_bom_coracao.html
Movimentos dos olhos revelam o que interessa aos autistas.
Crianças diagnosticadas com o transtorno evitaram focar a atenção nas cenas que exibiam emoções humanas, durante experimento.
Quanto mais piscamos os olhos, menos estamos concentrados em um estímulo visual. É o que mostram vários estudos que monitoram os movimentos oculares. Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Emory, na Geórgia, analisaram a frequência com que crianças autistas piscavam diante de diferentes imagens para tentar identificar seu grau de envolvimento com o ambiente ao redor e determinar se a movimentação ocular pode ser usada para o diagnóstico de graus mais leves do transtorno.
O pediatra Warren Jones Durante observou o comportamento de crianças entre 1 e 3 anos enquanto assistiam a vídeos. Segundo ele, as autistas piscaram mais diante de cenas que mostravam emoções humanas e mantiveram o olhar fixo quando eram exibidos objetos que mudavam de lugar ou se moviam de forma repetitiva. Desde bebês buscamos pistas de emoções em rostos, e é natural que as crianças acompanhem uma narrativa como se esperassem um resultado para o conflito em cena. Com as autistas isso não acontece. O desinteresse é comprovado pelas piscadelas constantes, o que sugere que não seguiam a linha emocional da história. A pesquisa foi divulgada na Proceedings of the National Academy of Sciences.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/movimentos_dos_olhos_revelam_o_que_interessa_aos_autistas.html
Quanto mais piscamos os olhos, menos estamos concentrados em um estímulo visual. É o que mostram vários estudos que monitoram os movimentos oculares. Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Emory, na Geórgia, analisaram a frequência com que crianças autistas piscavam diante de diferentes imagens para tentar identificar seu grau de envolvimento com o ambiente ao redor e determinar se a movimentação ocular pode ser usada para o diagnóstico de graus mais leves do transtorno.
O pediatra Warren Jones Durante observou o comportamento de crianças entre 1 e 3 anos enquanto assistiam a vídeos. Segundo ele, as autistas piscaram mais diante de cenas que mostravam emoções humanas e mantiveram o olhar fixo quando eram exibidos objetos que mudavam de lugar ou se moviam de forma repetitiva. Desde bebês buscamos pistas de emoções em rostos, e é natural que as crianças acompanhem uma narrativa como se esperassem um resultado para o conflito em cena. Com as autistas isso não acontece. O desinteresse é comprovado pelas piscadelas constantes, o que sugere que não seguiam a linha emocional da história. A pesquisa foi divulgada na Proceedings of the National Academy of Sciences.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/movimentos_dos_olhos_revelam_o_que_interessa_aos_autistas.html
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Regenerando o Nervo Óptico.
O nervo óptico conecta o olho ao cérebro. Leões ou doenças tais como o glaucoma podem danificá-lo, e uma vez rompidas, as fibras nervosas que se projetam da retina via nervo óptico não crescem novamente. No passado, os cientistas obtiveram modesto brotamento (sprouting) desses neurônios em ratos induzindo uma resposta inflamatória no olho. Mas havia um porém: os macrófagos que iniciam o brotamento também despejam toxinas que podem matar as células nervosas.
Assim, neurobiólogos liderados por Larry Benowitz, da Harvard Medical School, procuraram separar os componentes úteis dos macrófagos. Examinando as diversas substâncias secretadas pelos macrófagos em cultura, essa equipe de pesquisadores isolou uma proteína denominada oncomodulina que parece promover o crescimento e alongamento dos axônios do nervo óptico sem os efeitos tóxicos vistos com as células inteiras. Quando adicionada a fibras nervosas cultivadas in vitro, a proteína fez com que os axônios crescessem até 45%-- uma melhora de 50% em relação a outros estimulantes do crescimento conhecidos.
O efeito em animais, in vivo, também foi dramático. Quando os pesquisadores injetaram oncomodulina no fluido entre o cristalino e a retina de ratos cujo nervo óptico havia sido esmagado, a maioria dos animais experimentou um aumento de até 7 vezes na regeneração do nervo óptico, quando comparados a ratos não tratados.
Fonte: http://sadato.hypermart.net/weblog/2006/05/
Assim, neurobiólogos liderados por Larry Benowitz, da Harvard Medical School, procuraram separar os componentes úteis dos macrófagos. Examinando as diversas substâncias secretadas pelos macrófagos em cultura, essa equipe de pesquisadores isolou uma proteína denominada oncomodulina que parece promover o crescimento e alongamento dos axônios do nervo óptico sem os efeitos tóxicos vistos com as células inteiras. Quando adicionada a fibras nervosas cultivadas in vitro, a proteína fez com que os axônios crescessem até 45%-- uma melhora de 50% em relação a outros estimulantes do crescimento conhecidos.
O efeito em animais, in vivo, também foi dramático. Quando os pesquisadores injetaram oncomodulina no fluido entre o cristalino e a retina de ratos cujo nervo óptico havia sido esmagado, a maioria dos animais experimentou um aumento de até 7 vezes na regeneração do nervo óptico, quando comparados a ratos não tratados.
Fonte: http://sadato.hypermart.net/weblog/2006/05/
Frango Mike viveu 18 meses sem ter cabeça.
Mesmo levando uma vida penosa, ele nunca deu um pio para reclamar de sua condição.
Era uma manhã como outra qualquer, no dia 10 de setembro de 1945, quando Clara Olsen viu aquele frango gorducho ciscando em seu terreiro, em Fruita, Colorado (EUA), e decidiu que ele iria para a panela.
Ela apontou para vítima e deu ordem a seu marido, Lloyd Olsen, que levasse a tarefa a cabo. Lloyd sabia que sua sogra viria jantar com eles na noite seguinte e sabia também que a velha adorava chupar ossinhos de pescoço de frango.
Por isso, quando colocou o bicho sobre um tronco, posicionou seu machado de modo que, ao decepá-lo, restaria uma porção bem generosa de pescoço para cozinhar.
O carrasco ainda não imaginava que surpresas o frango lhe reservava, mas não queria decepcionar a mãe de Clara.
- Era importante puxar o saco da sua sogra nos anos 40 do mesmo modo que é hoje.
Assim sendo, ele desferiu a machadada fatal e desencanou do frango que, aparentemente, voltou ao seu trabalho galináceo de ciscar pelo terreiro da fazenda – não importando o fato de não ter mais cabeça para isso.
Na manhã seguinte, para total espanto dos Olsen, o frango – apesar de um pouco desorientado – continuava vivo e abrigava sua cabeça debaixo da asa. Os Olsen então decidiram que, se Mike – eles deram este nome ao frango – estava tão decidido a viver, eles teriam que arrumar um meio de alimentá-lo. Isso era feito com um conta gotas contendo água e grãos cuidadosamente moídos.
Depois de uma semana, Lloyd levou Mike em uma viagem de 400 km, rumo à Universidade de Utah, em Salt Lake City. Os cientistas mais céticos que haviam por lá estavam ansiosos para saber como é que Mike havia sobrevivido. Examinando o frango, eles descobriram que a culpada era a sogra de Lloyd e seu gosto por pescoço.
Por causa disso, Lloyd deu a machadada tão perto da cabeça que a base do cérebro de Mike permaneceu intacta e a lâmina não chegou nem a cortar a jugular – o que teria matado o frango em segundos. Lloyd foi tão incompetente com o machado que deixou Mike com um dos ouvidos intocados e, como as funções básicas que um frango necessita para controlar seus movimentos ficam na base do cérebro, Mike conseguiu permanecer saudável por um bom tempo.
Nos 18 meses que permaneceu vivo, Mike, que pesava pouco mais de 1 kg quando tinha cabeça, terminou seus dias pesando 3,5 kg.
Seus donos também engordaram suas contas bancárias levando o frango descabeçado para outras cidades em que pessoas pagavam 25 centavos só para vê-lo. Mike – o “Frango Maravilha”, como foi chamado pelas revistas Life e Times – morreu em uma dessas viagens quando, aparentemente, engasgou e nem Clara nem Lloyd conseguiram alcançar o conta gotas a tempo para limpar seu esôfago.
Se o frango morreu, a memória permaneceu. Até hoje, os habitantes da cidade de Fruita fazem reuniões anuais e lembram a história de Mike, não tanto por ele não ter cabeça e mais pela sua exemplar vontade de viver.
A memória de Mike – o Frango Maravilha – é celebrada anualmente em todo terceiro fim de semana do mês de maio.
Fonte: http://noticias.r7.com/esquisitices/noticias/frango-viveu-18-meses-sem-cabeca-20100403.html
Era uma manhã como outra qualquer, no dia 10 de setembro de 1945, quando Clara Olsen viu aquele frango gorducho ciscando em seu terreiro, em Fruita, Colorado (EUA), e decidiu que ele iria para a panela.
Ela apontou para vítima e deu ordem a seu marido, Lloyd Olsen, que levasse a tarefa a cabo. Lloyd sabia que sua sogra viria jantar com eles na noite seguinte e sabia também que a velha adorava chupar ossinhos de pescoço de frango.
Por isso, quando colocou o bicho sobre um tronco, posicionou seu machado de modo que, ao decepá-lo, restaria uma porção bem generosa de pescoço para cozinhar.
O carrasco ainda não imaginava que surpresas o frango lhe reservava, mas não queria decepcionar a mãe de Clara.
- Era importante puxar o saco da sua sogra nos anos 40 do mesmo modo que é hoje.
Assim sendo, ele desferiu a machadada fatal e desencanou do frango que, aparentemente, voltou ao seu trabalho galináceo de ciscar pelo terreiro da fazenda – não importando o fato de não ter mais cabeça para isso.
Na manhã seguinte, para total espanto dos Olsen, o frango – apesar de um pouco desorientado – continuava vivo e abrigava sua cabeça debaixo da asa. Os Olsen então decidiram que, se Mike – eles deram este nome ao frango – estava tão decidido a viver, eles teriam que arrumar um meio de alimentá-lo. Isso era feito com um conta gotas contendo água e grãos cuidadosamente moídos.
Depois de uma semana, Lloyd levou Mike em uma viagem de 400 km, rumo à Universidade de Utah, em Salt Lake City. Os cientistas mais céticos que haviam por lá estavam ansiosos para saber como é que Mike havia sobrevivido. Examinando o frango, eles descobriram que a culpada era a sogra de Lloyd e seu gosto por pescoço.
Por causa disso, Lloyd deu a machadada tão perto da cabeça que a base do cérebro de Mike permaneceu intacta e a lâmina não chegou nem a cortar a jugular – o que teria matado o frango em segundos. Lloyd foi tão incompetente com o machado que deixou Mike com um dos ouvidos intocados e, como as funções básicas que um frango necessita para controlar seus movimentos ficam na base do cérebro, Mike conseguiu permanecer saudável por um bom tempo.
Nos 18 meses que permaneceu vivo, Mike, que pesava pouco mais de 1 kg quando tinha cabeça, terminou seus dias pesando 3,5 kg.
Seus donos também engordaram suas contas bancárias levando o frango descabeçado para outras cidades em que pessoas pagavam 25 centavos só para vê-lo. Mike – o “Frango Maravilha”, como foi chamado pelas revistas Life e Times – morreu em uma dessas viagens quando, aparentemente, engasgou e nem Clara nem Lloyd conseguiram alcançar o conta gotas a tempo para limpar seu esôfago.
Se o frango morreu, a memória permaneceu. Até hoje, os habitantes da cidade de Fruita fazem reuniões anuais e lembram a história de Mike, não tanto por ele não ter cabeça e mais pela sua exemplar vontade de viver.
A memória de Mike – o Frango Maravilha – é celebrada anualmente em todo terceiro fim de semana do mês de maio.
Fonte: http://noticias.r7.com/esquisitices/noticias/frango-viveu-18-meses-sem-cabeca-20100403.html
Memória eidética.
É a Habilidade de armazenar e processar vastas quantidades de informação em sua memoria, concedendo uma capacidade de aprendizagem sobre humana.
A maioria das pessoas se lembra de mais ou menos 55% do que eles leem ou veem. Com esta habilidade é possível lembrar de 100% das coisas. Lendo livros de gramática e dicionários o personagem é capaz de falar qualquer língua.
Memória Eidetica pode levar a uma sensação de superinteligência, pois o usuário ao ler livros técnicos avançados vai lembrar das fórmulas e teorias. Ainda assim ele não será capaz de criar novas fórmulas e teorias tão facilmente como um personagem com "superinteligência", pois não possui o raciocínio, apenas o conhecimento.
Memória eidética, popularmente conhecida como Memória fotográfica, é a capacidade de se lembrar de coisas ouvidas e vistas, com um nível de detalhe quase perfeito. Eidética vêm do grego εἶδος ('eidos'), significa 'visto', e atualmente é usado para descrever algo marcado por ou envolvendo memórias extraordinariamente precisas e vívidas, especialmente as visuais.
Em 1970, um cientista de Harvard chamado Charles Stromeyer III publicou um artigo histórico na Nature sobre uma estudante de Harvard chamada Elizabeth, que poderia realizar uma façanha surpreendente. Stromeyer mostrou a Elizabeth um padrão de 10.000 pontos aleatórios com seu olho esquerdo coberto, e um dia depois, ele mostrou outro padrão de mais 10.000 pontos com seu olho direito coberto. Fusionando os 20.000 pontos Elizabeth identificou a figura 3D formada pelo estereograma e se tornou a primeira e única prova de que a memória fotográfica é possível. Anos depois o cientista casou-se com ela, após isso, ela nunca mais repetiu esse experimento em público.
Em 1979, um pesquisador chamado John Merritt publicou os resultados de um teste de memória fotográfica que ele havia colocado em revistas e jornais de todo o país. Merritt esperava encontrar alguém com habilidades semelhantes às de Elizabeth, e ele infere que cerca de 1 milhão de pessoas tentaram o teste. Desse número, 30 escreveram-lhe com a resposta certa. Ele visitou 15 deles em suas casas. No entanto, com o cientista olhando por cima de seus ombros, nenhum deles conseguiu repetir o truque de Elizabeth.
Devido a ausência de outros testes com Elizabeth, do único pesquisador a ter testemunhado esse experimento ter se casado com ela e de nenhum outro caso semelhante ter sido encontrado muitos cientistas questionam a existência de memória realmente fotográfica, sendo apenas uma memória excepcionalmente boa para uma quantidade restrita de fatos de seu interesse e grande dedicação para memorizar os detalhes usando inúmeras técnicas mnemônicas como o Palácio da memória (method of loci).
Vários ganhadores do Campeonato Mundial de Memória venceram graças a suas técnicas de memorização, dedicação e memória excepcionalmente boa mesmo sem possuir memória fotográfica.
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3ria_eid%C3%A9tica
http://www.tecmundo.com.br/mega-curioso/22147-aprenda-a-desenvolver-a-memoria-fotografica-em-apenas-um-mes.htm
A maioria das pessoas se lembra de mais ou menos 55% do que eles leem ou veem. Com esta habilidade é possível lembrar de 100% das coisas. Lendo livros de gramática e dicionários o personagem é capaz de falar qualquer língua.
Memória Eidetica pode levar a uma sensação de superinteligência, pois o usuário ao ler livros técnicos avançados vai lembrar das fórmulas e teorias. Ainda assim ele não será capaz de criar novas fórmulas e teorias tão facilmente como um personagem com "superinteligência", pois não possui o raciocínio, apenas o conhecimento.
Memória eidética, popularmente conhecida como Memória fotográfica, é a capacidade de se lembrar de coisas ouvidas e vistas, com um nível de detalhe quase perfeito. Eidética vêm do grego εἶδος ('eidos'), significa 'visto', e atualmente é usado para descrever algo marcado por ou envolvendo memórias extraordinariamente precisas e vívidas, especialmente as visuais.
Em 1970, um cientista de Harvard chamado Charles Stromeyer III publicou um artigo histórico na Nature sobre uma estudante de Harvard chamada Elizabeth, que poderia realizar uma façanha surpreendente. Stromeyer mostrou a Elizabeth um padrão de 10.000 pontos aleatórios com seu olho esquerdo coberto, e um dia depois, ele mostrou outro padrão de mais 10.000 pontos com seu olho direito coberto. Fusionando os 20.000 pontos Elizabeth identificou a figura 3D formada pelo estereograma e se tornou a primeira e única prova de que a memória fotográfica é possível. Anos depois o cientista casou-se com ela, após isso, ela nunca mais repetiu esse experimento em público.
Em 1979, um pesquisador chamado John Merritt publicou os resultados de um teste de memória fotográfica que ele havia colocado em revistas e jornais de todo o país. Merritt esperava encontrar alguém com habilidades semelhantes às de Elizabeth, e ele infere que cerca de 1 milhão de pessoas tentaram o teste. Desse número, 30 escreveram-lhe com a resposta certa. Ele visitou 15 deles em suas casas. No entanto, com o cientista olhando por cima de seus ombros, nenhum deles conseguiu repetir o truque de Elizabeth.
Devido a ausência de outros testes com Elizabeth, do único pesquisador a ter testemunhado esse experimento ter se casado com ela e de nenhum outro caso semelhante ter sido encontrado muitos cientistas questionam a existência de memória realmente fotográfica, sendo apenas uma memória excepcionalmente boa para uma quantidade restrita de fatos de seu interesse e grande dedicação para memorizar os detalhes usando inúmeras técnicas mnemônicas como o Palácio da memória (method of loci).
Vários ganhadores do Campeonato Mundial de Memória venceram graças a suas técnicas de memorização, dedicação e memória excepcionalmente boa mesmo sem possuir memória fotográfica.
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3ria_eid%C3%A9tica
http://www.tecmundo.com.br/mega-curioso/22147-aprenda-a-desenvolver-a-memoria-fotografica-em-apenas-um-mes.htm
domingo, 24 de junho de 2012
Você sabe o que é a Frenologia (cranioscopia)?
Frenologia é o estudo da estrutura do crânio de modo a determinar o carácter da pessoas e a sua capacidade mental. Esta pseudociencia baseia-se na falsa assunção de que as faculdades mentais estão localizadas em "orgãos" cerebrais na superficie deste que podem ser detectados por inspecção visual do crânio.
O fisico vienense Franz-Joseph Gall (1758-1828) afirmou existirem 26 "orgãos" na superficie do cérebro que afectam o contorno do crânio, incluindo um "orgão da morte" presente em assassinos. Gall era advogado do principio "use-o ou deixe-o". Os orgãos do cérebro que eram usados tornavam-se maiores e os não usados encolhiam, fazendo o crânio subir ou descer com o desenvolvimento do orgão. Estes altos e baixos reflectiam, de acordo com Gall, àreas especificas do cérebro que determinam as funções emocionais e intelectuais de uma pessoa. Gall chamou a este estudo "cranioscopia." Outros como Johann Kaspar Spurzheim (1776-1832) que espalhou a palavra na America e George Combe (1788-1858) que fundou a Edinburgh Phrenological Society, prosseguiram com ainda mais divisões e designações do cérebro e do crânio, como o "espirito metafisico" e "wit." Em 1815, Thomas Foster chamou ao trabalho de Gall e Spurzheim "frenologia" (phrenos é o termo grego para mente) e o nome pegou.
Os frenologistas avançaram a noção de que o cérebro humano é o lugar do carácter, percepção, emoção, intelecto, etc, e as diferentes partes do cérebro são responsáveis por diferentes funções mentais. Nisto estavam correctos. Contudo, como nesse tempo apenas era possivel o estudo do cérebro de mortos, os frenologistas apenas podiam associar as diferentes estruturas dos orgãos que suponham funções mentais que por sua vez eram associadas ao contorno do crânio. Pouco era feito para estudar o cérebro das pessoas com problemas neurológicos conhecidos, que podia ter ajudado no processo de localização das partes do cérebro responsável por especifico funcionamento neurológico. Em vez disso, a localização das faculdades mentais era seleccionada arbitrariamente. Os primeiros trabalhos de Gall foi com criminosos e doentes, o os seus "orgãos" refletem esse interesse. Spurzheim livrou-se de coisas como o "orgão do roubo" e o "orgão da morte", e mapeou o cérebro com áreas como "benevolencia" e "auto-estima."
Apesar da frenologia ter sido desacreditada e não tendo qualquer mérito cientifico, ainda tem defensores. Permaneceu popular, especialmente nos Estados Unidos, ao longo do século 19 e deu origem a outras caracterologias pseudocientificas como a craniometria e a antropometria. A frenologia foi defendida por Ralph Waldo Emerson, Horace Mann e a Boston Medical Society quando Spurzheim chegou em 1832 para The American Tour. Fowler Brothers e Samuel Wells publicaram American Phrenological Journal and Life Illustrated que durou de 1838 a 1911. Em Edinburgh, o jornal de Combe, Phrenological Journal, foi publicado entre 1823 e 1847. Outra indicação da popularidade da frenologia no século 19 é que o livro de Combe, The Constitution of Man vendeu mais de 300.000 cópias entre 1828 e 1868.
A frenologia originou a invenção do psicografo por Lavery and White, uma máquina que podia fazer uma leitura frenológica completa e imprimir o resultado. Afirma-se que esta máquina deu aos seus donos cerca de $200,000 na Exposição Mundial de Chicago em 1934. As leituras frenologicas não são diferentes das astrológicas e muitos que as fizeram, como Charlotte Brontë, ficaram satisfeitas com o resultado.
A Teoria por trás da Frenologia
Gall, em seu notável trabalho "A anatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso em Geral e do Cérebro em Particular", colocou os princípios no qual ele baseava a sua doutrina de frenologia.
Primeiro, ele acreditava que as faculdades morais e intelectuais do homem são inatas e que sua manifestação depende da organização do cérebro, o qual ele considerava ser o órgão responsável por todas as propensões, sentimento e faculdades.
Segundo, Gall propôs que o cérebro é composto de muitos sub-órgãos particulares, cada um deles relacionado ou responsável por uma determinada faculdade mental. Ele propôs também que o desenvolvimento relativo das faculdades mentais em um indivíduo levaria a um crescimento ou desenvolvimento maior de sub-órgãos responsáveis por eles.
Finalmente, Gall propôs que a forma externa do crânio reflete a forma interna do cérebro e que o desenvolvimento relativo de seus órgãos causam mudanças na forma do crânio, que então poderia ser usadas para diagnosticar faculdades mentais particulares de um dado indivíduo, ao se fazer a análise adequada.
De fato, a teoria de Gall foi construída ao revés do que afirmamos acima. Ele primeiro realizou observações numerosas e cuidadosas e fez muitas medidas experimentais em crânios de seus parentes, amigos e estudantes. Posteriormente, com a ajuda de seus associados, ele fez a mesma coisa com muitas pessoas com diferentes caracteristicas de personalidade. Gall pensava que ele conseguia correlacionar certas faculdades mentais particulares a elevações e depressões na superfície do crânio, suas formas exteriores e dimensões relativas. Ele poderou então, sobre a possibilidade de que essas marcas externas poderiam ser causadas pelo crescimento de estruturas cerebrais internas e que este crescimento estaria relacionado ao desenvolvimento de faculdades mentais associadas. Assim, ele conseguiu produzir uma teoria completa e extensa para apoiar o seu trabalho e para usá-lo para aplicações práticas nas ciências mentais, por meio de mapas topológicos detalhados.
O colaborador mais importante de Gall foi Johann Spurzheim (1776-1832), que mais tarde o ajudou a ampliar o assim chamado modelo frenológico e disseminá-lo na Europa e EUA.
A antropometria é também um parente próximo da frenologia. No século XIX, um membro da Sureté (policia criminal francesa), chamado Eugene Vidocq, instituiu a documentação das características de criminosos para propósitos de identificação, a qual está em uso até hoje. Um de seus colaboradores, Alphonse Bertillion, expandiu o sistema de modo a tomar várias medidas dos corpos de criminosos, com o objetivo de identificá-los de forma inequívoca (lembrem-se que as impressões digitais eram desconhecidas naquele tempo). Entretanto, elas não foram usadas para a avaliação psicológica de criminosos
Esse tipo de avaliação não tardou a ser iniciado, graças a um italiano ambicioso e controvertido chamado Cesare Lombroso, que publicou um livro chamado "Antropologia Criminal" em 1895, e no qual ele associava determinadas características craniofaciais ao tipo de criminoso. Por exemplo, Lombroso achava que os assassinos tinham maxilas proeminentes, e que os batedores de carteira tinham mãos longilíneas e barbas ralas... Lombroso foi uma personalidade altamente influente nos sistemas judicial e policial da Itália e em muitos outros países. Ainda na década dos 30, muitos juízes ordenavam a realização de análises antropométricas "lombrosianas" dos réus em processos criminais, que posteriormente eram usados pela acusação em julgamentos !
Outro "parente" da frenologia foi a tipologia inventada no século 20 pelo psiquiatra alemão Ernst Kretschmer. Seu esquema para a classificação da personalidade era baseado no tipo físico (que era classificado em atlético, astênico e pícnico), e como eles eram correlacionados com caracteristicas psicoloógicas básicas. Em seu livro, "Físico e Caráacter"(1921), ele declarou que uma pessoa com um fisico delicado com maior probabilidade era um introvertido, enquanto que pessoas com baixa estatura e corpo arredondado tenderiam a ser temperamentais. No entanto, estas e outras teorias constitucionais da personalidade não foram validadas com o tempo.
Um uso infamante e bem conhecido da antropometria foi feito pelos antropólogos e médicos nazistas, os quais, no Departamento de Higiene Racial do Ministério do Interior e no Burô para o Esclarecimento da Política Populacional e Bem-Estar Racial, propuseram a classificação "científica" de arianos e não-arianos com base nas medidas quantitativas do crânio. A certificação craniométrica oficial tornou-se obrigatória por lei e era realizada por centenas de institutos e especialistas na Alemanha. Muitas pessoas foram condenadas aos campos de concentração ou tiveram negado o casamento ou o trabalho, em função desta "má medida do ser humano", como denominou o eminente biólogo e evolucionista americano Stephen Jay Gould a esse uso maciço e infeliz do conhecimento pseudocientífico para prejudicar pessoas.
Fontes: http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/frenologia_port.htm
http://brazil.skepdic.com/frenologia.html
http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/frenmod_port.htm
O fisico vienense Franz-Joseph Gall (1758-1828) afirmou existirem 26 "orgãos" na superficie do cérebro que afectam o contorno do crânio, incluindo um "orgão da morte" presente em assassinos. Gall era advogado do principio "use-o ou deixe-o". Os orgãos do cérebro que eram usados tornavam-se maiores e os não usados encolhiam, fazendo o crânio subir ou descer com o desenvolvimento do orgão. Estes altos e baixos reflectiam, de acordo com Gall, àreas especificas do cérebro que determinam as funções emocionais e intelectuais de uma pessoa. Gall chamou a este estudo "cranioscopia." Outros como Johann Kaspar Spurzheim (1776-1832) que espalhou a palavra na America e George Combe (1788-1858) que fundou a Edinburgh Phrenological Society, prosseguiram com ainda mais divisões e designações do cérebro e do crânio, como o "espirito metafisico" e "wit." Em 1815, Thomas Foster chamou ao trabalho de Gall e Spurzheim "frenologia" (phrenos é o termo grego para mente) e o nome pegou.
Os frenologistas avançaram a noção de que o cérebro humano é o lugar do carácter, percepção, emoção, intelecto, etc, e as diferentes partes do cérebro são responsáveis por diferentes funções mentais. Nisto estavam correctos. Contudo, como nesse tempo apenas era possivel o estudo do cérebro de mortos, os frenologistas apenas podiam associar as diferentes estruturas dos orgãos que suponham funções mentais que por sua vez eram associadas ao contorno do crânio. Pouco era feito para estudar o cérebro das pessoas com problemas neurológicos conhecidos, que podia ter ajudado no processo de localização das partes do cérebro responsável por especifico funcionamento neurológico. Em vez disso, a localização das faculdades mentais era seleccionada arbitrariamente. Os primeiros trabalhos de Gall foi com criminosos e doentes, o os seus "orgãos" refletem esse interesse. Spurzheim livrou-se de coisas como o "orgão do roubo" e o "orgão da morte", e mapeou o cérebro com áreas como "benevolencia" e "auto-estima."
Apesar da frenologia ter sido desacreditada e não tendo qualquer mérito cientifico, ainda tem defensores. Permaneceu popular, especialmente nos Estados Unidos, ao longo do século 19 e deu origem a outras caracterologias pseudocientificas como a craniometria e a antropometria. A frenologia foi defendida por Ralph Waldo Emerson, Horace Mann e a Boston Medical Society quando Spurzheim chegou em 1832 para The American Tour. Fowler Brothers e Samuel Wells publicaram American Phrenological Journal and Life Illustrated que durou de 1838 a 1911. Em Edinburgh, o jornal de Combe, Phrenological Journal, foi publicado entre 1823 e 1847. Outra indicação da popularidade da frenologia no século 19 é que o livro de Combe, The Constitution of Man vendeu mais de 300.000 cópias entre 1828 e 1868.
A frenologia originou a invenção do psicografo por Lavery and White, uma máquina que podia fazer uma leitura frenológica completa e imprimir o resultado. Afirma-se que esta máquina deu aos seus donos cerca de $200,000 na Exposição Mundial de Chicago em 1934. As leituras frenologicas não são diferentes das astrológicas e muitos que as fizeram, como Charlotte Brontë, ficaram satisfeitas com o resultado.
A Teoria por trás da Frenologia
Gall, em seu notável trabalho "A anatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso em Geral e do Cérebro em Particular", colocou os princípios no qual ele baseava a sua doutrina de frenologia.
Primeiro, ele acreditava que as faculdades morais e intelectuais do homem são inatas e que sua manifestação depende da organização do cérebro, o qual ele considerava ser o órgão responsável por todas as propensões, sentimento e faculdades.
Segundo, Gall propôs que o cérebro é composto de muitos sub-órgãos particulares, cada um deles relacionado ou responsável por uma determinada faculdade mental. Ele propôs também que o desenvolvimento relativo das faculdades mentais em um indivíduo levaria a um crescimento ou desenvolvimento maior de sub-órgãos responsáveis por eles.
Finalmente, Gall propôs que a forma externa do crânio reflete a forma interna do cérebro e que o desenvolvimento relativo de seus órgãos causam mudanças na forma do crânio, que então poderia ser usadas para diagnosticar faculdades mentais particulares de um dado indivíduo, ao se fazer a análise adequada.
De fato, a teoria de Gall foi construída ao revés do que afirmamos acima. Ele primeiro realizou observações numerosas e cuidadosas e fez muitas medidas experimentais em crânios de seus parentes, amigos e estudantes. Posteriormente, com a ajuda de seus associados, ele fez a mesma coisa com muitas pessoas com diferentes caracteristicas de personalidade. Gall pensava que ele conseguia correlacionar certas faculdades mentais particulares a elevações e depressões na superfície do crânio, suas formas exteriores e dimensões relativas. Ele poderou então, sobre a possibilidade de que essas marcas externas poderiam ser causadas pelo crescimento de estruturas cerebrais internas e que este crescimento estaria relacionado ao desenvolvimento de faculdades mentais associadas. Assim, ele conseguiu produzir uma teoria completa e extensa para apoiar o seu trabalho e para usá-lo para aplicações práticas nas ciências mentais, por meio de mapas topológicos detalhados.
O colaborador mais importante de Gall foi Johann Spurzheim (1776-1832), que mais tarde o ajudou a ampliar o assim chamado modelo frenológico e disseminá-lo na Europa e EUA.
A antropometria é também um parente próximo da frenologia. No século XIX, um membro da Sureté (policia criminal francesa), chamado Eugene Vidocq, instituiu a documentação das características de criminosos para propósitos de identificação, a qual está em uso até hoje. Um de seus colaboradores, Alphonse Bertillion, expandiu o sistema de modo a tomar várias medidas dos corpos de criminosos, com o objetivo de identificá-los de forma inequívoca (lembrem-se que as impressões digitais eram desconhecidas naquele tempo). Entretanto, elas não foram usadas para a avaliação psicológica de criminosos
Esse tipo de avaliação não tardou a ser iniciado, graças a um italiano ambicioso e controvertido chamado Cesare Lombroso, que publicou um livro chamado "Antropologia Criminal" em 1895, e no qual ele associava determinadas características craniofaciais ao tipo de criminoso. Por exemplo, Lombroso achava que os assassinos tinham maxilas proeminentes, e que os batedores de carteira tinham mãos longilíneas e barbas ralas... Lombroso foi uma personalidade altamente influente nos sistemas judicial e policial da Itália e em muitos outros países. Ainda na década dos 30, muitos juízes ordenavam a realização de análises antropométricas "lombrosianas" dos réus em processos criminais, que posteriormente eram usados pela acusação em julgamentos !
Outro "parente" da frenologia foi a tipologia inventada no século 20 pelo psiquiatra alemão Ernst Kretschmer. Seu esquema para a classificação da personalidade era baseado no tipo físico (que era classificado em atlético, astênico e pícnico), e como eles eram correlacionados com caracteristicas psicoloógicas básicas. Em seu livro, "Físico e Caráacter"(1921), ele declarou que uma pessoa com um fisico delicado com maior probabilidade era um introvertido, enquanto que pessoas com baixa estatura e corpo arredondado tenderiam a ser temperamentais. No entanto, estas e outras teorias constitucionais da personalidade não foram validadas com o tempo.
Um uso infamante e bem conhecido da antropometria foi feito pelos antropólogos e médicos nazistas, os quais, no Departamento de Higiene Racial do Ministério do Interior e no Burô para o Esclarecimento da Política Populacional e Bem-Estar Racial, propuseram a classificação "científica" de arianos e não-arianos com base nas medidas quantitativas do crânio. A certificação craniométrica oficial tornou-se obrigatória por lei e era realizada por centenas de institutos e especialistas na Alemanha. Muitas pessoas foram condenadas aos campos de concentração ou tiveram negado o casamento ou o trabalho, em função desta "má medida do ser humano", como denominou o eminente biólogo e evolucionista americano Stephen Jay Gould a esse uso maciço e infeliz do conhecimento pseudocientífico para prejudicar pessoas.
Fontes: http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/frenologia_port.htm
http://brazil.skepdic.com/frenologia.html
http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/frenmod_port.htm
Cachorro 3D!
O site O Cérebro Nosso de Cada Dia apresenta uma brincadeira muito divertida para os aficionados por neurociências. Trata-se de uma imagem de um cachorro que, para o nosso cérebro, assume três dimensões a partir da interpretação que o cérebro faz da textura, cor e profundidade do desenho.
Fazendo os cortes e as colagens corretas, o cachorrinho pode ser visualizado de qualquer ângulo e sempre ele estará olhando para você.
O cão pode ser usado para guardar e vigiar seus livros (de neurologia! \o/) na estante, para enfeitar a mesa do seu computador ou pra lhe acompanhar nos estudos.
Segue abaixo o link da página que contém o vídeo que ensina o modo certo de fazer as dobraduras e colagens.
O Cérebro Nosso de Cada Dia.
Fonte: http://www.cerebronosso.bio.br/cachorro-3d/
Fazendo os cortes e as colagens corretas, o cachorrinho pode ser visualizado de qualquer ângulo e sempre ele estará olhando para você.
O cão pode ser usado para guardar e vigiar seus livros (de neurologia! \o/) na estante, para enfeitar a mesa do seu computador ou pra lhe acompanhar nos estudos.
Segue abaixo o link da página que contém o vídeo que ensina o modo certo de fazer as dobraduras e colagens.
O Cérebro Nosso de Cada Dia.
Fonte: http://www.cerebronosso.bio.br/cachorro-3d/
A evolução do desmaio.
Por que algumas pessoas perdem os sentidos quando vêem sangue? Segundo pesquisas o que hoje parece inconveniente na verdade é um mecanismo ancestral de sobrevivência.
Assim que a faca do professor começa a dissecar a pele do cadáver, a estudante de medicina desmaia. Seus colegas sentem pena, pensam que ela é frágil demais para ser médica. Mas eles estão equivocados: o problema da aluna não é fragilidade. Pessoas saudáveis que desmaiam ao ver algumas gotas de sangue revelam uma estratégia de sobrevivência, não a incapacidade de suportar circunstâncias desagradáveis da vida. Trata-se de um mecanismo de adaptação inscrito nesses indivíduos pela evolução.
Durante muito tempo os médicos acreditaram que esse comportamento teria origem psíquica, isto é, seria induzido por emoções, já que não se observa causa orgânica alguma: o eletroencefalograma (EEG) parece normal; os batimentos cardíacos e a pressão arterial estão apenas um pouco elevados; o eletrocardiograma (ECG) mostra que o coração funciona como deveria.
Pesquisas recentes, entretanto, mostram que nem todo desmaio tem origem psicológica. Nesses casos, o ritmo cardíaco torna-se mais lento, quase imperceptível; a pressão arterial é extremamente baixa, ficando, às vezes, abaixo do limiar de detecção do instrumento de medida. Ao recobrar a consciência, essas variáveis voltam rapidamente ao normal. Poucos minutos depois, a pessoa já pode ficar em pé. Tudo indica que ela teve um colapso circulatório temporário, ainda que grave − o termo médico para tal ocorrência é síncope. A perda de consciência resulta, claramente, de processos físicos que, do ponto de vista evolutivo, parecem fazer sentido.
Nos últimos anos, a medicina descobriu que as raízes da síncope estão no sistema nervoso autônomo (SNA), ramo do sistema nervoso que controla o funcionamento visceral (glândulas e músculos lisos), sempre de forma automática, isto é, independentemente de nossa vontade. O SNA está dividido em dois grupos de nervos: o sistema simpático (que se origina na medula espinhal) e o parassimpático (que parte do tronco cerebral por meio do nervo vago).
O sistema parassimpático promove, entre outras tarefas, redução do batimento cardíaco e dilatação dos vasos, o que diminui a irrigação sangüínea. Já o simpático faz o coração trabalhar com mais força e rapidez, aumentando a quantidade de sangue fornecida aos órgãos; e contrai artérias menores, o que eleva a pressão arterial.
A pessoa desmaia quando o sistema parassimpático ordena a redução do batimento cardíaco, diminuindo o fluxo sangüíneo para os órgãos. É a chamada síncope vasovagal: ocorre perda de consciência (síncope), pois os vasos (do latim “vasa”) se dilatam e o nervo vago reduz a atividade cardíaca.
NA MEDULA
O sistema parassimpático e o nervo vago são controlados pelo tronco cerebral, ou, mais precisamente, pelos centros circulatórios (ver quadro) localizados na medula oblonga, que conecta o cérebro à medula espinhal. Acredita-se que um desses centros – a medula caudal da linha média (CMM, na sigla em inglês) – seja responsável pela síncope vasovagal, já que ela é capaz de estimular o nervo vago, inibindo a tal ponto o sistema simpático que a circulação fica bastante reduzida. Por meio de experimentos em animais, os pesquisadores descobriram que o nervo vago se mostra fortemente ativado nos desmaios “induzidos por sangue”, o que explicaria tanto a fraca pulsação como a virtual parada do coração. A inconsciência resultante é bem similar à do desmaio convencional: os batimentos cardíacos, por exemplo, são quase imperceptíveis e a pressão sangüínea, extremamente baixa.
A CMM é ativada sempre que o animal perde de 30% a 40% do volume de sangue (equivalente a cerca de 1,5 a 2 litros nos seres humanos) e a pressão sangüínea na região do tórax cai rapidamente. Como o centro circulatório obtém essa informação? Para responder tal questão, convém examinar os eventos que ocorrem após essa considerável perda de sangue. Em primeiro lugar, para assegurar que esse líquido continue sendo fornecido para o coração e outros órgãos vitais, o centro o redireciona das grandes veias próximas para o coração e os vasos pulmonares. A mudança proporciona uma quantidade extra de sangue que manterá a pressão nas artérias coronárias, pelo menos durante algum tempo.
Mas com o contínuo esvaziamento dos vasos do tórax e a rápida queda da pressão sangüínea, os barorreceptores − sensores da pressão sangüínea localizados nas artérias coronárias e pulmonares – informam essa queda ao tronco cerebral. Quando o nível cai abaixo de um limiar crítico, a CMM sinaliza o colapso circulatório.
SEM TRANSFUSÃO
Qual a vantagem desse tipo de desmaio? Um mecanismo que paralisa o sistema circulatório já debilitado pela enorme perda de sangue não causaria danos ainda maiores? Pesquisa realizada em 2001 pelo médico Ian Roberts, da London School of Hygiene and Tropical Medicine, fornece algumas respostas. Roberts analisou estatísticas de sobrevivência de vítimas de acidente que receberam diversos tratamentos. Descobriu que a prática, comum antigamente, de fazer transfusão de sangue em pessoas que haviam sofrido graves lesões internas causava mais dano do que benefício. A conclusão a que o médico chegou foi que a transfusão aumentava a pressão sangüínea nos vasos danificados e, conseqüentemente, mais sangue fluía através dos ferimentos. Esse fluxo impedia a formação de coágulos e, portanto, de barreiras à hemorragia. Segundo o médico, a indução artificial de maior pressão sangüínea mediante infusão pode perturbar a capacidade natural do corpo de combater a perda de sangue. Assim, um colapso circulatório geral ordenado pelo cérebro pode ser o derradeiro esforço do corpo para deter o sangramento e se recuperar depois de uma enorme perda de sangue. Pela vantagem que esse mecanismo de emergência representa para a sobrevivência, ele foi conservado ao longo da evolução.
E o que isso tem a ver com o desmaio motivado pela simples visão de sangue? Ora, também neste caso há um ferimento envolvido, ainda que de outra pessoa. Quando um observador vê o líquido vermelho, esse input sensorial vai dos processadores visuais do cérebro até o centro de avaliação emocional no sistema límbico para, daí, ser encaminhado à CMM. Resultado: a pessoa desmaia.
Talvez esse tipo de desmaio seja conseqüência da tentativa do CMM de acionar o mecanismo vasovagal, mesmo nos casos de ferimentos menores. Afinal, as chances de sobrevivência aumentam se a coagulação começar antes que ocorra uma hemorragia grave. Para isso, a reação protetora do corpo precisa ser iniciada assim que o cérebro percebe a primeira evidência de dano ao corpo. O problema é que, quanto menor o limiar que desencadeia o mecanismo de colapso circulatório, maior a chance de um alarme falso, como desmaiar diante da mera visão do sangue de outra pessoa.
A ciência demonstra, portanto, que, quando uma pessoa desmaia após ver um ferimento, ela não está revelando fragilidade física, mas uma bem-sucedida estratégia de sobrevivência, ainda que isso possa causar, em certos casos, algum inconveniente.
MECANISMOS PARA SE MANTER EM PÉ
Dois centros circulatórios distintos se localizam na extensão da medula espinhal, a chamada medula oblonga. O núcleo do trato solitário (NTS) equilibra a atividade do nervo vago e do sistema simpático para que a pressão arterial fique constante em torno de 120 mm Hg por 80 mm Hg.
O NTS é continuamente informado pelos barorreceptores situados nas principais artérias. Quando eles percebem que o volume de sangue nos pulmões está caindo, esse núcleo pode manter temporariamente constante a pressão sangüínea no resto do corpo. Para realizar essa estabilização, ele inibe o nervo vago e ativa o sistema simpático. Isso eleva a freqüência cardíaca e contrai os vasos, aumentando a pressão do sangue.
Outro centro circulatório – a medula caudal da linha média (CMM, na sigla em inglês) – também é constantemente informada sobre a pressão pulmonar. Se essa cair muito (o nível crítico corresponde à perda de cerca de 1,5 litro), a CMM inibe o sistema simpático e estimula o parassimpático. Esse processo diminui a freqüência cardíaca e dilata os vasos. Como resultado dessa reação, chamada vasovagal, a pressão arterial cai de forma significativa e a perda de sangue, causada por uma possível lesão, é estancada. Nos seres humanos, essa resposta pode ocorrer não só quando a pessoa é ferida, mas também quando ela simplesmente vê sangue. Nesse caso, a CMM provavelmente é estimulada pelo sistema límbico, responsável pelo processamento das emoções.
Para conhecer mais
Is the normalisation of blood pressure in bleeding trauma patients harmful? Ian Roberts et al., em Lancet. vol. 357, no 9253, págs. 385-387, 2001.
Vasovagal syncope and darwinian fitness. Rolf R. Diehl, em Clinical Autonomic Research, vol. 15, no 2, págs. 126-129, 2005.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/a_evolucao_do_desmaio.html
Assim que a faca do professor começa a dissecar a pele do cadáver, a estudante de medicina desmaia. Seus colegas sentem pena, pensam que ela é frágil demais para ser médica. Mas eles estão equivocados: o problema da aluna não é fragilidade. Pessoas saudáveis que desmaiam ao ver algumas gotas de sangue revelam uma estratégia de sobrevivência, não a incapacidade de suportar circunstâncias desagradáveis da vida. Trata-se de um mecanismo de adaptação inscrito nesses indivíduos pela evolução.
Durante muito tempo os médicos acreditaram que esse comportamento teria origem psíquica, isto é, seria induzido por emoções, já que não se observa causa orgânica alguma: o eletroencefalograma (EEG) parece normal; os batimentos cardíacos e a pressão arterial estão apenas um pouco elevados; o eletrocardiograma (ECG) mostra que o coração funciona como deveria.
Pesquisas recentes, entretanto, mostram que nem todo desmaio tem origem psicológica. Nesses casos, o ritmo cardíaco torna-se mais lento, quase imperceptível; a pressão arterial é extremamente baixa, ficando, às vezes, abaixo do limiar de detecção do instrumento de medida. Ao recobrar a consciência, essas variáveis voltam rapidamente ao normal. Poucos minutos depois, a pessoa já pode ficar em pé. Tudo indica que ela teve um colapso circulatório temporário, ainda que grave − o termo médico para tal ocorrência é síncope. A perda de consciência resulta, claramente, de processos físicos que, do ponto de vista evolutivo, parecem fazer sentido.
Nos últimos anos, a medicina descobriu que as raízes da síncope estão no sistema nervoso autônomo (SNA), ramo do sistema nervoso que controla o funcionamento visceral (glândulas e músculos lisos), sempre de forma automática, isto é, independentemente de nossa vontade. O SNA está dividido em dois grupos de nervos: o sistema simpático (que se origina na medula espinhal) e o parassimpático (que parte do tronco cerebral por meio do nervo vago).
O sistema parassimpático promove, entre outras tarefas, redução do batimento cardíaco e dilatação dos vasos, o que diminui a irrigação sangüínea. Já o simpático faz o coração trabalhar com mais força e rapidez, aumentando a quantidade de sangue fornecida aos órgãos; e contrai artérias menores, o que eleva a pressão arterial.
A pessoa desmaia quando o sistema parassimpático ordena a redução do batimento cardíaco, diminuindo o fluxo sangüíneo para os órgãos. É a chamada síncope vasovagal: ocorre perda de consciência (síncope), pois os vasos (do latim “vasa”) se dilatam e o nervo vago reduz a atividade cardíaca.
NA MEDULA
O sistema parassimpático e o nervo vago são controlados pelo tronco cerebral, ou, mais precisamente, pelos centros circulatórios (ver quadro) localizados na medula oblonga, que conecta o cérebro à medula espinhal. Acredita-se que um desses centros – a medula caudal da linha média (CMM, na sigla em inglês) – seja responsável pela síncope vasovagal, já que ela é capaz de estimular o nervo vago, inibindo a tal ponto o sistema simpático que a circulação fica bastante reduzida. Por meio de experimentos em animais, os pesquisadores descobriram que o nervo vago se mostra fortemente ativado nos desmaios “induzidos por sangue”, o que explicaria tanto a fraca pulsação como a virtual parada do coração. A inconsciência resultante é bem similar à do desmaio convencional: os batimentos cardíacos, por exemplo, são quase imperceptíveis e a pressão sangüínea, extremamente baixa.
A CMM é ativada sempre que o animal perde de 30% a 40% do volume de sangue (equivalente a cerca de 1,5 a 2 litros nos seres humanos) e a pressão sangüínea na região do tórax cai rapidamente. Como o centro circulatório obtém essa informação? Para responder tal questão, convém examinar os eventos que ocorrem após essa considerável perda de sangue. Em primeiro lugar, para assegurar que esse líquido continue sendo fornecido para o coração e outros órgãos vitais, o centro o redireciona das grandes veias próximas para o coração e os vasos pulmonares. A mudança proporciona uma quantidade extra de sangue que manterá a pressão nas artérias coronárias, pelo menos durante algum tempo.
Mas com o contínuo esvaziamento dos vasos do tórax e a rápida queda da pressão sangüínea, os barorreceptores − sensores da pressão sangüínea localizados nas artérias coronárias e pulmonares – informam essa queda ao tronco cerebral. Quando o nível cai abaixo de um limiar crítico, a CMM sinaliza o colapso circulatório.
SEM TRANSFUSÃO
Qual a vantagem desse tipo de desmaio? Um mecanismo que paralisa o sistema circulatório já debilitado pela enorme perda de sangue não causaria danos ainda maiores? Pesquisa realizada em 2001 pelo médico Ian Roberts, da London School of Hygiene and Tropical Medicine, fornece algumas respostas. Roberts analisou estatísticas de sobrevivência de vítimas de acidente que receberam diversos tratamentos. Descobriu que a prática, comum antigamente, de fazer transfusão de sangue em pessoas que haviam sofrido graves lesões internas causava mais dano do que benefício. A conclusão a que o médico chegou foi que a transfusão aumentava a pressão sangüínea nos vasos danificados e, conseqüentemente, mais sangue fluía através dos ferimentos. Esse fluxo impedia a formação de coágulos e, portanto, de barreiras à hemorragia. Segundo o médico, a indução artificial de maior pressão sangüínea mediante infusão pode perturbar a capacidade natural do corpo de combater a perda de sangue. Assim, um colapso circulatório geral ordenado pelo cérebro pode ser o derradeiro esforço do corpo para deter o sangramento e se recuperar depois de uma enorme perda de sangue. Pela vantagem que esse mecanismo de emergência representa para a sobrevivência, ele foi conservado ao longo da evolução.
E o que isso tem a ver com o desmaio motivado pela simples visão de sangue? Ora, também neste caso há um ferimento envolvido, ainda que de outra pessoa. Quando um observador vê o líquido vermelho, esse input sensorial vai dos processadores visuais do cérebro até o centro de avaliação emocional no sistema límbico para, daí, ser encaminhado à CMM. Resultado: a pessoa desmaia.
Talvez esse tipo de desmaio seja conseqüência da tentativa do CMM de acionar o mecanismo vasovagal, mesmo nos casos de ferimentos menores. Afinal, as chances de sobrevivência aumentam se a coagulação começar antes que ocorra uma hemorragia grave. Para isso, a reação protetora do corpo precisa ser iniciada assim que o cérebro percebe a primeira evidência de dano ao corpo. O problema é que, quanto menor o limiar que desencadeia o mecanismo de colapso circulatório, maior a chance de um alarme falso, como desmaiar diante da mera visão do sangue de outra pessoa.
A ciência demonstra, portanto, que, quando uma pessoa desmaia após ver um ferimento, ela não está revelando fragilidade física, mas uma bem-sucedida estratégia de sobrevivência, ainda que isso possa causar, em certos casos, algum inconveniente.
MECANISMOS PARA SE MANTER EM PÉ
Dois centros circulatórios distintos se localizam na extensão da medula espinhal, a chamada medula oblonga. O núcleo do trato solitário (NTS) equilibra a atividade do nervo vago e do sistema simpático para que a pressão arterial fique constante em torno de 120 mm Hg por 80 mm Hg.
O NTS é continuamente informado pelos barorreceptores situados nas principais artérias. Quando eles percebem que o volume de sangue nos pulmões está caindo, esse núcleo pode manter temporariamente constante a pressão sangüínea no resto do corpo. Para realizar essa estabilização, ele inibe o nervo vago e ativa o sistema simpático. Isso eleva a freqüência cardíaca e contrai os vasos, aumentando a pressão do sangue.
Outro centro circulatório – a medula caudal da linha média (CMM, na sigla em inglês) – também é constantemente informada sobre a pressão pulmonar. Se essa cair muito (o nível crítico corresponde à perda de cerca de 1,5 litro), a CMM inibe o sistema simpático e estimula o parassimpático. Esse processo diminui a freqüência cardíaca e dilata os vasos. Como resultado dessa reação, chamada vasovagal, a pressão arterial cai de forma significativa e a perda de sangue, causada por uma possível lesão, é estancada. Nos seres humanos, essa resposta pode ocorrer não só quando a pessoa é ferida, mas também quando ela simplesmente vê sangue. Nesse caso, a CMM provavelmente é estimulada pelo sistema límbico, responsável pelo processamento das emoções.
Para conhecer mais
Is the normalisation of blood pressure in bleeding trauma patients harmful? Ian Roberts et al., em Lancet. vol. 357, no 9253, págs. 385-387, 2001.
Vasovagal syncope and darwinian fitness. Rolf R. Diehl, em Clinical Autonomic Research, vol. 15, no 2, págs. 126-129, 2005.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/a_evolucao_do_desmaio.html
Resenha Sobre O Livro De Franz Kafka: A Metamorfose.
Franz Kafka (Praga, 3 de julho de 1883 — Klosterneuburg, 3 de junho de 1924) foi um dos maiores escritores de ficção da língua alemã do século XX. Kafka nasceu numa família de classe média judia em Praga, Áustria-Hungria (atual República Checa). O conjunto de seus textos— na maioria incompletos e publicados postumamente — situa-se entre os mais influentes da literatura ocidental.
Em obras como a novela A Metamorfose (1915) e romances como O Processo (1925) e O Castelo (1926) retrata indivíduos preocupados com um pesadelo de um mundo impessoal e burocrático.
O autor conta a história surpreendente de Gregor Samsa que era jovem caixeiro viajante que vivia com sua família a qual era composta por seu pai sua mãe e uma irmã, ele sustentava a família sozinho. "Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso".
Gregor Samsa foi o único a se metamorfosear - se em um enorme inseto (barata), quanto ao valor de ser humano em seguida o amor e o carinho dispensado a ele por seus familiares também se metamorfoseou. De um jovem querido ele passou a ser execrável e nojento do qual sua família sentia vergonha. A família queria se livrar dele, por isso escondia Gregor Samsa, ele precisava desaparecer, pois não passava de um fardo que eles carregavam e por isso achava que Gregor Samsa devia morrer, pois assim eles teriam paz. Neste livro Kafka faz uma profunda análise do valor sentimental e do interesse visível que os seres humanos demonstram ter, não por seus semelhantes, mas sim por pelos bens materiais e no conforto que os mesmos podem proporcionar.Isso nos mostra o desinteresse, a negligencia e o desprezo que a sociedade tem pelos enfermos, pelas pessoas improdutivas, isso pode ser o fator principal exposto pelo autor nesta literatura.
O capitalismo há muito tempo vem corroendo e tornando as pessoas mais ocas por dentro. Nenhum outro escritor do século XX soube expor de maneira tão profunda a angustia e os pesares dos seres humanos. A metamorfose é o retrato de uma sociedade em desespero silencioso.
A metamorfose nada mais é do que uma confissão pessoal disfarçada se pudesse resumir esse tema em uma única palavra, essa palavra seria "alienação". Essa era a maior característica da sociedade que emergiu da Revolução Industrial que era uma sociedade muito diferente daquelas tradicionaisdo passado. É uma sociedade fortemente competitiva, na qual não haveria lugar para o mais fraco, nem para o diferente, como no caso de Gregor Samsa que se encontrava metamorfoseado. A metamorfose ela nos transforma não em inseto mais em seres mais lúcidos e mais abertos para o mundo em que vivemos.
Muito mais acerca da obra A Metamorfose pode ser conferida nos seguintes links:
Blog que faz uma resenha sobre a obra e resume a biografia do autor: A Metamorfose - Franz Kafka
Para a leitura da obra: A Metamorfose.
Fontes: http://www.webartigos.com/artigos/resenha-sobre-o-livro-de-franz-kafka-a-metamorfose/3815/
sábado, 23 de junho de 2012
Síndrome de Guillain-Barré
Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é a maior causa de paralisia flácida generalizada no mundo, com incidência anual de 1-4 por 100.000 habitantes e pico entre 20-40 anos de idade. Não existem dados epidemiológicos específicos para o Brasil. Trata-se de uma doença de caráter autoimune que acomete primordialmente a mielina da porção proximal dos nervos periféricos de forma aguda/subaguda.
A causa é indefinida, mas a teoria mais aceita é de que um organismo infeccioso que contém estrutura parecida com o da mielina dos nervos periféricos pode ser o gatilho que desencadeia a reação auto-imune do organismo, o sistema imunológico não consegue diferenciar a proteína do organismo e do agente agressor, por assim dizer, e causa a destruição de ambas. Com a crise auto-imune, as células de defesa provocam inflamação e destruição e deixam o neurônio incapaz de suportar a condução nervosa afetando, desta forma, os movimentos e outras funções do organismo da pessoa.
Inicia com fraqueza muscular e reflexos diminuídos dos membros inferiores, aumentando conforme a evolução da doença, para insuficiência respiratória neuromuscular (quando a doença acomete os nervos que comandam o funcionamento adequado dos músculos responsáveis pela respiração: músculos intercostais, diafragma), 25% dos pacientes precisarão de ventilação mecânica dentro de 18 dias do início dos sintomas, paralisias nas mãos e nos pés, dor relacionada a destruição da mielina das fibras sensoriais, quando atinge os nervos cranianos, pode causar cegueira, dificuldade para deglutir, instabilidade cardiovascular (pode causar aumento ou diminuição dos batimentos cardíacos, aumento ou diminuição da Pressão Arterial). A síndrome de Guillain-Barré não afeta a função cognitiva nem o nível de consciência da pessoa.
Por causa da possibilidade da rápida progressão e da insuficiência respiratória neuromuscular, a síndrome de Guillain-Barré é uma emergência médica, exigindo o tratamento em unidade de terapia intensiva. A avaliação cuidadosa das alterações na fraqueza motora e função respiratória alerta para as necessidades físicas e respiratórias do paciente. A terapia respiratória ou a ventilação mecânica podem ser necessárias para suportar a função pulmonar e a oxigenação adequada. Pode haver necessidade de ventilação mecânica por um período maios amplo. O paciente só sairá da máquina quando os músculos respiratórios puderem novamente suportar a respiração espontânea e manter a oxigenação tecidual adequada. As outras intervenções são direcionadas para a prevenção de complicações da imobilidade e podem incluir o uso de agentes anticoagulantes e meias de compressão elástica até a coxa, ou botas de compressão sequenciada, visando evitar a trombose e a embolia pulmonar.
O leitor pode conferir aqui a diretriz do Ministério da saúde para a Síndrome de Guillain-Barré.
Fontes: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pcdt_sindrome_guillain_barre_livro_2010.pdf
http://margaridasemacao.blogspot.com.br/2012/04/sindrome-de-guillain-barre.html
A causa é indefinida, mas a teoria mais aceita é de que um organismo infeccioso que contém estrutura parecida com o da mielina dos nervos periféricos pode ser o gatilho que desencadeia a reação auto-imune do organismo, o sistema imunológico não consegue diferenciar a proteína do organismo e do agente agressor, por assim dizer, e causa a destruição de ambas. Com a crise auto-imune, as células de defesa provocam inflamação e destruição e deixam o neurônio incapaz de suportar a condução nervosa afetando, desta forma, os movimentos e outras funções do organismo da pessoa.
Inicia com fraqueza muscular e reflexos diminuídos dos membros inferiores, aumentando conforme a evolução da doença, para insuficiência respiratória neuromuscular (quando a doença acomete os nervos que comandam o funcionamento adequado dos músculos responsáveis pela respiração: músculos intercostais, diafragma), 25% dos pacientes precisarão de ventilação mecânica dentro de 18 dias do início dos sintomas, paralisias nas mãos e nos pés, dor relacionada a destruição da mielina das fibras sensoriais, quando atinge os nervos cranianos, pode causar cegueira, dificuldade para deglutir, instabilidade cardiovascular (pode causar aumento ou diminuição dos batimentos cardíacos, aumento ou diminuição da Pressão Arterial). A síndrome de Guillain-Barré não afeta a função cognitiva nem o nível de consciência da pessoa.
Por causa da possibilidade da rápida progressão e da insuficiência respiratória neuromuscular, a síndrome de Guillain-Barré é uma emergência médica, exigindo o tratamento em unidade de terapia intensiva. A avaliação cuidadosa das alterações na fraqueza motora e função respiratória alerta para as necessidades físicas e respiratórias do paciente. A terapia respiratória ou a ventilação mecânica podem ser necessárias para suportar a função pulmonar e a oxigenação adequada. Pode haver necessidade de ventilação mecânica por um período maios amplo. O paciente só sairá da máquina quando os músculos respiratórios puderem novamente suportar a respiração espontânea e manter a oxigenação tecidual adequada. As outras intervenções são direcionadas para a prevenção de complicações da imobilidade e podem incluir o uso de agentes anticoagulantes e meias de compressão elástica até a coxa, ou botas de compressão sequenciada, visando evitar a trombose e a embolia pulmonar.
O leitor pode conferir aqui a diretriz do Ministério da saúde para a Síndrome de Guillain-Barré.
Fontes: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pcdt_sindrome_guillain_barre_livro_2010.pdf
http://margaridasemacao.blogspot.com.br/2012/04/sindrome-de-guillain-barre.html
Os Olhos São Enganados por Bolas "Com Efeito".
Não culpe o goleiro que não consegue defender uma bola "com efeito". O sistema visual humano não parece ser equipado para seguir as curvas descritas por uma bola que gira rapidamente sobre o próprio eixo, diz Cathy Craig, uma psicóloga da Queen's University em Belfast.
Craig tirou a inspiração para a sua pesquisa de um gol que o jogador Roberto Carlos marcou para o Brasil em 1997. "Todos pensavam que a bola passaria ao largo, mas no último minuto, ela fez uma curva".
Ela decidiu testar se jogadores experientes seriam capazes de seguir as trajetórias de bolas que giravam sobre o próprio eixo (bolas "com efeito"). Ela pediu aos jogadores que tentassem prever se as bolas terminariam no gol em ambientes de realidade virtual que simulavam bolas girando a 600 revoluções por minuto. Até mesmo os profissionais eram incapazes de prever como esse "efeito' afetaria a trajetória da bola.
A rotação da bola produz algo conhecido como uma Força ou Efeito de Magnus*, que acelera a bola numa direção que nós simplesmente não conseguimos processar, diz Craig. Nós podemos antecipar o efeito da gravidade sobre objetos em movimento, pois isso foi importante durante a evolução. "Mas bolas "com efeito" não ocorrem naturalmente. Por que a natureza se incomodaria em produzir um sistema visual que fosse adaptado a elas?" diz Craig.
*A Força ou Efeito de Magnus corresponde ao efeito causado por um corpo sólido girando em um meio líquido. Seus usos são inúmeros, desde projeto de aviões, submarinos e no estudo de situações das trajetórias de como as bolas de futebol ou tênis se comportam quando estão sob "efeito".
Caso o leitor também goste de matemática e física, mais acerca do Efeito Magnus pode ser conferido clicando aqui, aqui, aqui e aqui.
Fonte: http://sadato.hypermart.net/weblog/2006/04/
http://www.estudantedigital.nomundo.net/sites/esmoncao.nomundo.net/files/Artigo%20Magnus.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-47442004000400003
http://omnis.if.ufrj.br/~carlos/futebol/textoCatalogoExpo.pdf
http://www.fisica.ufs.br/egsantana/fluidos/dinamica/magnus/magnus.htm
Craig tirou a inspiração para a sua pesquisa de um gol que o jogador Roberto Carlos marcou para o Brasil em 1997. "Todos pensavam que a bola passaria ao largo, mas no último minuto, ela fez uma curva".
Ela decidiu testar se jogadores experientes seriam capazes de seguir as trajetórias de bolas que giravam sobre o próprio eixo (bolas "com efeito"). Ela pediu aos jogadores que tentassem prever se as bolas terminariam no gol em ambientes de realidade virtual que simulavam bolas girando a 600 revoluções por minuto. Até mesmo os profissionais eram incapazes de prever como esse "efeito' afetaria a trajetória da bola.
A rotação da bola produz algo conhecido como uma Força ou Efeito de Magnus*, que acelera a bola numa direção que nós simplesmente não conseguimos processar, diz Craig. Nós podemos antecipar o efeito da gravidade sobre objetos em movimento, pois isso foi importante durante a evolução. "Mas bolas "com efeito" não ocorrem naturalmente. Por que a natureza se incomodaria em produzir um sistema visual que fosse adaptado a elas?" diz Craig.
*A Força ou Efeito de Magnus corresponde ao efeito causado por um corpo sólido girando em um meio líquido. Seus usos são inúmeros, desde projeto de aviões, submarinos e no estudo de situações das trajetórias de como as bolas de futebol ou tênis se comportam quando estão sob "efeito".
Caso o leitor também goste de matemática e física, mais acerca do Efeito Magnus pode ser conferido clicando aqui, aqui, aqui e aqui.
Fonte: http://sadato.hypermart.net/weblog/2006/04/
http://www.estudantedigital.nomundo.net/sites/esmoncao.nomundo.net/files/Artigo%20Magnus.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-47442004000400003
http://omnis.if.ufrj.br/~carlos/futebol/textoCatalogoExpo.pdf
http://www.fisica.ufs.br/egsantana/fluidos/dinamica/magnus/magnus.htm
Mentes aprisionadas.
Pesquisas com imageamento cerebral ajudam médicos a identificar pacientes em estado vegetativo com chance de recuperação.
Em Fale com ela (2002), de Pedro Almodóvar, duas mulheres entram em estado vegetativo depois de acidente. As personagens têm destino diferentes: a bailarina Alicia (à esquerda) se recupera e a toureira Lydia, não
O paciente abre os olhos, sem expressão alguma. Ele está vigilante, mas não têm consciência do que acontece ao seu redor. Há meses permanece assim, não-responsivo, desde o terrível acidente. Será capaz de pensar?
Em breve talvez possamos nos comunicar com essas mentes enclausuradas, aprisionadas num corpo que não mais reage ao controle mental. Imagens divulgadas no fim de 2006 por pesquisadores da Universidade de Cambridge mostravam o cérebro de uma mulher em estado vegetativo, indicando que ela estava vigilante e, para surpresa geral, consciente. Mais recentemente, a mesma equipe desenvolveu um método para fazer perguntas que podiam ser respondidas com sim ou não a pacientes que pareciam ter poucas chances de recuperação. “Podemos detectar se o indivíduo está consciente, e nos comunicar com ele, sem que tenha de dizer alguma coisa ou mover qualquer parte do corpo”, diz o médico Adrian Owen, coordenador da pesquisa.
Segundo Owen, até hoje os médicos investiram pouco nesses pacientes, na crença de que nada podia ser feito além dos cuidados paliativos que os mantêm alimentados, limpos e confortáveis até a hora da morte. Vez por outra, porém, um deles desperta inesperadamente, sem que se conheçam os fatores que contribuíram para a recuperação. Sempre foi muito difícil e impreciso estimar as chances da pessoa com transtorno de consciência (em coma ou estado vegetativo) voltar à vida normal.
NEURORREABILITAÇÃO
Novas esperanças começaram a surgir a partir dos anos 70, quando vários centros de reabilitação foram criados nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. A medicina passou a estudar cada lesão cerebral individualmente, a elaborar regimes terapêuticos específicos com base em medicamentos e fisioterapia personalizados. O progresso foi sensível, ainda que ninguém sonhasse com as técnicas de imageamento cerebral, que apareceram na década de 80. Mas foi com o advento da ressonância magnética funcional (fRMI), nos anos 90, que se tornou possível estudar a atividade de cérebros vivos.
“A técnica de diagnóstico por fRMI permitiu examinar pela primeira vez as engrenagens cognitivas de portadores de transtornos da consciência”, diz o neurocientista Joy Hirsch, da Universidade Colúmbia. Em 1992, cientistas descobriram que esse tipo de varredura podia mapear alterações no fluxo sangüíneo de diferentes áreas do cérebro, sinalizando quais estavam funcionando durante qualquer pensamento ou estimulação sensorial. Nos anos seguintes foi possível diferenciar entre padrões de resposta passiva a estímulos e de pensamento deliberado, o que é crucial para o exame do cérebro do indivíduo cujo estado de consciência é desconhecido. De lá para cá a técnica de fRMI foi aperfeiçoada a ponto de os cientistas darem comandos aos pacientes e analisar suas reações minuto a minuto. Com isso, muitos consideram que estamos na iminência de nos comunicar com essas pessoas.
Obviamente nem todos os pacientes em estado vegetativo conseguem se recuperar; em alguns deles simplesmente não restou estrutura cerebral suficiente. "Temos vários casos com claras chances de recuperação, mas infelizmente não são todos”, diz Owen. Esse foi o caso da americana Terri Schiavo, que permaneceu anos em estado vegetativo e virou notícia quando seus pais contestaram a decisão do marido de interromper a alimentação e deixá-la morrer. O imageamento cerebral já havia mostrado que parte considerável de seu cérebro estava atrofiada; os médicos foram unânimes em afirmar que o caso dela era irreversível.
Contudo, o prognóstico dos pacientes com transtorno de consciência nem sempre é definitivo e inalterável. O cérebro é um órgão frágil, mas pode reagir de forma inesperada. Em alguns casos, as vítimas estão conscientes do seu entorno, mas são incapazes de reagir. Outras, ainda, inconscientes e desacordadas. O desafio da medicina de reabilitação é identificar todas essas possibilidades.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Os transtornos da consciência são divididos em três categorias: coma, em que o paciente não está vigilante nem responsivo; vegetativo, em que está vigilante, mas não-responsivo; e minimamente consciente, em que o indivíduo está vigilante, reage a estímulos, mas tem capacidade limitada de realizar ações intencionais. Em geral, os médicos fazem essas classificação pela observação visual do paciente no leito. “Costumamos pedir à pessoa que nos diga se está consciente. Realmente, é um método muito impreciso”, afirma Owen.
No estudo coordenado por Owen, publicado em setembro de 2006 na Science, os médicos pediram a uma paciente em estado vegetativo que se imaginasse fazendo diversas tarefas, como jogar tênis e caminhar pelos cômodos de sua casa. Enquanto isso seu cérebro era analisado por meio da fRMI. Os resultados mostraram imagens comparáveis às de pessoas saudáveis: ela compreendia os comandos e decidia se obedecia ou não.
A varredura por fMRI gera uma enorme quantidade de dados cuja análise leva tempo. Um experimento de poucos minutos pode demandar vários dias de trabalho de interpretação. “O momento heureca não aconteceu com a moça deitada dentro do aparelho. Só duas semanas depois percebemos que ela realmente esteve jogando tênis em pensamento”, explica o médico. Além disso, a análise de dados revelou que ela já estava se recuperando, ainda que os primeiros sinais físicos externos só fosse aparecer mais tarde. Essa detecção precoce, segundo os pesquisadores, poderá dar origem a novos tratamentos − medicamentos, cirurgia ou fisioterapia − muito mais eficazes.
Atualmente, a equipe de Owen trabalha num protocolo para "conversar" com a mente de pacientes em estado vegetativo, empregando os mesmos princípios básicos do seu experimento inicial. "Se o paciente imaginar que joga tênis, isto significará `sim`. Se imaginar que caminha pelos cômodos de sua casa, significará `não`", explica o médico. Praticando com indivíduos saudáveis, os médicos aprenderam a distinguir esses dois tipos de resposta em menos de um minuto. Se tiverem sucesso, serão os primeiros a “conversar” com uma mente enclausurada.
É claro que ainda levará tempo para que essa tecnologia esteja disponível em hospitais. Por ora, a fMRI para diagnosticar pacientes com transtorno de consciência, e para se comunicar com eles, é usada em poucos laboratórios de pesquisa, em parte porque o custo do equipamento é muito alto, da ordem de alguns milhões de dólares. Mas com os resultados positivos já obtidos, é provável que nos próximos anos a medicina consiga libertar muitas pessoas condenadas ao leito do hospital.
Caso o leitor queira ler mais acerca do filme Fale com Elas, de Pedro Almodovar, segue o link para uma monografia escrita por Beatriz Schiffer Durães, na qual ela faz uma análise junguiana do filme a partir de uma relação entre psicologia e mitologia.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/mentes_aprisionadas.html
Em Fale com ela (2002), de Pedro Almodóvar, duas mulheres entram em estado vegetativo depois de acidente. As personagens têm destino diferentes: a bailarina Alicia (à esquerda) se recupera e a toureira Lydia, não
O paciente abre os olhos, sem expressão alguma. Ele está vigilante, mas não têm consciência do que acontece ao seu redor. Há meses permanece assim, não-responsivo, desde o terrível acidente. Será capaz de pensar?
Em breve talvez possamos nos comunicar com essas mentes enclausuradas, aprisionadas num corpo que não mais reage ao controle mental. Imagens divulgadas no fim de 2006 por pesquisadores da Universidade de Cambridge mostravam o cérebro de uma mulher em estado vegetativo, indicando que ela estava vigilante e, para surpresa geral, consciente. Mais recentemente, a mesma equipe desenvolveu um método para fazer perguntas que podiam ser respondidas com sim ou não a pacientes que pareciam ter poucas chances de recuperação. “Podemos detectar se o indivíduo está consciente, e nos comunicar com ele, sem que tenha de dizer alguma coisa ou mover qualquer parte do corpo”, diz o médico Adrian Owen, coordenador da pesquisa.
Segundo Owen, até hoje os médicos investiram pouco nesses pacientes, na crença de que nada podia ser feito além dos cuidados paliativos que os mantêm alimentados, limpos e confortáveis até a hora da morte. Vez por outra, porém, um deles desperta inesperadamente, sem que se conheçam os fatores que contribuíram para a recuperação. Sempre foi muito difícil e impreciso estimar as chances da pessoa com transtorno de consciência (em coma ou estado vegetativo) voltar à vida normal.
NEURORREABILITAÇÃO
Novas esperanças começaram a surgir a partir dos anos 70, quando vários centros de reabilitação foram criados nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. A medicina passou a estudar cada lesão cerebral individualmente, a elaborar regimes terapêuticos específicos com base em medicamentos e fisioterapia personalizados. O progresso foi sensível, ainda que ninguém sonhasse com as técnicas de imageamento cerebral, que apareceram na década de 80. Mas foi com o advento da ressonância magnética funcional (fRMI), nos anos 90, que se tornou possível estudar a atividade de cérebros vivos.
“A técnica de diagnóstico por fRMI permitiu examinar pela primeira vez as engrenagens cognitivas de portadores de transtornos da consciência”, diz o neurocientista Joy Hirsch, da Universidade Colúmbia. Em 1992, cientistas descobriram que esse tipo de varredura podia mapear alterações no fluxo sangüíneo de diferentes áreas do cérebro, sinalizando quais estavam funcionando durante qualquer pensamento ou estimulação sensorial. Nos anos seguintes foi possível diferenciar entre padrões de resposta passiva a estímulos e de pensamento deliberado, o que é crucial para o exame do cérebro do indivíduo cujo estado de consciência é desconhecido. De lá para cá a técnica de fRMI foi aperfeiçoada a ponto de os cientistas darem comandos aos pacientes e analisar suas reações minuto a minuto. Com isso, muitos consideram que estamos na iminência de nos comunicar com essas pessoas.
Obviamente nem todos os pacientes em estado vegetativo conseguem se recuperar; em alguns deles simplesmente não restou estrutura cerebral suficiente. "Temos vários casos com claras chances de recuperação, mas infelizmente não são todos”, diz Owen. Esse foi o caso da americana Terri Schiavo, que permaneceu anos em estado vegetativo e virou notícia quando seus pais contestaram a decisão do marido de interromper a alimentação e deixá-la morrer. O imageamento cerebral já havia mostrado que parte considerável de seu cérebro estava atrofiada; os médicos foram unânimes em afirmar que o caso dela era irreversível.
Contudo, o prognóstico dos pacientes com transtorno de consciência nem sempre é definitivo e inalterável. O cérebro é um órgão frágil, mas pode reagir de forma inesperada. Em alguns casos, as vítimas estão conscientes do seu entorno, mas são incapazes de reagir. Outras, ainda, inconscientes e desacordadas. O desafio da medicina de reabilitação é identificar todas essas possibilidades.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Os transtornos da consciência são divididos em três categorias: coma, em que o paciente não está vigilante nem responsivo; vegetativo, em que está vigilante, mas não-responsivo; e minimamente consciente, em que o indivíduo está vigilante, reage a estímulos, mas tem capacidade limitada de realizar ações intencionais. Em geral, os médicos fazem essas classificação pela observação visual do paciente no leito. “Costumamos pedir à pessoa que nos diga se está consciente. Realmente, é um método muito impreciso”, afirma Owen.
No estudo coordenado por Owen, publicado em setembro de 2006 na Science, os médicos pediram a uma paciente em estado vegetativo que se imaginasse fazendo diversas tarefas, como jogar tênis e caminhar pelos cômodos de sua casa. Enquanto isso seu cérebro era analisado por meio da fRMI. Os resultados mostraram imagens comparáveis às de pessoas saudáveis: ela compreendia os comandos e decidia se obedecia ou não.
A varredura por fMRI gera uma enorme quantidade de dados cuja análise leva tempo. Um experimento de poucos minutos pode demandar vários dias de trabalho de interpretação. “O momento heureca não aconteceu com a moça deitada dentro do aparelho. Só duas semanas depois percebemos que ela realmente esteve jogando tênis em pensamento”, explica o médico. Além disso, a análise de dados revelou que ela já estava se recuperando, ainda que os primeiros sinais físicos externos só fosse aparecer mais tarde. Essa detecção precoce, segundo os pesquisadores, poderá dar origem a novos tratamentos − medicamentos, cirurgia ou fisioterapia − muito mais eficazes.
Atualmente, a equipe de Owen trabalha num protocolo para "conversar" com a mente de pacientes em estado vegetativo, empregando os mesmos princípios básicos do seu experimento inicial. "Se o paciente imaginar que joga tênis, isto significará `sim`. Se imaginar que caminha pelos cômodos de sua casa, significará `não`", explica o médico. Praticando com indivíduos saudáveis, os médicos aprenderam a distinguir esses dois tipos de resposta em menos de um minuto. Se tiverem sucesso, serão os primeiros a “conversar” com uma mente enclausurada.
É claro que ainda levará tempo para que essa tecnologia esteja disponível em hospitais. Por ora, a fMRI para diagnosticar pacientes com transtorno de consciência, e para se comunicar com eles, é usada em poucos laboratórios de pesquisa, em parte porque o custo do equipamento é muito alto, da ordem de alguns milhões de dólares. Mas com os resultados positivos já obtidos, é provável que nos próximos anos a medicina consiga libertar muitas pessoas condenadas ao leito do hospital.
Caso o leitor queira ler mais acerca do filme Fale com Elas, de Pedro Almodovar, segue o link para uma monografia escrita por Beatriz Schiffer Durães, na qual ela faz uma análise junguiana do filme a partir de uma relação entre psicologia e mitologia.
Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/mentes_aprisionadas.html
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